Fábrica da Natura em Cajamar (Germano Lüders/EXAME)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2014 às 16h40.
São Paulo - As vendas da Natura no Brasil neste segundo trimestre de 2014 ficaram abaixo do esperado pela fabricante de cosméticos, disse nesta quarta-feira, 23, o vice-presidente de Finanças, Jurídico e de Relações com Investidores da Natura, Roberto Pedote, em teleconferência com jornalistas.
O executivo considerou que o desempenho foi prejudicado pelo menor número de dias úteis no período na comparação com o ano anterior.
A receita líquida da Natura no Brasil, excluindo as operações internacionais, alcançou R$ 1,476 bilhão de abril a junho, crescimento de 1,8% na comparação com os mesmos meses de 2013.
O dado marca a desaceleração do ritmo de crescimento no mercado doméstico depois de a companhia ter expandido as vendas em 9% no primeiro trimestre deste ano.
"No Brasil, tivemos uma performance abaixo de nossas expectativas", declarou Pedote. "Tivemos 10% menos dias úteis do que no ano passado e nós havíamos subestimado esse efeito; nossas consultoras vendem bem menos em dias não úteis", acrescentou.
"Imaginávamos que esse impacto seria equilibrado no restante do trimestre, o que não ocorreu."
A Natura registrou aumento do número de consultoras em sua base neste trimestre, mas a produtividade delas caiu no período. A companhia informou que o total de consultoras no País chegou a 1,3 milhão ante 1,24 milhão no ano anterior.
Considerando as operações internacionais, o número de consultoras atingiu 1,699 milhão no segundo trimestre, crescimento de 7,9%.
Já a produtividade das consultoras, que é a divisão da receita bruta do período pelo número de consultoras no Brasil, caiu 1,9% na comparação com o segundo trimestre de 2013.
A Natura destacou em sua divulgação de resultados que, para o segundo semestre, acredita na recuperação das vendas no Brasil. "Confiamos que nossos lançamentos, maiores investimentos em marketing e a ativação do nosso canal através de ferramentas de segmentação contribuirão para a recuperação do ritmo de crescimento das vendas", diz a companhia em texto.
Inovação
A Natura informou ainda que o índice de inovação da companhia ficou "dentro do patamar esperado". O índice foi de 61% no segundo trimestre ante 65,3% no mesmo período do ano passado.
"Os lançamentos recentes, além de nosso plano de inovação para os próximos meses, contribuirão para a manutenção do índice de inovação entre o patamar esperado de 60% e 70%", afirma o relatório de resultados da Natura.
Market share
A Natura informou que sua participação no mercado de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos alcançou 20,4% de janeiro a abril de 2014.
O dado leva em conta as informações de mercado mais recentes disponibilizadas pela Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
O resultado representa queda do market share da Natura em 0,9 ponto porcentual na comparação com igual período do ano anterior. O mercado como um todo movimentou R$ 8,868 bilhões nos quatro meses.
Em seu relatório de resultados, a companhia informou que "nota-se uma tendência de desaceleração do crescimento" do mercado.
Considerando apenas cosméticos e fragrâncias, categorias mais tradicionais da venda direta, a participação da Natura foi de 35,3% no período, aumento de 0,7 ponto porcentual ante o ano anterior.
Pedote, afirmou durante teleconferência com jornalistas que não é possível determinar se a Natura manteve ou não o market share nos meses seguintes a abril.
"Não temos o dado de quanto cresceu o mercado em maio e junho, então eu não posso comentar qual seria o efeito do nosso desempenho do segundo trimestre no crescimento do market share, mas tivemos um desempenho abaixo das nossas expectativas", disse.
Aumento de preço
A Natura implementou um já anunciado aumento de preços no mês de julho, informou Pedote. O executivo destacou que esse novo reajuste deve contribuir para equilibrar a margem bruta da companhia no Brasil no segundo semestre.
Em abril, a companhia já havia informado que faria um segundo reajuste de preços do ano, depois de uma alta média anunciada de cerca de 5% implementada no final de fevereiro. O segundo aumento seria da ordem de 3% a 4%.
Pedote considerou que este reajuste realizado deve compensar os impactos que a desvalorização do real ante o dólar tem provocado nos custos de matéria-prima da companhia. "Esperamos que a margem bruta melhore e atinja patamares parecidos com os do segundo semestre do ano passado", disse.
Além do impacto do câmbio, Pedote destacou que a margem bruta da Natura no Brasil foi afetada porque a companhia não se preparou para o menor desempenho de vendas do período.
"Mesmo com esse volume (de vendas) baixo, estávamos com a fábrica preparada para uma produção maior e não há capacidade de reação capaz de equalizar os custos com esse desempenho mais baixo de vendas", comentou.
No segundo trimestre de 2014, a margem bruta da Natura no Brasil chegou a 67,3%, saindo de 70,3% no mesmo período do ano anterior.