A interrupção do alto-forno é um dos motivos levaram a CSN a revisar sua proposta pelo ativo para um valor menor que o inicialmente cogitado, segundo fonte (Alexandre SantAnna/Veja Rio)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Rio de Janeiro - A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) interrompeu há pelo menos um mês o funcionamento de um alto-forno por problemas operacionais, disse uma fonte à Reuters, no que pode representar mais um entrave ao processo de venda de parte da usina controlada pela alemã Thyssenkrupp.
A interrupção do alto-forno é um dos motivos que levaram a CSN, candidata a comprar o ativo, a revisar sua avaliação da usina para um valor menor do que o inicialmente cogitado, afirmou à Reuters a fonte com conhecimento direto assunto e que pediu para não ser identificada.
"A CSA informa que um dos seus dois altos-fornos está atualmente enfrentando problemas operacionais causados por instabilidades de processo", confirmou a assessoria de imprensa da siderúrgica, sem informar quando a operação do alto-forno foi interrompida.
A CSA não estaria produzindo nem a metade de sua capacidade de 5 milhões de toneladas anuais, acrescentou a fonte.
A produtora alemã de aço Thyssenkrupp, controladora da CSA, tenta há cerca de um ano vender a deficitária usina localizada no Rio de Janeiro e uma laminadora no Alabama, nos Estados Unidos, que também faz parte do pacote de venda.
Diante das dificuldades de venda, a Thyssen poderá vender para a CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, uma fatia de cerca de um terço do capital dos ativos, disse a fonte.
A empresa de Steinbruch, entretanto, ainda não apresentou uma oferta vinculante, aguardada há meses pelo grupo alemão e pelo mercado. A demora ocorre, entre outros motivos, devido a reavaliação do preço do ativo pela CSN.
Na avaliação da CSN, segundo a fonte, a usina precisa de um investimento mínimo de 500 milhões de dólares para operar "com segurança operacional e conseguir manter operação de acordo com sua capacidade".
Seriam necessários investimentos não apenas no alto-forno interrompido, mas também na coqueria e acearia, disse a fonte. Além disso, serão necessários recursos para executar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) acertado com as autoridades locais como condição para liberar o funcionamento da usina.
O Ministério Público ajuizou contra a siderúrgica da Thyssen duas ações penais por emissões de resíduos poluentes a partir da produção do primeiro alto-forno em funcionamento, em agosto de 2010, e também por poluição causada após a operação do segundo alto-forno, em dezembro do mesmo ano.
VALE Para apresentar sua oferta vinculante ao negócio, a CSN aguarda também entendimento entre a Vale e a Thyssen sobre a participação societária das empresas na usina após a venda, disse a fonte.
A Vale possui atualmente 27 por cento da CSA e não se opõe à eventual entrada da CSN na sociedade, mas condiciona qualquer negócio --"seja para quem for"-- a garantias de que seus direitos como acionista serão preservados.
Entre seus direitos, a Vale exige o pagamento de uma indenização por investimentos adicionais que teve de realizar na CSA, ao lado da Thyssen, disse outra fonte à Reuters.
Em 2005, quando adquiriu uma participação na CSA, a Vale tinha apenas 10 por cento do capital da usina e uma opção para sair do negócio recebendo o valor investido. Em 2009, quando a Thyssen pediu para Vale aumentar a sua participação e colocar mais 1 bilhão de dólares no negócio, a mineradora exigiu um contrato de indenização em caso de necessidade de novos aportes na CSA.
As sócias tiveram que investir, além do previsto, mais 550 milhões de dólares na CSA, e a Vale cobra o valor desses investimentos. O pagamento poderá vir em forma de participação no negócio, disse uma das fontes.
Procurada, a assessoria da CSN não foi imediatamente encontrada para comentar o assunto. A Vale não comentou as informações.
Atualizada às 22h27