Roger Agnelli não espera muita flutuação do minério de ferro nos próximos anos (Oscar Cabral/VEJA)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2011 às 21h33.
A notícia de que o governo brasileiro estaria pressionando a saída do presidente da Vale, Roger Agnelli, assim que seu contrato com a empresa vencer, foi parar no jornal britânico Financial Times. Segundo a reportagem, as exportações da Vale para a China são parte do problema. Ao intensificar suas vendas de minério de ferro para o país asiático, além de utilizar a indústria chinesa para construir suas embarcações, a Vale teria irritado Brasília, aponta o FT.
De acordo com o diário britânico, o governo credita, em parte, às decisões tomadas por Agnelli o enfraquecimento do crescimento da industria brasileira. Somado a isso, o Planalto ainda cobra 5 bilhões de reais da mineradora, devido a royalties não pagos. A empresa, em contrapartida, nega que a pendência exista e planeja levar o assunto à justiça se necessário.
Os esforços de Brasília para afastar Agnelli do cargo podem chacoalhar o mercado, que passará a contestar a liberdade empresarial no país. Dentre os acionistas da Vale, a maior parte deles são empresas estatais como BNDES e Banco do Brasil. No entanto, o Bradesco, cuja participação acionária na companhia é a maior, terá voto decisivo no caso.
O jornal também criticou o posicionamento do governo ao tentar interferir na gestão de uma empresa privada - chegando a compará-lo com aquele adotado pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, que estatizou as principais empresas de seu país.
Agenda nacional – As relações comerciais desiguais entre Brasil e China devem ser prioridade no governo de Dilma Rousseff. Para estabilizar o cenário, a Vale será pivô das futuras relações com o país asiático. Ao contrário da estatal Petrobras, a Vale traçou o seu caminho de maneira independente desde que foi privatizada, em 1997: equilibrando custos e benefícios da maneira mais rentável possível.
Bolsa de valores – O encontro do ministro da Fazenda Guido Mantega com o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro Brandão, na última sexta-feira, não foi recebido com entusiasmo pelos acionistas da Vale. No acumulado da semana, as ações ordinárias da Vale caíram 0,3%, enquanto as preferenciais tiveram leve alta de 0,4%, mesmo tendo recuado mais de 1% ao longo quinta-feira.