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Fiat e Renault negociam fusão para criar 3ª (ou 1ª) maior montadora

Notícia fez as ações das duas montadoras subirem 12% no início da negociação nas bolsas europeias nesta segunda-feira

Fábrica da Fiat: negociação com a Renault pode exacerbar discursos políticos de soberania nacional (Germano Lüders/Exame)

Fábrica da Fiat: negociação com a Renault pode exacerbar discursos políticos de soberania nacional (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2019 às 05h55.

Última atualização em 27 de maio de 2019 às 17h29.

A segunda-feira será agitada nas bolsas globais com a confirmação de um possível negócio que muda a dinâmica do mercado automotivo. A montadora italiana Fiat Chrysler confirmou rumores iniciados na semana passada e fez uma oferta de fusão com a concorrente francesa Renault, num acordo que poderia criar o terceiro, ou o primeiro, maior grupo automotivo do mundo em volume de produção.

Segundo a Fiat Chrysler, a proposta é que cada uma das duas montadoras tenha 50% num novo negócio, com um conselho de administração composto na sua maioria por membros independentes. O conselho da Renault se reúne nesta segunda-feira para discutir a oferta, que fez as ações das duas companhias subirem mais de 12% no início das negociações nas bolsas europeias.

A nova empresa teria cerca de 37 bilhões de dólares de valor de mercado e fabricaria nove milhões de veículos, ficando atrás apenas da alemã Volskwagen e da japonesa Toyota. A grande dúvida na mesa é o que acontece com as japonesas Nissan e Mitsubishi, parceiras da Renault há 20 anos. Se elas forem incluídas no negócio, o novo grupo chegaria a 15 milhões de veículos produzidos, se consolidando como líder global.

A união dos franceses com os japoneses é envolta em polêmica desde a prisão, no fim do ano passado do executivo francês Carlos Ghosn, ex-presidente tanto da Renault quanto da Nissan. Os japoneses acusam Ghosn de desvio de recursos das montadoras, enquanto ele afirma ter sido vítima de um golpe corporativo para impedir que levasse adiante um projeto de fundir as duas companhias.

O receio dos executivos da Nissan era que um união com a Renault lhes tirasse poder de decisão e independência. Agora, a oferta da Fiat Chrysler coloca uma espada sobre sua cabeça. Se a Renault, dona de 43% da Nissan, aceitar a oferta da Fiat e deixar os parceiros de fora do negócio, a montadora japonesa fica sozinha num mercado em crescente consolidação e que demanda pesados investimentos no desenvolvimento de carros elétricos e autônomos. Se, por outro lado, a Nissan entrar no pacote, a tal independência fica definitivamente para trás. Segundo o jornal Wall Street Journal, executivos da Renault e da Nissan têm uma reunião previamente agendada na quarta-feira, no Japão.

Fiat Chrysler e Renault, na teoria, têm negócios complementares. A montadora italiana é forte em modelos como SUVs e carros de luxo, enquanto os franceses focam modelos de entrada. As duas companhias têm forte presença global, com o Brasil entre seus principais mercados. A montadora italiana divulgou, na semana passada, que construirá uma nova fábrica de motores no país. Mas as duas empresas são consideradas símbolos nacionais (o governo francês é acionista da Renault), e a Europa vive um período de intensa discussão política, com eleições parlamentares encerradas ontem reafirmando a força dos discursos de extrema direita a favor de independência nacional.

A Fiat Chrysler perdeu seu principal executivo, Sergio Marchionne, ano passado. Ghosn, por sua vez, teve na quinta-feira passada a primeira audiência com a promotoria japonesa. Ele anteviu a importância da união de montadoras num mercado em transformação, mas agora dedica seus esforços a escapar da rigorosa justiça japonesa.

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