São Paulo deve hospedar na próxima semana as maiores feiras e um festival de arquitetura e decoração, com atrações espalhadas por 110 pontos da cidade. Entre elas está a Expo Revestir, maior feira de revestimentos e acabamentos da América Latina, que chega à 21ª edição e, a Expo Haus Decor Show, estreando esse ano no segmento de tintas e vernizes, iluminação, refrigeração e automação residencial.

Uma das preocupações do setor é diminuir e dar a destinação correta ao lixo gerado na montagem e desmontagem destas feiras.

Responsável pela organização da Expo Revestir, a Anfacer (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres) desde 2018 comanda o Programa Iniciativa + Sustentável, buscando envolver seus associados em discussões e medidas, que estimulem e orientem a gestão para o desenvolvimento sustentável no segmento.

“Em 2019 demos início aos estudos e pesquisas voltados aos impactos do mercado, promovendo a primeira Análise de Ciclo de Vida Setorial (ACV) e o Inventário de Emissões do Setor. Com o início da pandemia, infelizmente tivemos que pausar os estudos nos anos subsequentes, e agora em 2023, retomamos com resultados que serão anunciados entre 2023 e 2024 para evoluirmos com medidas e ações que visem uma consciência sustentável evolutiva”, afirma Anderson Vieira, Gestor de Qualidade e Sustentabilidade da Anfacer.

A feira deste ano dobrou de tamanho, ocupando uma área de 62 mil metros quadrados no São Paulo Expo, com mais de 300 expositores. Uma das principais preocupações da organização do evento está no volume de resíduos gerados, tanto nas montagens como, principalmente, nas desmontagens, mensurados pela quantidade de caçambas alugadas, além da destinação dos mesmos. Segundo a Organização, trata-se de um trabalho em evolução, em parceria com a empresa responsável pela destinação do lixo, a Multilixo, que está atrelada ao pavilhão. 

Outro ponto identificado como crucial nesse desafio por parte da organização está na consciência dos expositores ao definirem seus estantes. É o caso da indústria de metais sanitários, Docol, que nesta edição ocupa 1.000 metros quadrados, projetados com o viés sustentável, como um dos pilares do conceito. O estande apresenta uma estrutura reutilizável, que não será descartada após a feira, mas reutilizada pela fábrica em ações futuras. 

Com a preocupação de levar a solução ao expositor ainda na fase de elaboração do conceito e projeto do espaço, que a feira Haus Decor Show, em sua primeira edição, apresentou aos 40 expositores participantes um modelo de estande sustentável, denominado USET, no qual possibilita o reaproveitamento de 100% das estruturas do estande, além dos acabamentos e materiais. 

A novidade teve a adesão de 50% dos expositores que receberam o reconhecimento do selo verde, uma forma de valorizar os participantes que cumpriram com todos os requisitos da cartilha do projeto. 

Segundo Caroline Guedes, coordenadora operacional e representante de ESG da Haus Decor, o trabalho de conscientização de desperdício de resíduos, envolve também outras medidas, tais como: economia de energia e reaproveitamento da água e da montagem.

Fora dos pavilhões, o festival Design Weekend (DW!) que abriga outros grandes eventos espalhados pela Capital, como a Feira na Rosenbaum e Boom Design traz em seu calendário, de 11 a 19 de março, exposições, workshops, instalações artísticas e lançamentos de produtos que evidenciam ações voltadas ao consumo consciente e reaproveitamento de materiais. 

“Por meio de collabs com artistas apresentaremos coleções feitas a partir do descarte de madeiras de demolição de construções do Rio de Janeiro e madeiras descartadas pela indústria naval”, explica a diretora da Feira, Cristiane Rosenbaum. 

De acordo com o último relatório do programa Lixo Zero, levantamento realizado pela Feira na Rosenbaum em conjunto com a empresa de coleta Cataki, cerca de 1,1 toneladas de resíduos foram desviados do aterro sanitário, sendo que 656 kg de matéria-prima reciclável foram reinseridos no ciclo produtivo e 452 kg de resíduos orgânicos foram compostados. 

“Já produzimos aproximadamente 99,5 kg de adubo orgânico, suficiente para fertilizar 28,5m² de praças”, conclui Cristiane.