Ana Isabel Carvalho Pinto, do Shop2gether: Se os grupos estão cada vez se fechando mais, eu começo a trazer marcas internacionais e a vender para fora (Grupo Icomm/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 10 de julho de 2024 às 09h00.
Última atualização em 10 de julho de 2024 às 11h39.
Não é de hoje que se fala sobre o interesse dos homens em moda, uma tendência que avança a cada ano. De acordo com a Statista, o mercado de moda masculina saltou globalmente de 31,7% em 2018 para 42,5% em 2023.
Essa é uma mudança que pode ser percebida também nos números do Shop2gether, plataforma de curadoria de moda de luxo em que as roupas masculinas já representam 44% das compras. Até por isso, o catálogo está sendo reforçado com investimentos de R$ 40 milhões para a aquisição de produtos e estratégias de marketing.
As novas opções chegam com marcas internacionais como:
Os investimentos procuram acompanhar uma outra tendência no mercado nacional: o interesse por marcas de fora.
"Nós percebemos um histórico em que as marcas internacionais ganham cada vez mais relevância para o público nacional. Estamos falando de Hugo Boss, de Tommy Hilfiger e de marcas até então não consumidas pelo grande público. Nos últimos 12, 18 meses, essas marcas despontaram e estão ganhando o espaço de muitas marcas nacionais", afirma Ana Isabel Carvalho Pinto, co-fundadora e CMO do Shop2gether.
O negócio foi criado em 2012 para apresentar lançamentos e produtos exclusivos de marcas nacionais, como Ricardo Almeida, Cris Barros e Água de Coco, e ainda de estilistas fora dos holofotes. Desde 2017, faz parte do Icomm, grupo criado após a fusão entre o Shop2gether e OQvestir, cujo faturamento ficou em R$ 350 milhões em 2023, alta de 15% em relação ao ano anterior.
Por cerca de 12 anos, o estoque do Shop2gether ficou dedicado às novidades costuradas por estilistas e designers brasileiros. Desde o começo do ano, as marcas internacionais passaram a integrar as araras nos galpões da empresa.
As femininas Coperni, Magda Butrym, Si Rossi, Alexandre Vauthier, Proenza Schouler, Rosantica, Ganni, Staud, Mercer e Olympia Le Tan foram as primeiras.A nova estratégia está em linha com as mudanças no mercado, com o comércio transfronteiriço em alta. "As pessoas têm acesso a tudo que é vendido no mundo inteiro. A nossa competição deixou de ser local e passou a ser global", diz.
Para competir neste cenário, além de reforçar o repertório, a empresa se apega à curadoria na escolha das peças e também em atributos de comodidade e facilidade no momento da compra. É a experiência, a partir da curadoria, e não o preço, que mexe com o dia a dia da empresa.
"Nós entendemos que comprar digitalmente é uma coisa que pode gerar arrependimento. Por exemplo, por lei, o cliente tem 7 dias para devolver as peças. Aqui, aplicamos 30 dias", afirma. De acordo com a executiva, o índice de satisfação - o NPS, no jargão do mercado -, está na casa de 86. Outra forma com a qual a empresa procura se diferenciar é a partir da logística.
Na pandemia, o Shop2gether criou a Icommlog, para entregas em até seis horas em São Paulo após a compra. Nas demais capitais, os produtos saídos do centro de distribuição em Extrema, município no interior de Minas Gerais, chegam em até um dia.
A entrada de produtos de marcas internacionais se soma a outros movimentos do grupo Icomm. Nos últimos anos, a companhia criou as marcas próprias 2Essential (Shop2gether) e Market 33 e Basiq (OqVestir), que juntas respondem por 15% da receita.
“A ideia é oferecer um produto com qualidade igual ou superior ao das marcas que já estão disponíveis no mercado, porém com um preço um pouco melhor”, afirma Ana Isabel. Atualmente, o tíquete médio da operação é de R$ 600,00.
É com essas marcas criadas dentro de casa que o Shop2gether - e o Grupo Icomm em si - pretende fazer um movimento de ir para fora. O plano está em estudos pela empresária e os seus sócios e deve sair do papel a partir de 2025. Até agora, a empresa fez uma única experiência internacional, em José Ignacio, o conhecido balneário no Uruguai, a cerca de 30 km de Punta del Este.
“A ideia é levar a marca para fora. Para lá, levamos o cashmere, que surpreendeu em vendas. Já estamos colocando o pezinho na internacionalização. Se os grupos estão cada vez se fechando mais, eu começo a trazer marcas internacionais, a vender para fora. É assim que olhamos o nosso crescimento nos próximos anos”, diz a executiva. Para este ano, o grupo projeta um crescimento de 20%, alcançando R$ 420 milhões em receita.