Murilo Ferreira presidente da Vale: o executivo acumula funções nas duas companhias, que estão entre as maiores do país, desde o final de abril, quando o governo federal permitiu uma mudança quase completa no Conselho da Petrobras (Divulgação/Vale)
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2015 às 12h44.
Rio de Janeiro - O presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Murilo Ferreira, pediu licença do cargo até o fim de novembro para concentrar-se na gestão da mineradora Vale, onde é presidente-executivo, disse uma fonte da petroleira.
O pedido de licença até 30 de novembro foi anunciado pela Petrobras na manhã desta segunda-feira, sem outros detalhes.
"O problema deles (Vale) é que eles são China, muito concentrados. A situação deles é complicada porque a Vale concentra em um produto só (minério de ferro), não é fácil", disse a fonte da Petrobras, sob condição de anonimato, ao comentar a licença de Ferreira.
Murilo Ferreira acumula funções nas duas companhias, que estão entre as maiores do país, desde o final de abril, quando o governo federal permitiu uma mudança quase completa no Conselho da Petrobras.
Enquanto a petroleira tenta resolver seus problemas de caixa, em um momento de alto endividamento e de escândalos de corrupção revelados pela Operação Lava Jato, a Vale enfrenta dificuldades com o mercado de minério de ferro.
A mineradora é a maior produtora global da commodity e tem nela sua principal fonte de receita.
As cotações do minério --vendido principalmente à China-- tocaram em julho o menor valor em 10 anos, pressionadas por uma desaceleração na demanda no país asiático e por uma grande oferta das grandes mineradoras globais.
Questionada após o anúncio da Petrobras, a assessoria de imprensa da Vale informou que Murilo Ferreira segue normalmente com sua funções na companhia.
As ações preferenciais da Petrobras recuavam 0,8 por cento por volta do meio-dia. As da Vale recuavam 2,5 por cento.
Harmonia
Cerca de um mês atrás, o Conselho da Petrobras aprovou a venda de ao menos 25 por cento da BR Distribuidora, unidade de distribuição combustíveis da estatal, mas Murilo Ferreira foi um dos dois votos contrários, junto com o representante dos funcionários da estatal.
A Petrobras quer vender 15,1 bilhões de dólares em ativos até o final de 2016 para ajudar a reduzir o montante de 132 bilhões de dólares de dívida, a maior de qualquer petroleira.
Segundo a fonte da estatal, o ambiente entre os membros do Conselho é "harmônico", mesmo com divergências sobre uma oferta pública de ações (IPO) da BR Distribuidora.
"A licença do Murilo não tem nada a ver com a questão da BR. Tem a ver com o foco na Vale nesse momento. A posição dele sobre a BR, as contingências, até levaram para outra solução que foi não fazer o IPO agora", disse a fonte, destacando que a posição de Ferreira foi acertada, uma vez que não há atualmente condições de mercado para uma venda satisfatória de fatia da subsidiária.