Silvio Santos: patrimônio do apresentador é de R$ 6,4 bilhões (Thiago Bernardes/Contigo/Reprodução)
Repórter de Negócios
Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 14h48.
Última atualização em 13 de janeiro de 2025 às 16h45.
O verdadeiro valor da fortuna de Silvio Santos, fundador do SBT e um dos empresários mais icônicos do Brasil, foi revelado em um processo judicial movido pela família contra o estado de São Paulo. O apresentador morreu em agosto do ano passado, aos 93 anos.
O patrimônio total do apresentador chega a R$ 6,4 bilhões, conforme documentos anexados ao processo judicial movido pela família contra o estado de São Paulo. O montante surpreendeu, já que estimativas anteriores apontavam para R$ 1,6 bilhão, de acordo com a lista de bilionários da Forbes.
A disputa judicial gira em torno do pagamento do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), que o governo paulista exige sobre um valor de R$ 429,9 milhões bloqueado em uma conta no paraíso fiscal das Bahamas. A viúva Íris Abravanel e as filhas — Patrícia, Rebeca, Cíntia, Silvia, Daniela e Renata — argumentam que a quantia, mantida fora do Brasil, está isenta da tributação nacional.
Um dos apresentadores mais icônicos da televisão brasileira, Silvio Santos sempre teve tino comercial.
Filho de imigrantes judeus, Silvio nasceu em 12 de dezembro de 1930, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Começou a trabalhar com 14 anos como camelô nas ruas do Rio, mas logo estreou no rádio e descobriu seu talento como comunicador.
Mas foi no rádio que descobriu o talento comunicativo. Com seu jeito carismático e uma voz que chamava a atenção nas ruas, Silvio foi convidado para fazer teste na Rádio Guanabara, onde venceu um concurso em primeiro lugar. Com 20 anos, se mudou para São Paulo, onde começou a apresentar espetáculos e sorteios em caravanas de artistas.
Conseguiu uma nova vaga como locutor da Rádio Nacional de São Paulo e a partir daí fez sucesso. Virando apresentador da Globo e, depois, criando sua própria emissora, o SBT.
O Grupo Silvio Santos, que reúne as empresas do apresentador, chegou a controlar mais de 30 negócios de mídia, mercado imobiliário, mercado financeiro e produtos de beleza.
O império de Silvio começou a se formar em 1958, quando o apresentador assumiu as rédeas do Baú da Felicidade, empresa criada um ano antes por um comerciante e um colega do empresário na Rádio Nacional, onde era locutor.
O sucesso se deu porque Silvio vendia carnês durante shows em praças públicas que seguiam um roteiro parecido com o de seus programas de televisão, com música, humor e comerciais. A estreia na televisão se deu na década de 1960, quando ele começou a comprar horários para seus primeiros programas, em que vendia os carnês do Baú da Felicidade e outros produtos.
Aos poucos, o Baú da Felicidade se tornou um dos negócios mais icônicos de Silvio Santos.
Em 2011, o Magazine Luiza comprou 121 lojas do Baú da Felicidade em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, numa operação de R$ 83 milhões.
O negócio mais conhecido de Silvio Santos viria no início dos anos 1980, quando ele criou o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT. Nas décadas seguintes, o apresentador se empenhou em dar projeção ao canal, criando programas clássicos que estão até hoje no imaginário das pessoas, como o Hebe, Domingo Legal, Bom Dia e Companhia, Eliana, Roda a Roda e, o mais clássico, o Programa Silvio Santos, apresentado hoje por sua filha Patrícia Abravanel.
O canal conta hoje com 114 emissoras afiliadas e disputa a segunda posição de audiência geral com a Record. Durante os anos 1990 e 2000, porém, chegou a disputar a primeira posição com a Globo inúmeras vezes, principalmente com seus programas populares.
Hoje, o canal é controlado pela filha de Silvio, Daniela Beyruti.
Com o Baú da Felicidade, Silvio Santos também conseguiu criar um dos títulos de capitalização mais conhecidos do Brasil, a Tele Sena, famosa por suas premiações e sorteios, que se tornaram extremamente populares no Brasil. Já a Liderança Capitalização é a empresa do grupo responsável pela emissão da Tele Sena, gerando uma importante fonte de receita para o grupo.
De olho no mercado de cosméticos, Silvio Santos fundou a Jequiti em outubro 2006. Com preços populares, a empresa entrou na disputa com linhas de produtos para banho, rosto, corpo, cabelos e maquiagem, focando na venda direta, o "porta a porta", até então disputado por Natura e Avon.
Atualmente, a Jequiti é uma das maiores empresas do segmento no país e está em todo o território brasileiro, com 260 mil consultoras em seu portfólio. Seu maior volume de vendas está concentrado em produtos de perfumaria.
Recentemente, conforme mostrou a EXAME, negociações entre o Grupo Silvio Santos e a farmacêutica Cimed para a venda da Jequiti mostraram que a rede vale R$ 450 milhões. Após alguns meses, a negociação foi encerrada sem acordo.
Silvio Santos era o proprietário do Banco PanAmericano, um banco focado em crédito consignado e outros serviços financeiros. Em 2011, depois de enfrentar problemas financeiros, o banco foi vendido para o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e para a Caixa Econômica Federal, por R$ 450 milhões. Em 2013, passou a se chamar Banco Pan, hoje 100% controlado pelo BTG.
Silvio Santos também era dono de um resort de luxo localizado no Guarujá, São Paulo, parte do complexo Jequitimar, incluindo também a operação de um shopping center. O hotel foi construído pela Sisan, empresa de construção e incorporação imobiliária do Grupo Silvio Santos.
Empresa holding de Silvio Santos, que gerencia diversas participações e investimentos em diferentes áreas.