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Fracasso da OGX abre espaço para a Queiroz Galvão

A sétima maior produtora do país foi elevada da posição de coadjuvante a protagonista


	Plataforma da Queiroz Galvão: ainda assim, a crise respinga em todo o setor, contaminando inclusive as ações da companhia, subavaliadas em cerca de 30%
 (Divulgação)

Plataforma da Queiroz Galvão: ainda assim, a crise respinga em todo o setor, contaminando inclusive as ações da companhia, subavaliadas em cerca de 30% (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2013 às 09h06.

Rio - Com sua receita praticamente concentrada em um grande campo produtor de gás, Manati, no litoral da Bahia, a Queiroz Galvão Petróleo e Gás, que abriu capital em bolsa em 2011, é hoje a sétima maior produtora do País.

A partir de 2015, espera colocar em produção outros dois campos. A má fase da OGX e da HRT, companhias que há dois anos eram a principais apostas do setor, elevaram a QGEP da posição de coadjuvante a protagonista.

Mas o turbilhão provocado pela OGX arrastou também para a empresa a desconfiança do investidor, especialmente o estrangeiro. Em novembro de 2012, a petroleira de Eike Batista comprou, por US$ 270 milhões, a participação da Petrobras (40%) no bloco BS-4, operado pela QGEP (30%) na Bacia de Santos. A Barra Energia completa o consórcio, com 30%.

Lincoln Guardado, presidente da Queiroz Galvão E&P, admite que a crise respinga em todo o setor, contaminando as avaliações. Guardado acredita que, hoje, as ações da companhia estejam subavaliadas em cerca de 30%, embora garanta que a curva dos papéis da empresa já descolou do movimento das petroleiras em crise.

“"Não temos o mesmo tipo de oscilação, de volatilidade, mas não deixamos de ser contaminados um pouco por isso, o que tem requerido de nós, sem fazer juízo de valor dos outros, esforço maior em demonstrar nossa capacidade de entregar, nossa forma de pensar no médio e longo prazos”", diz o executivo.

Ele diz não crer que os investidores avaliem todas as empresas do setor no País da mesma forma. “Acho que não, senão haveria mais oscilação.”

 


Guardado frisa que a OGX não está inadimplente com os investimentos previstos para o bloco e diz não considerar a compra da parte da petroleira de Eike, apesar da situação confortável de seu caixa, que hoje é de R$ 950 milhões.

Dependente de uma única fonte de receita, a QGEP busca agora diversificação e o aumento de sua participação no BS-4 seguiria o caminho inverso, de concentração. O executivo diz ainda, que a OGX não expressou aos sócios a intenção de vender a participação.

Na semana passada, a companhia divulgou ao mercado lucro líquido de R$ 75,2 milhões no terceiro trimestre, alta de 21,4% na comparação com o mesmo período de 2012. “

Somos ainda uma companhia emergente, para se tornar uma grande independente”, diz Guardado, destacando ativos de “grande peso”, como os blocos de Atlanta e Carcará, na Bacia de Santos. No primeiro, a OGX figura como parceira; no segundo, operado pela Petrobrás, a QGEP tem 10%.

“Conseguimos provar que essa companhia tem uma forma de atuação diferente. Procura estar preparada, dá um passo de cada vez, e dentro das suas possibilidades. Temos previsão de crescimento contínuo, controlado, balanceado, com disciplina de capital”, diz Guardado.

Efeito cascata. O contágio por fatores externos à companhia não se deu apenas devido à derrocada da OGX. Algumas medidas governamentais no setor de energia, como o processo de renovação das concessionárias de eletricidade e a política de preços dos combustíveis, também pesaram na avaliação dos investidores. Guardado explica que tiveram de ser intensificadas as conversas com o mercado sobre a posição da empresa.


Na época da oferta inicial de ações em bolsa, na abertura de capital, 80% dos investidores institucionais da QGEP eram estrangeiros. Hoje, caminha para a situação inversa, com uma base de investidores nacionais em torno de 45%.

Guardado se esforça em não fazer comparações, o que fica difícil diante da parceria com a OGX depois das aquisições da petroleira de Eike. “Evitamos fazer comparações. São penosas para nós. Torcemos para que isso venha a ter um final adequado, dentro das circunstâncias que cercam o processo, que não são fáceis. Agora, longe da gente repetir qualquer coisa dessa natureza.

Vem do DNA do grupo. Não fomos tão arrojados como algumas de nossas congêneres. Não estou dizendo que foram melhores ou piores do que a gente, mas é diferente. Nossa atuação foi muito mais cautelosa e com uma certa visão”, comentou.

A despeito da conturbada situação atual do mercado, a Queiroz Galvão pretende ingressar no mercado de dívida, provavelmente em 2015, com emissão de bonds ou buscando outras formas de financiamento.

A ideia é seguir a premissa do mercado de óleo e gás de utilizar capital de terceiros na fase de desenvolvimento da produção, quando o risco maior da operação já passou, com a fase exploratória. A empresa também pretende fazer novas aquisições, como as que foram feitas recentemente, com dois ativos da Shell.

“Sem dúvida, qualquer coisa que vier de forma oportunística, de companhias que muitas vezes querem sair do Brasil, ou de desinvestimentos da Petrobrás aqui e ali, o que a gente julgue importante e que caiba no caixa que dispomos ao longo dos próximos quatro ou cinco anos, a gente vai olhar.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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