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Ford inaugura fábrica para avançar no setor de populares

A unidade, primeira planta do gênero no Nordeste do país, consumiu R$ 400 milhões em investimentos e será focada na produção de motores 1.0 de três cilindros


	Ford: montadora inaugurou fábrica de motores no complexo da montadora instalado no Pólo Industrial de Camaçari, na região metropolitana de Salvador
 (David Paul Morris/Getty Images)

Ford: montadora inaugurou fábrica de motores no complexo da montadora instalado no Pólo Industrial de Camaçari, na região metropolitana de Salvador (David Paul Morris/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de abril de 2014 às 17h24.

Camaçari - Em meio à maior crise dos últimos anos no setor automobilístico brasileiro, a Ford, quarta maior montadora do país em vendas, inaugurou, na manhã desta quarta-feira, 9, uma fábrica de motores no complexo da montadora instalado no Pólo Industrial de Camaçari (BA), na região metropolitana de Salvador.

A unidade, primeira planta do gênero no Nordeste do país, consumiu R$ 400 milhões em investimentos e será focada na produção de motores 1.0 de três cilindros, inicialmente dirigida apenas ao novo Ka, que também será fabricado no complexo e tem lançamento previsto para o segundo semestre.

O segmento a que se destina, porém, é o que sofreu as maiores reduções de vendas no mercado nos últimos meses, como afirma o vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ford América do Sul, Rogélio Golfarb.

"Quando você olha as planilhas, vê que (as vendas de) os 1.0 caíram 10%, enquanto os outros reduziram 1%", exemplifica, em um cenário em que as vendas em geral do setor caíram 2% no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado.

Para ele, as maiores restrições no crédito, o endividamento crescente das famílias de classe média, a desaceleração do crescimento econômico brasileiro e a consequente falta de confiança do consumidor formam o conjunto de fatores que leva à retração do mercado - e impacta especialmente as faixas de compradores de carros mais populares.

"O que foi perdido está perdido, não acredito que possa ser recuperado", analisa Golfarb. "Estamos projetando uma capacidade ociosa da indústria de 34% neste ano. Esse cenário coincide com a chegada de novas fábricas - e novas fábricas, neste momento, geram novas capacidades ociosas."

Apenas no Nordeste, estão previstas para os próximos meses e anos as inaugurações das fábricas das chinesas Jac Motors e Foton Motors, ambas também em Camaçari, e da Fiat, em Pernambuco.


De acordo com ele, como o mercado como um todo não cresce, a alternativa que as montadoras têm de avançar é ampliar seu market share. É nesse contexto que a Ford aposta no novo motor - e no carro que será fabricado em Camaçari. "O novo, o mais avançado, o melhor sempre chama a atenção", diz Golfarb.

"Não reduzimos a produção em Camaçari e não temos nenhum plano de reduzir", confirma o presidente da Ford América do Sul, Steven Armstrong. A unidade, de onde também sai o utilitário compacto Ecosport, tem capacidade para produzir 250 mil carros por ano.

Duplo comando

A fábrica de motores da Ford foi inaugurada com uma solenidade que reuniu, além dos executivos da montadora, políticos como o governador baiano, Jaques Wagner (PT), e o ministro dos Transportes, César Borges (PR), que era o governador da Bahia quando a unidade da montadora foi inaugurada no Estado, em 2001.

O motor que será fabricado na unidade é um 1.0 de três cilindros, ainda sem nome oficial. Ele traz como novidade para o país a adoção de um duplo comando variável de válvulas para motores do gênero.

Um propulsor semelhante já é fabricado em três outras unidades da montadora na Ásia e no Leste Europeu, mas o produto brasileiro é o único flex da família. A capacidade da fábrica é de 210 mil unidades por ano.

Segundo a montadora, o motor tem potência de 85 cv e torque de 10,71 kgfm abastecido com etanol - o que faria dele o mais potente 1.0 aspirado do mercado nacional - e tem níveis reduzidos de consumo e de vibração (reclamação frequente entre consumidores de carros equipados com a nova geração de motores de três cilindros de outras montadoras).

Inicialmente, toda a produção será destinada ao novo Ka, mas não está descartada sua adoção em outros veículos da montadora. "Vamos ver como o mercado avança antes de tomarmos novas decisões", despista Armstrong.

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