Funcionários da Petrobras em uma plataforma de petróleo em construção na bacia de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 22 de maio de 2014 às 20h41.
Nova York - A exigência pelo governo brasileiro de conteúdo nacional na exploração de petróleo e gás é um obstáculo para o desenvolvimento da Petrobras e, se provocar mais atrasos na entrega de equipamentos, pode comprometer as metas de produção da Petrobras, avalia o diretor responsável por petróleo e gás para América Latina da Fitch Ratings, Lucas Aristizabal.
O analista destaca que a petroleira tem enfrentado atrasos nas entregas de equipamentos para exploração do óleo. Para ele, atrasos de seis meses a um ano não teriam tanto impacto na produção futura da Petrobras.
Mas se os problemas demorarem mais de um ano, há o risco de a empresa não conseguir entregar a produção que espera.
"A lei de conteúdo local é um obstáculo para o desenvolvimento da empresa", afirma o analista da Fitch, que hoje fez um evento em Nova York para discutir perspectivas para o setor de petróleo e gás em mercados emergentes.
Aristizabal ressalta que a produção de petróleo na América Latina tem sido estável e a tendência é que continue assim ou tenha crescimento marginal.
No Brasil, caso não haja maiores problemas com os equipamentos, e na Colômbia, a expectativa é de expansão. No México e Venezuela, a aposta é que a produção se mantenha nos níveis atuais.
Outras duas tendências apontada pelo analista é que os fluxos de caixa livres negativos devem continuar e as dívidas das petroleiras devem seguir crescentes, sobretudo para fazer face aos pesados programas de investimentos, caso da Petrobras.
Os gastos com expansão também explicam o fluxo de caixa livre negativo na petroleira brasileira. Já no México e na Venezuela, o fluxo tem sido negativo basicamente por conta da transferência de recursos das petroleiras para o governo.
As petroleiras da região devem investir ("capex") cerca de US$ 120 bilhões este ano, segundo a Fitch. "As companhias vão continuar acessando o mercado de dívida (para financiar estes gastos).
Vamos continuar vendo crescimento geral da alavancagem", afirma o especialista. Este ano, US$ 30 bilhões em dívidas das companhias de petróleo estão vencendo.
Na América Latina, 84% da produção de petróleo vêm de companhias 100% estatais ou controladas pelo governo. Por isso, o analista destaca também o risco político. "A influência política pode passar por cima de critérios econômicos na tomada de decisão", diz Aristizabal.