McDonald's: as mulheres, algumas já ex-funcionárias, pedem à EEOC que o McDonald's faça cumprir as regras de seu manual de operações (Mike Blake/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2016 às 19h53.
Chicago - Um grupo de funcionárias da rede de fast-food McDonald's entrou com um processo em nível federal nos Estados Unidos por serem vítimas de assédio sexual cometido por alguns supervisores.
De acordo com um documento que contém 15 queixas apresentadas à Comissão de Igualdade de Oportunidade no Trabalho (EEOC), cozinheiras e caixas alegam que alguns supervisores as tocaram, fizeram comentários grosseiros e até mesmo ofereceram dinheiro em troca de sexo.
"Como o segundo maior empregador do país, o McDonald's tem a responsabilidade de manter padrões na indústria de fast-food como na economia por igual", disse Kendall Fells, diretor do movimento "Fight for $15" ('Lute por US$ 15'), que desenvolve uma campanha em nível nacional a favor de um aumento do salário mínimo.
As mulheres, algumas já ex-funcionárias, pedem à EEOC que o McDonald's faça cumprir as regras de seu manual de operações, que determina "tolerância zero" para casos de assédio sexual em seus estabelecimentos.
No processo apresentado ao órgão federal, as mulheres alegam que após alertarem os empregadores sobre o assédio do qual eram vítimas, ou não foram ouvidas ou, em alguns casos, receberam represálias.
Kristi Maisenbach, ex-funcionária de um estabelecimento em Folsom, na Califórnia, afirmou que seu supervisor "agarrou seus seios em várias ocasiões e intencionalmente encostou em suas nádegas", além de oferecer em mensagem de texto US$ 1 mil em troca de sexo oral.
O supervisor se tornou hostil quando Maisenbach se queixou com o gerente geral e suas horas foram reduzidas, situação que a levou a abandonar o trabalho, segundo afirmou.
"A lição era clara: você se queixa e enfrenta a punição", disse Maisenbach em declarações contidas em um comunicado do movimento.
Cycei Monae, funcionária de um estabelecimento em Flint, em Michigan, também afirmou que seu supervisor a assediava verbalmente e fisicamente diariamente, o que incluía tocar em partes de seu corpo.
Quando apresentou uma queixa contra seu gerente de turno por ser vítima de assédio e até mesmo receber "uma foto de seus genitais", Cycei relatou que "o McDonald's não deu resposta alguma".
Uma pesquisa nacional feita pela Hart Research Associates divulgou que 42% das mulheres que trabalham na indústria de fast-food são vítimas de assédio sexual e se encontram forçadas a aceitar o assédio por medo de perder o trabalho.
A pesquisa revela que uma a cada cinco mulheres afirmou que após se queixar, o empregador tomou alguma atitide negativa, como cortar suas horas de trabalho, trocá-la para um horário menos desejável, atribuir tarefas extras ou negar um aumento.
Terri Hickey, porta-voz do McDonald's em Oak Brook, em Illinois, disse à Agência Efe que a empresa está analisando todas as alegações e destacou que "não há lugar para o assédio sexual e nem para a discriminação de qualquer tipo".
"No McDonald's, nós e nossos donos e operadores independentes compartilhamos um compromisso de tratamento respeitoso de todos", disse Hickey.