Ford: empresa anunciou que fechará suas três fábricas no país, em Taubaté, Brasil, em 12 de janeiro de 2021. (Carla Carniel/Reuters)
Gabriel Aguiar
Publicado em 3 de maio de 2021 às 12h07.
Última atualização em 3 de maio de 2021 às 13h13.
A Ford tomou decisões importantes nos últimos anos, como focar toda a produção em picapes e SUVs – que são mais lucrativos – e encerrar as fábricas no Brasil. E parece que o primeiro resultado das escolhas foi positivo: a empresa teve lucro líquido de 3,2 bilhões de dólares no primeiro trimestre deste ano. Nos últimos três meses de 2020, o prejuízo foi de 2 bilhões de dólares (o pior desde 2009).
Esse resultado positivo no balanço apresentado aos investidores veio mesmo com a redução nas vendas, que caíram 6% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o faturamento cresceu 5,5%, somando 36,2 bilhões de dólares. Isso porque, além da margem mais generosa dos modelos atuais, a Ford ganhou mais dinheiro com a divisão financeira, que lucrou 962 milhões de dólares até março.
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“Nossa equipe está executando incansavelmente o plano de transformar o negócio automotivo para que possamos criar e entregar a experiência de alto valor que nossos clientes Ford e Lincoln [marca de luxo do grupo nos Estados Unidos] merecem. Não há dúvida de que estamos nos tornando uma empresa mais forte e resiliente”, diz Jim Farley, presidente e diretor executivo global da Ford.
Só que, enquanto a empresa tem bons números no mercado norte-americano – que corresponde a 86% do lucro –, ainda patina na Europa e tem prejuízo na China (maior consumidor de veículos do mundo em 2020). Na América do Sul, por sua vez, teve a maior perda no primeiro trimestre: 73 milhões de dólares de prejuízo EBIT, que indica os ganhos antes de juros e tributos (lucro operacional).
Em comunicado, a Ford afirma que, mesmo com os resultados negativos na região do Brasil e dos países vizinhos, os números representam o sexto trimestre consecutivo de melhoras em relação aos resultados do mesmo período no ano anterior. Também houve redução de um terço dos custos estruturais após as reestruturações anunciadas para mercados sul-americanos no último mês de janeiro.
Para encerrar as linhas de montagem no Brasil – duas fábricas em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), além da Troller em Horizonte (CE) –, a empresa gastará 4,1 bilhões de dólares em indenizações dos funcionários, fornecedores e concessionários. E, como resultado, as vendas caíram 70% na América do Sul, com cerca de 18 mil unidades, e o faturamento foi de 400 milhões de dólares (40% menor).
Ainda assim, o principal risco para a Ford nos próximos meses é o mesmo que também assombra outros fabricantes de veículos: a falta de componentes eletrônicos que já paralisou a produção de modelos por aqui e rendeu declaração da Anfavea. De acordo com as previsões da empresa, a fabricação poderá cair pela metade, comprometendo o faturamento estimado para o segundo semestre.
Por outro lado, a companhia inaugurou nos EUA um novo centro de pesquisa e desenvolvimento para baterias de veículos híbridos e elétricos. Pensando na tendência de eletrificação, os norte-americanos também criaram um laboratório de testes no fim do ano passado e já prometem um novo laboratório semelhante, porém, dedicado ao desenvolvimento e à produção dos componentes automotivos.
Esses projetos são parte do plano de investir pelo menos 22 bilhões de dólares até 2025 para a fabricação de modelos livres de emissões de poluentes e com sistemas de conectividade. Nos últimos 16 anos, a Ford vendeu mais de 1 milhão de veículos eletrificados – o que contempla híbridos, elétricos e híbridos com carregamento na tomada – e tem 15 fábricas no mundo dedicadas à produção dessas opções.
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