Dilma Rousseff indicou que os iPads produzidos pela Foxconn seriam uma maneira relativamente barata de promover o acesso à Internet (Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2011 às 12h20.
Taipé - O Foxconn Technology Group, que produz o iPhone e o iPad para a Apple, afirmou que está buscando oportunidades de investimento no Brasil, seguindo sua estratégia de "ir aonde o mercado está".
A Foxconn anunciou a decisão nesta quarta-feira, em comunicado de sua unidade Hon Hai Precision Industry, sediada em Taiwan, um dia depois que a presidente Dilma Rousseff disse que a companhia estava estudando investir 12 bilhões de dólares no Brasil.
O comunicado não trouxe detalhes específicos sobre investimentos e informou apenas que o Brasil tem "tremendo potencial de desenvolvimento econômico" e está "estrategicamente posicionado para atender às necessidades dos mercados em crescimento de toda América Latina".
Empresas de tecnologia estão ávidas por vender aos consumidores brasileiros, mas seus aparelhos muitas vezes apresentam preços caros demais para o mercado do país devido a altos custos com tarifas de importação. O mais barato dos iPads, por exemplo, tem preço de cerca de 860 dólares no Brasil, ante 400 dólares nos Estados Unidos.
"Se a sua cliente Apple tem o Brasil entre seus alvos, é necessário que a Foxconn forneça serviços localmente. Isso permitiria escapar aos custos tarifários e servir a um mercado de consumo muito promissor", disse Simon Yang, vice-presidente do Topology Research Institute, um grupo taiuanês de pesquisa de mercado.
Dilma indicou que os tablets seriam uma maneira relativamente barata de promover o acesso à Internet na classe média brasileira emergente, que responde por cerca de metade dos 190 milhões de habitantes do país.
O Brasil tem um dos regimes tarifários mais rigorosos da América do Sul e é um dos lugares mais caros do mundo para fazer negócios, devido à pesada carga tributária, à moeda supervalorizada e encargos trabalhistas. Apesar disso, a Foxconn monta celulares no Brasil desde 2005, entre outros produtos.
"Os maiores benefícios para a empresa seriam escapar dos pesados custos tarifários de importação e o acesso mais próximo aos mercados dos Estados Unidos e América Latina", disse Maggie Chou, diretora do Brazil Fund da PCA, uma subsidiária da seguradora britânica Prudential, em Taiwan.
Investir no Brasil não deve implicar o abandono da China, onde a Foxconn é o maior empregador do setor privado.
"Seria prematuro dizer que a Foxconn está transferindo sua produção da China ao Brasil", disse Chou. "A empresa precisa se estender geograficamente, apesar de todos os seus principais fornecedores de componentes ficam na Ásia, no Japão, Taiwan e Coreia do Sul."