Fábrica da Fibria: dívida líquida da companhia encerrou o quarto trimestre em R$ 7,74 bilhões, queda anual de 18% (GERMANO LUDERS)
Da Redação
Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 15h41.
São Paulo - A Fibria manterá em 2013 o foco em redução do seu nível de alavancagem e na obtenção do grau de investimento, afirmou nesta quinta-feira o presidente da maior produtora mundial de celulose de eucalipto, Marcelo Castelli.
A dívida líquida da companhia no fim de dezembro estava em 7,7 bilhões de reais, queda anual de 18 por cento. A relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em 3,4 vezes, ante 4,8 vezes no mesmo período de 2011.
"A gente acredita que no final do ano a gente já possa requerer o grau de investimento. Nossas probabilidades são grandes no fim de 2013 e início de 2014", disse Castelli Em teleconferência com jornalistas.
Segundo o diretor de Finanças e de Relações com Investidores da Fibria, Guilherme Cavalcanti, a redução do nível de alavancagem da empresa será feita principalmente com a geração de caixa, embora novos movimentos para elevar a liquidez não estejam descartados.
No ano passado, a Fibria realizou uma oferta primária de ações e vendeu ativos florestais para reduzir sua dívida.
A fabricante de celulose teve sólidos resultados operacionais no quarto trimestre, com a demanda por celulose nos mercados emergentes sendo o principal vetor de crescimento.
O presidente da Fibria afirmou que a empresa mantém em suspenso os planos de ampliar a fábrica em Três Lagoas (MS). "Três Lagoas só quando tivermos certeza que os fundamentos do mercado estiverem adequados. Teríamos que estar com endividamento mais próximo de 2,5 vezes (o Ebitda)", disse.
Anteriormente, Castelli já havia afirmado que não levaria a proposta de ampliar a fábrica ao Conselho de Administração devido ao atual cenário macroeconômico.
EUROPA
Considerando os principais mercados para os quais a Fibria vende celulose, o diretor comercial da empresa, Henri Philippe Van Keer, afirmou que não nota queda na demanda na Europa, devido aos estoques baixos.
"O mercado europeu não tem a dinâmica do mercado asiático, mas também não tem má surpresa. A Europa já vem alinhando volumes porque está com estoques muito apertados. Não estamos notando queda na demanda. Não tem nenhum sentimento negativo com relação à Europa", disse ele, em teleconferência com analistas.
Questionado sobre os efeitos da capacidade que está sendo adicionada ao mercado com a ampliação e inauguração de novas fábricas, Van Keer disse não ver efeito em 2013.
"A gente não pode esquecer que Jari (Papel e Celulose, do Grupo Orsa) saiu do mercado. A demanda da China está se confirmando. Então, impacto no sentido negativo não estamos esperando nenhum. Em 2014, nós vamos sentir um pouco mais."
AUTUAÇÃO DA RECEITA
A Fibria informou também que protocolou no início do mês a defesa administrativa relacionada à autuação de 1,666 bilhão de reais da Receita Federal, em um caso relacionado a um acordo de troca de ativos em 2007 com a International Paper.
De acordo com a empresa, seus advogados consideraram a probabilidade de perda como "possível", e uma provisão só seria feita caso isso fosse considerado como "provável".
"Segundo nossos advogados, nós temos muita chance de ganhar ainda na esfera administrativa, que deve durar três a quatro anos", disse Castelli.
PROJETO LOSANGO
No quarto trimestre, a Fibria recebeu a primeira parcela da venda do Projeto Losango, que envolve ativos florestais e terras no Rio Grande do Sul, no valor de 470 milhões de reais, e espera receber a segunda parcela no segundo semestre deste ano.
"Temos uma série de compromissos a serem cumpridos (antes do recebimento da segunda parcela). Mas está mais para o segundo semestre, como uma possibilidade", disse Castelli.
O projeto foi vendido para a Celulose Riograndense, parte do grupo chileno CMPC.
As ações da Fibria na bolsa paulista tinham variação negativa de 0,57 por cento às 14h07, a 24,51 reais, enquanto o Ibovespa exibia alta de 0,1 por cento.