Na loja, estão todos os produtos do portfólio da companhia e, em períodos de testes, os itens da concorrência (Reckitt Benckiser/Divulgação)
Karin Salomão
Publicado em 13 de setembro de 2017 às 09h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2017 às 09h00.
São Paulo – A fabricante de Veja, Vanish e Durex decidiu fazer um teste no varejo. A indústria criou uma loja laboratório para avaliar a recepção de seus produtos e lançamentos. Com a inovação, a Reckitt Benckiser já economizou 100 mil reais.
A ideia do laboratório veio para substituir algumas das pesquisas realizadas em mercados, pela própria RB ou institutos de pesquisa. Isso porque testar um novo produto ou embalagem é burocrático e caro.
É difícil conseguir a aprovação de um mercado para a pesquisa e praticamente impossível criar um ambiente estéril e ideal para análise.
Em um supermercado, o concorrente pode criar uma promoção naquele período, por exemplo e até a presença do próprio pesquisador pode influenciar na pesquisa. "Levamos materiais para as lojas, às vezes precisamos filmar ou fotografar, causamos um impacto na loja", afirmou Talita Aguila, gerente da categoria e shopper insights da RB Brasil.
Para amenizar esses problemas, a Reckitt Benckiser decidiu trazer alguns testes para dentro de casa. A empresa já trabalhava com dois laboratórios de realidade virtual. "Mas nos perguntamos se isso era o suficiente, já que o brasileiro é muito sensorial ao escolher produtos de limpeza, precisa tocar a embalagem e sentir o cheiro do produto", questiona a gerente.
Em abril, a companhia inaugurou uma loja laboratório em sua fábrica e escritório, que servirá para avaliar a recepção de novos produtos e embalagens e o melhor posicionamento em gôndola.
"Conseguimos modificar as gôndolas, avaliar preços e sortimentos. Sentimos todas as dores do varejo", afirmou Aguila.
Na loja, estão todos os produtos do portfólio da companhia, desde marcas para cuidado de casa, como Air Wick, Harpic, Mortein, Destac, Poliflor, Nugget, SBP, Vanish e Veja, até aquelas voltadas à higiene e saúde, como Detol, Durex, Strepsils, Veet e Naldecon. A loja funciona o tempo todo e, durante os períodos de pesquisa, também ganha produtos das marcas concorrentes.
A empresa contratou uma supervisora de loja, atendentes de caixa e promotores que repõem o estoque de loja. Aberta a funcionários e visitantes, a circulação média de pessoas no laboratório é de 150 pessoas por dia, com cerca de 120 tickets de compra diários.
Ao contrário do que acontece em outras lojas internas para funcionários, os preços são uma média dos praticados no mercado, justamente para testar também a precificação.
A unidade já vem produzindo seus primeiros frutos. Para lançar uma nova embalagem de SBP, optaram por levar o produto primeiro à loja laboratório. Como 90% dos clientes não perceberam a diferença, precisaram refazer o item antes de lançar ao mercado.
Ao depender menos de institutos de pesquisas e testes externos, a companhia também economizou 100 mil reais desde a inauguração da loja.
Além disso, também gera sua própria receita. “Como o laboratório funciona como uma loja real, está gerando renda ao invés de custos”, de acordo com a gerente.