Gilead: empresa americana está buscando aumentar seu portfólio (Justin Sullivan/Getty Images/AFP)
Tamires Vitorio
Publicado em 12 de setembro de 2020 às 17h06.
Última atualização em 12 de setembro de 2020 às 17h22.
A companhia farmacêutica americana Gilead Sciences, fabricante do remédio Remdesivir, potencial na luta contra o novo coronavírus, adquiriu a empresa de biotecnologia Immunomedics Inc. por mais de 20 bilhões de dólares, segundo o jornal americano The Wall Street Journal. A Immunomedics é a principal fabricante de remédios contra o câncer de mama, o Trodelvy --- forte o suficiente para fazer com que outras farmacêuticas quisessem adquiri-la a fim de apostar cada vez mais em terapias oncológicas.
A Immunomedics tem um valor de mercado de cerca de 10 bilhões de dólares e o acordo deve ser anunciado na segunda-feira, 14, se nenhuma outra empresa passar na frente e fizer uma oferta maior. Também segundo o WSJ, a compra pode ser interessante para a Gilead driblar a queda das vendas de seus medicamentos contra a hepatite C e a HIV. O Trodelvy, por sua vez, foi aprovado em abril deste ano nos Estados Unidos como forma de tratamento para a doença quando ela já espalhou pelo corpo todo.
A Gilead faturou em 2019 22,5 bilhões de dólares e teve lucro de 5,4 bilhões de dólares. A empresa vale 103,8 bilhões de dólares na Nasdaq, uma das bolsas de Nova York.
Só neste ano, com o otimismo dos investidores pelos testes bem-sucedidos do Remdesivir, as ações da Gilead subiram 26%. O papel foi da casa dos 65 dólares no começo do ano para 82,21 dólares no fechamento do pregão de quarta-feira, 29.
Mesmo antes do Remdesivir, a farmacêutica já vinha em uma década de valorização. Desde o começo dos anos 2010, a ação da companhia valorizou mais de 280%. O índice S&P 500, no mesmo período, subiu 132%.
O tratamento de câncer de mama é um dos mais lucrativos no mercado de medicações contra câncer, e deve faturar cerca de 157 bilhões de dólares em 2020, segundo a consultoria EvaluatePharma. Um bom negócio para a Gilead, que não pode depender do remdesivir para sempre.
Recentemente a empresa americana anunciou um acordo com a farmacêutica Pfizer para produzir o remdesivir em escala global. Em um comunicado publicado no site da própria empresa, a Pfizer afirmou que “desde o começo era claro que somente uma companhia ou inovação não seria capaz de acabar com a crise da covid-19”.
O acordo tem como objetivo escalar a produção da medicação intravenosa, que mostrou bons resultados na redução do tempo de internação dos pacientes infectados pela covid-19. No mês passado a Gilead afirmou que “não seria capaz de produzir doses suficientes do remédio para atender a demanda global”. Com o apoio da Pfizer, o problema pode ser solucionado — uma vez que a farmacêutica opera em mais de 90 mercados e vende seus produtos em mais de 125 países. A droga será produzida na fábrica da Pfizer no Kansas, nos Estados Unidos.