Forever 21: a empresa já anunciou que pretende chegar a sete lojas no Brasil até o início de 2015 (Julia Carvalho/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 19 de março de 2014 às 09h17.
São Paulo - Três dias após a inauguração da primeira loja no Brasil da varejista americana Forever 21, ainda há fila para conhecer o espaço. Centenas de pessoas esperavam até duas horas na tarde de terça-feira, 18, no shopping Morumbi, em São Paulo, para entrar na loja.
Para especialistas em varejo, os preços baixos oferecidos na abertura, compatíveis com os praticados no exterior, foram estratégia de chegada e devem ser reajustados no futuro.
A Forever 21 engrossou o movimento de abertura de lojas no Brasil por varejistas estrangeiras. Nos últimos dois anos, Gap e Top Shop chegaram ao País, mas trouxeram preços maiores. O brasileiro tem fascínio por importados e fez fila na abertura das lojas da Gap e da Sephora.
A novidade da chegada da Forever 21 foi trazer preços similares aos do exterior, disse o sócio-diretor da consultoria GS&BW, Luiz Alberto Marinho.
A loja da Forever 21 atraiu pessoas que já compraram na rede em outros países e até consumidores de outras cidades. Fiz um bate-volta só para isso, diz a assistente clínica Sandra Miranda, de 37 anos, que estava havia 1h15 na fila e veio do Guarujá.
A Forever 21 não abre seus dados financeiros, mas informou que vendeu o dobro do esperado no primeiro fim de semana de operação da loja. O movimento acima do previsto já fez os consumidores notarem que faltam produtos nas prateleiras.
Muitas peças já haviam acabado ou não tinham em determinado tamanho. A vendedora disse que chegam peças todos os dias, mas vai ser difícil atender a essa demanda, diz a nutricionista Bárbara Ruiz.
A empresa já anunciou que pretende chegar a sete lojas no Brasil até o início de 2015.
Preços
A estratégia de preços da varejista americana pode ser potencialmente negativa para as varejistas brasileiras no médio e longo prazo, segundo relatório do banco Itaú BBA.
Acreditamos que a Forever 21 está atingindo um nicho de mercado extremamente acessível e com alto conteúdo de moda, uma proposta de valor com grande apelo para o consumidor brasileiro, disse o relatório do banco, que compara preços de produtos da Forever 21 com os oferecidos nas varejistas de capital aberto (veja acima).
Especialistas em varejo procurados pelo jornal O Estado de S. Paulo entendem que a oferta de preços baixos foi uma estratégia de marketing para fazer barulho na estreia no Brasil, mas preveem reajustes.
Essa política de preços é uma estratégia de chegada, que será impossível manter, disse o consultor em varejo Julio Takano. Ela deve se manter no fast fashion, mas seus preços devem convergir para o mesmo patamar das varejistas que já atuam aqui, como Renner, Marisa e C&A, completou Marinho.
Em nota, a Forever 21 disse que oferecer preço justo é um compromisso da marca em todos os mercados onde chega e que corta custos para isso. Seus executivos, por exemplo, voam em classe econômica e a empresa não usa celebridades caras em campanhas.
Concorrência
O diretor geral da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Jose Luiz Cunha, diz que a chegada de redes estrangeiras é positiva para o segmento. Isso fortalece o mercado formal. Desleal é concorrer com a informalidade.
Ele não espera que a entrada da varejista force uma redução de preços pelas redes que já operam no País. Ela só tem uma loja e seu plano de expansão esbarrará nos mesmos problemas que enfrentam as redes que já estão aqui para abrir novas lojas, explica.
Cunha compara a situação com o início do Walmart no mercado brasileiro e todo o temor de que ele arrasaria as varejistas locais. Não foi o que aconteceu.
Cunha também prevê que a Forever 21 reajuste os preços e ofereça no Brasil valores maiores que no exterior. O produto é importado e só imposto de importação custa 35%. É matematicamente impossível oferecer o mesmo preço no Brasil. Colaborou Naiana Oscar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.