Dutos Petrobrás (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 16 de maio de 2012 às 16h22.
Rio de Janeiro - O aumento das exportações da Petrobras no primeiro trimestre em relação ao ano passado era citado nesta quarta-feira entre os destaques do desempenho da estatal no início de 2012, embora a palavra de ordem entre analistas ainda seja cautela em relação ao futuro da estatal.
Às 15h28, as ações preferenciais da Petrobras subiam 3,03 por cento, a 19,05 reais, enquanto o Ibovespa recuava 1,37 por cento. Os ganhos nos papéis da companhia ocorriam apesar da queda no preço do petróleo no exterior.
As exportações da Petrobras totalizaram 7,492 bilhões de dólares no primeiro trimestre, ante 5,444 bilhões de dólares no mesmo período de 2011 -um salto de quase 38 por cento. O lucro da empresa de janeiro a março ficou em 9,2 bilhões de reais, queda na comparação anual mas acima das expectativas do mercado.
Segundo a Planner Corretora, a receita líquida do primeiro trimestre da Petrobras foi maior que a do último trimestre de 2011 "em função do maior volume exportado de petróleo (mais 31 por cento em relação ao quarto trimestre) e dos melhores preços internacionais do produto, que foram 8 por cento maiores que a média do trimestre anterior".
"Acreditamos que o resultado surpreendeu positivamente o mercado e terá impacto no preço das ações hoje, se tivermos um mercado sem os efeitos negativos da crise européia", avaliaram os analistas da corretora.
O Itaú BBA e o Credit Suisse também apontaram o aumento de vendas -boa parte realizada no exterior- entre os fatores que explicaram o lucro trimestral da empresa melhor que o esperado.
A maior companhia brasileira vendeu no exterior 714 mil barris/dia em média de petróleo e derivados no primeiro trimestre, volume cerca de 13 por cento acima do mesmo intervalo do ano passado.
Do total exportado, 497 mil barris/dia foram petróleo e 217 mil foram derivados. As vendas externas de derivados ficaram praticamente estáveis, enquanto o volume de petróleo vendido cresceu cerca de 20 por cento.
O aumento das exportações levou a companhia a melhorar seu saldo comercial, apesar das importações cada vez maiores pressionadas pelo salto na demanda por combustíveis no Brasil.
O déficit comercial da companhia diminuiu para 931 milhões de dólares no primeiro trimestre, contra 1,07 bilhão de dólares um ano antes.
"O mercado reagiu bem porque esperava um lucro menor, da ordem de 7 bilhões de reais... Houve um aumento maior do que o esperado nas exportações e também cresceram as vendas de gás e derivados", afirmou o especialista Adriano Pires, sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE).
A alta das exportações além do esperado foi decorrente da venda de estoques de petróleo no exterior, conforme explicou o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa.
A equipe da corretora Concordia disse que "apesar da queda do lucro líquido e da piora das margens, o resultado da Petrobras nos surpreendeu positivamente neste trimestre, pois esperávamos que os impactos negativos do volume de importações de derivados seriam maiores".
Outro ponto que chamou a atenção de analistas foi a diluição das despesas operacionais, o que minimizou a pressão dos custos na margem Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação).
Cautela - Apesar do lucro trimestral acima do previsto, analistas temem que os próximos resultados da Petrobras não sejam tão animadores.
Pires avalia que alguns fatores negativos permanecem e devem continuar pesando nos resultados futuros: importações de derivados crescentes (subiram para 406 mil barris/dia), preços defasados em relação aos praticados no exterior e custos de produção cada vez maiores.
O Bank of America Merrill Lynch e o BTG Pactual reduziram os preços-alvo para os recibos de ações da Petrobras em Nova York (ADRs), após revisarem suas projeções para o lucro da empresa adiante. Ainda assim, as duas casas mantiveram a recomendação de "compra" para os papéis da companhia.
Para o BofA Merrill Lynch, os defasados preços de gasolina e diesel no Brasil em relação aos valores internacionais, que adicionam custos devido à necessidade de importação de produtos, e a falta de visibilidade sobre os planos de produção para 2013 e 2014 continuam a preocupar.
O BTG Pactual também citou cautela devido aos preços dos combustíveis no mercado interno e à produção. A indicação de "compra" da ação da Petrobras pelo BTG é motivada pela crença de que a administração da companhia terá que agir para melhorar seu balanço, potencialmente reduzindo investimentos e elevando preços dos combustíveis no país, segundo relatório.
A equipe da Planner calcula que os preços do diesel e da gasolina no Brasil precisam de aumento de 32 por cento para chegarem ao patamar internacional.
Na terça-feira, reunião do Conselho de Administração da estatal não tratou de um possível reajuste nos preços dos combustíveis, segundo executivos da estatal.
A Petrobras não tem repassado a alta dos custos para os consumidores, com o governo temendo o impacto na inflação.