Fibria: sua relação dívida líquida/ebitda passou de 6,5 vezes no último trimestre de 2009 para 3,6 vezes no último de 2010 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2011 às 11h30.
São Paulo - A Fibria conseguiu reduzir sua relação dívida líquida/ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) em 2010. A relação passou de 6,5 vezes no último trimestre de 2009 para 3,6 vezes no último trimestre de 2010. Mas o compromisso da empresa é chegar a 3 vezes até junho.
“Esse compromisso parece ser um desafio realista de ser atingido”, diz Carlos Aguiar, presidente da Fibria. O saldo de dívida bruta, em 31 de dezembro de 2010, era de 12,06 bilhões de reais, representando uma redução de 279 milhões de reais em relação ao terceiro trimestre de 2010 e de 2,925 bilhões em relação ao último trimestre de 2009.
Do total do endividamento, aproximadamente 1,4 bilhão de reais estava relacionado ao saldo remanescente da dívida junto aos ex-acionistas da Aracruz, cujo vencimento encontrava-se integralmente no curto prazo. A Fibria liquidou 856 milhões de reais referente à parcela de janeiro de 2011, restando agora aproximadamente 600 milhões de reais com vencimento no mês de julho de 2011. O endividamento de longo prazo da empresa, que já foi de 40 meses, agora está em 74.
A posição de caixa em 31 de dezembro, incluindo o valor justo dos derivativos, era de 2,208 bilhões de reais. Desse montante, 80% estavam investidos em moeda local. O custo médio da dívida bancária em moeda nacional no último trimestre de 2010 foi de 8,9% ao ano, e o custo em moeda estrangeira registrou aumento e ficou em 5,9%.
No final do ano passado, a empresa observou a recuperação da demanda asiática, enquanto Europa e Estados Unidos mantiveram-se como principais mercados consumidores. "2010 começou mal e terminou bem, pelo menos na Ásia", diz Aguiar. Em 2010, a Ásia representou 22% das vendas de celulose da Fibria - a maior parte disso é para a China.
A expectativa da Fibria é que o preço da celulose se mantenha em 2011 no patamar de 850 dólares por tonelada. A empresa acredita nisso por conta da demanda ter aumentado no fim do ano passado. "Nossa previsão para 2011 é regularidade de preços e de demanda", diz Aguiar. Em 2011, a empresa vai manter o foco na gestão do endividamento. Entre 2012 e 2014, será feita a preparação para um novo ciclo de crescimento.
Investimentos
A Fibria pretende investir cerca de 1,6 bilhão de reais em 2011. Deste total, 1,1 bilhão de reais será alocado na manutenção da operação, dos quais 670 milhões de reais serão investidos na renovação florestal. Os investimentos em expansão compreendem principalmente o desenvolvimento da base florestal para viabilização da expansão da Unidade Três Lagoas. O orçamento total de expansão inclui a compra de terras, compra de madeira em pé, gastos com implantação, além da compra de equipamentos e modernização na área industrial. Em 2010, os investimentos de capital da Fibria totalizaram 1,066 bilhão de reais, sendo 878 milhões de reais em manutenção.
Câmbio
Ao mesmo tempo que o câmbio com o dólar desvalorizado perante o real prejudica as exportações da empresa, ele auxilia no seu endividamento – 74% da dívida da empresa é negociada em moeda estrangeira. No começo de janeiro liquidaram uma parcela da dívida em moeda estrangeira. "Como somos fortes exportadores, uma concentração de dívida em moeda da operação é um hedge natural da nossa estratégia", disse o diretor de finanças e relações com investidores, João Adalberto Elek.
Operação
A produção da Fibria em 2010 foi de 5,231 milhões de toneladas de celulose e de 311.000 toneladas de papel. Em 2009, a produção havia sido de 5,188 milhões de toneladas de celulose e de 369.000 toneladas de papel. O volume de vendas registrou uma queda de 4% entre os anos e foi de 5,436 milhões de toneladas em 2011.
Em 2010 a Fibria absorveu 2,7 bilhões de reais em sinergia – acima dos 2,3 bilhões de reais esperados. O total de 4,5 bilhões de reais será integralmente capturado em 2014.