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Fibria terá pressão no custo caixa por até 2,5 anos

Nesse período, a companhia precisará comprar um volume maior de madeira de terceiros, reflexo de um declínio de produção no sul da Bahia


	Fibria: em 2013, o custo caixa da Fibria teria crescido 4,6% em relação ao ano anterior, abaixo da alta de 5,9% da inflação brasileira
 (Divulgação)

Fibria: em 2013, o custo caixa da Fibria teria crescido 4,6% em relação ao ano anterior, abaixo da alta de 5,9% da inflação brasileira (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de janeiro de 2014 às 10h51.

São Paulo - O custo caixa de produção da Fibria deve ter uma pressão adicional durante os próximos dois anos a dois anos e meio. Nesse período, a companhia precisará comprar um volume maior de madeira de terceiros, reflexo de um declínio de produção no sul da Bahia provocado por dois clones de espécies plantadas pela companhia.

Além disso, destacou o presidente da companhia, Marcelo Castelli, essa situação pontual decorre da visão da companhia em relação a contratos de fomento.

"O custo vai subir devido à sazonalidade, mas mantemos que mais uma vez ele subirá abaixo da variação da inflação", destacou o executivo em teleconferência com jornalistas realizada na manhã desta quinta-feira, 30.

Em 2013, o custo caixa da Fibria, descontados efeitos não recorrentes, teria crescido 4,6% em relação ao ano anterior, abaixo da alta de 5,9% da inflação brasileira.

Considerando os efeitos não recorrentes, caso da alta do custo provocada pelo dólar mais valorizado e dos problemas enfrentados na unidade Aracruz (ES) por conta das chuvas do final de 2013, a alta teria sido de 6,7%.

Castelli destacou que os problemas enfrentados em Aracruz, os quais provocaram um aumento de R$ 7 por tonelada no custo caixa do quarto trimestre, já foram sanados.

"Tivemos um impacto equivalente a três dias de parada de produção de Aracruz. Mas, em janeiro, a situação já voltou à normalidade.


Parkia

O presidente da Fibria também destacou que o acordo de venda de terras com o Parkia Participações não trará qualquer impacto aos dados de custo caixa de produção de celulose. O único efeito provocado pelo acordo será visto na linha de investimentos, com uma adição no capex de R$ 90 milhões a R$ 100 milhões anuais. "Qualquer desvio de custo caixa não terá origem no acordo", destacou.

A diretoria da Fibria acredita ainda que esse acordo de venda de terras com o Parkia Participações, formalizado no final de 2013, coloca as "métricas quantitativas" da companhia alinhadas às métricas exigidas pelas agências de classificação de riscos para a concessão do grau de investimento.

A obtenção do esperado investment grade, contudo, depende da percepção dessas agências em relação à sustentabilidade dos resultados alcançados pela Fibria.

"Importante destacar que as agências de rating mudaram suas metodologias este ano e que também há uma questão subjetiva das agências. Elas podem querer fazer uma avaliação se esse resultado é pontual ou se vamos conseguir manter resultados", destacou o diretor financeiro e de Relações com Investidores da Fibria, Guilherme Cavalcante.

"(A obtenção do grau de investimento) Depende realmente das agências", ponderou o executivo.


No material de divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2013, a companhia destacou que a alavancagem medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda cairia a 2,5 vezes em reais e 2,3 vezes em dólar caso fossem incorporados os resultados da operação de vendas de terras com o Parkia Participações.

A Fibria recebeu R$ 500 milhões no dia 30 de dezembro e ainda tem R$ 903 milhões a receber no decorrer do primeiro trimestre de 2014. A operação foi avaliada em R$ 1,65 bilhão.

Neste mesmo período, a Fibria resgatará 100% do saldo total do bond com vencimento em 2020, uma operação que movimentará US$ 690 milhões. "Utilizaremos o caixa proveniente da transação de venda de terras", destacou o presidente da Fibria, Marcelo Castelli.

Reajuste

Diante desse cenário, a empresa continua em discussão com os clientes para aplicar o reajuste de US$ 20 por tonelada anunciado para os negócios a partir de 1º de janeiro de 2014. Sem dar detalhes das negociações, o diretor comercial e de Logística Internacional da Fibria, Henri Philippe Van Keer, destacou que a companhia está "lutando por cada dólar de aumento".

"Não direi que está fácil aumentar (os preços), mas também digo que os volumes estão fluindo. Mantemos a visão de um mercado apertado, com demanda boa neste início do ano", destacou o executivo.


Ainda de acordo com ele, o ritmo dos negócios nas primeiras semanas de 2014 está, inclusive, melhor do que o esperado. Na Ásia, o volume de vendas é igualmente favorável.

A diretoria da Fibria também destacou que a companhia, como líder de mercado, tem mantido seus preços nos níveis mais elevados de uma "janela" de preços adotados no mercado internacional. Ou seja, os preços praticados pela companhia brasileira estão acima da média dos valores de mercado spot anunciados por consultorias internacionais.

Com essa postura, a companhia mostra disposição em evitar uma possível pressão sobre os preços às vésperas do início das operações da fábrica da Montes del Plata, no Uruguai, e da chegada da produção da fábrica da Suzano Papel e Celulose em Imperatriz (MA).

Segundo Philippe, a própria percepção da Fibria em relação às novas capacidades foi revista e é mais favorável neste momento.

"Acreditamos que o impacto das novas capacidades pode ser postergado um pouco mais. Esperávamos impacto no segundo trimestre e agora achamos que ele pode ser adiado em alguns meses, impactando mais no segundo semestre", disse o diretor da fabricante de celulose.


A chegada de nova oferta ao mercado internacional, porém, tem sido utilizada por clientes para pressionar os fabricantes de celulose. Segundo o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, há uma percepção de que os descontos adotados no mercado estão maiores. Essa prática, contudo, não é acompanhada pela Fibria, segundo o executivo.

"Não iremos ao mercado spot para fluir volume e não vamos trabalhar com uma agenda de curto prazo para maximizar volume", sintetizou Castelli, mostrando a disposição da companhia em combater uma possível queda de preços neste momento.

Eventuais pressões futuras no mercado, contudo, devem ser analisadas pela Fibria. No segundo semestre, com a chegada da celulose das duas fábricas sul-americanas, analistas e especialistas do setor apostam na queda das cotações internacionais.

"A Fibria não faz o preço de mercado. Ela tem papel predominante, mas se o preço de mercado cair, acompanharemos essa queda. Não podemos ter esse tipo de postura em relação a nossos clientes", destacou Philippe.

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