Paixão de Cristo: filme religioso mais lucrativo da história teve bilheteria global de US$ 600 milhões (./Reprodução)
AFP
Publicado em 29 de março de 2018 às 16h38.
Marilyn Monroe certa vez disse que Hollywood era o lugar "onde te pagam 1.000 dólares por um beijo e 50 centavos por sua alma". Mas quando se trata de bilheteria, a fé acaba sendo um tema muito lucrativo.
Os filmes religiosos, destinados principalmente a públicos evangélicos nos Estados Unidos, ganharam um espaço importante nos cinemas desde o final da década de 1990.
No fim de semana passada, "Eu só posso imaginar" foi o terceiro filme de maior bilheteria. Estreou há duas semanas na América do Norte, com 17,1 milhões de entradas e no domingo acumulava 38,1 milhões.
O filme é protagonizado por Dennis Quaid e J. Michael Finley, que interpreta o vocalista de uma popular banda cristã.
"Paulo, o apóstolo de Cristo" também estreou no fim de semana, mas com uma bilheteria mais modesta de 5,1 milhão de dólares e uma crítica não muito favorável. O jornal LA Times o classificou de "tedioso".
É protagonizado por James Faulkner e Jim Caviezel, que, por sua vez, interpretou Jesus em "A Paixão de Cristo", de Mel Gibson, em 2004.
Até os anos 90 raramente estreava um filme religioso. Até 2006, estreavam entre quatro e cinco filmes deste gênero por mês.
O auge se deve a um pequeno grupo de distribuidores que "realmente decifraram o código" do que o público religioso quer, normalmente trocando os dramas épicos bíblicos por histórias mais modernas e contemporâneas, explicou à AFP o analista Paul Dergarabedian, do site comScore.
"Estes filmes têm de vir de um lugar autêntico. Não se pode chegar a uma reunião de executivos e dizer 'os filmes religiosos são populares, vamos fazer um'. É preciso ser autêntico, as comunidades baseadas na fé saberão se vocês estão ou não desenvolvendo uma boa história".
Caviezel está em negociações para fazer uma sequência de "A Paixão de Cristo", o mais lucrativo filme sobre tema religioso da história, com uma bilheteria global de mais de US$ 600 milhões, 20 vezes mais do que custou para produzi-lo.
"Não estava fazendo lobby pelo papel porque ninguém sabia o que estava acontecendo", disse Caviezel sobre seu casting em 2004, em uma recente conferência da The Fellowship of Catholic University Students.
"Mel Gibson queria que eu interpretasse Jesus Cristo, queria um cara cujas iniciais eram JC e que tinha acabado de completar 33 anos para encarnar Jesus Cristo. É uma coincidência? Eu não penso assim", disse ele.
"Quarto de guerra" (2015), que também teve uma crítica negativa, arrecadou 67,8 milhões de dólares, atingindo o topo da bilheteria em sua segunda semana.
Um ano antes, "Deus não está morto" estreou com 9,2 milhões e chegou a 60,7, com uma sequência em 2016 que arrecadou 20,7 milhões de dólares.
Um terceiro filme, que estreia na sexta-feira, tem projeções de 5 milhões em sua estreia no fim de semana de Páscoa.
As bilheterias não parecem muito comparadas a grandes produções como "Pantera Negra", que ultrapassou os 600 milhões, mas se trata de um gênero que já vendeu 2 bilhões de dólares em ingressos desde o final do século passado, segundo o site Box Office.
E isso sem contar produções gigantescas que não são consideradas evangélicas: "Os 10 Mandamentos" (1956) de Cecil B DeMille; as produções de 2016 "Ben-Hur", "Silêncio" e "Até o último Homem"; e o filme de animação "A Estrela de Belém" (2017).