Paris - Para Martin Sorrell, vinte e cinco anos de viajar em janeiro aos Alpes Suíços para participar do Fórum Econômico Mundial (FEM) renderam frutos esperados e, também, inesperados: contatos governamentais, contratos com empresas e – há oito anos – amor.
“Conheci minha esposa em Davos”, disse o fundador e CEO da gigante de publicidade WPP Plc. “Eu poderia dizer que encontrei mais do que procurava”.
Ligações românticas à parte, uma semana de discussões, redes de contatos, negócios, diversão e talvez um pouco de esqui são motivos suficiente para que muitos executivos, políticos e investidores comecem o ano com uma viagem marcada para a Suíça.
São os Homens de Ferro de Davos. Dos 2.500 participantes da reunião neste ano, dezenas fazem a peregrinação à cidade mais alta da Europa há décadas.
Wilfried Stoll, da empresa alemã Festo Holding GmbH, é o campeão: ele participou de todas as 36 conferências que ocorreram desde que compareceu pela primeira vez, em 1979, de acordo com os organizadores do fórum.
Em segundo lugar da lista está o bilionário indiano Rahul Bajaj, que está participando da reunião – neste ano, de 21 a 24 de janeiro – pela 35ª vez.
O consultor imobiliário holandês Cornelis van Zadelhoff está de volta pela 34ª vez, o que o coloca à frente do produtor alemão de fertilizantes Helmut Aurenz, que vai pela 33ª vez.
"Me divirto"
“Todos me perguntam por que eu vou, e minha resposta é que vou para não fazer negócios”, disse Bajaj, presidente do conselho da Bajaj Auto Ltd. “Vou porque aprendo muito. Encontro velhos amigos, faço novos amigos e me divirto”.
Oitenta pessoas tinham se registrado para 20 conferências ou mais até o ano passado, e quase 1.000 tinham participado mais de 10 vezes; esses recebem um broche de cristal para usar na lapela, junto com o alfinete distintivo que lhes dá acesso aos painéis e refeições.
O ex-secretário do Tesouro dos EUA Lawrence Summers já conta 22 participações. O investidor bilionário George Soros tem 21. Bill Gates chegará a 20 nesta semana.
O fundador Klaus Schwab, é claro, esteve em todos os 45 encontros desde a primeira reunião no recém-inaugurado centro de convenções de Davos, em 1971. Na época, o evento se chamava Fórum Europeu de Gestão e incluía cerca de 500 participantes oriundos de 31 países. Pelo menos alguns deles compareceram às duas semanas completas da conferência.
Etiqueta de preço
De lá para cá, o evento inchou em tamanho e em custo – as empresas pagam centenas de milhares de dólares para que seus executivos participem. Os custos com hotel, traslado, comida e bebida podem duplicar a conta.
A etiqueta de preço leva alguns críticos a dizerem que o fórum já não passa de uma celebração da riqueza e do livre mercado – algo que os organizadores e muitos dos participantes negam.
“Ao longo dos anos, à medida que passava por distintos trabalhos, percebi que os bate-papos em Davos eram inigualáveis, devido à diversidade das pessoas”, disse o ex-presidente do Banco Central Europeu Jean-Claude Trichet, um veterano que já participou de 22 sessões desde que foi pela primeira vez, na década de 1980, como diretor do Tesouro da França.
Negócios podem ser fechados ou agilizados. Em 2011, Chris Viehbacher, CEO da Sanofi-Aventis SA, e Henri Termeer, da Genzyme Corp., sentaram as bases para um acordo de US$ 20 bilhões no mês seguinte. Dois meses depois, o CEO da Publicis Groupe SA, Maurice Lévy, e o CEO da Omnicom Inc., John Wren, arquitetaram um plano de fusão, embora o acordo não tenha vingado depois.
E os encontros às vezes são... muito informais. Van Zadelhoff se lembra de ter batido um papo com outro representante na sauna do hotel Belvedere na década de 1980 e descobrir depois que seu acompanhante era o primeiro-ministro canadense Pierre Trudeau.
Kim Samuel-Johnson, diretora da The Samuel Group of Companies e, de acordo com o FEM, a mulher que mais participou dos encontros em Davos, 22 vezes, rememora que uma vez chegou atrasada para o almoço e o único lugar vazio era ao lado do arcebispo Desmond Tutu, consagrado com o Prêmio Nobel da Paz.
Encontros surpreendentes
Atualmente, a maior segurança e os rankings dos representantes – os broches distintivos têm cores diferentes, que oferecem distintos níveis de acesso – minaram a camaradagem de antes, de acordo com alguns participantes.
Mas, apesar dos crescentes estorvos, Sorrell diz que não há outro lugar onde preferiria estar nesta semana, seu 26º fórum.
“Para mim, é um modo extremamente eficiente de empregar o tempo”, disse ele. “Clientes, proprietários de meios de comunicação e governos estão juntos em um só lugar. Parece que vai nevar muito. Você pode conhecer alguém em um corredor ou quando for pendurar seu casaco”.
Talvez, inclusive, sua futura esposa.
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1. Para liderar com conhecimento
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1/10 (inner_vision/Flickr)
São Paulo - Um bom administrador precisa se manter sempre atualizado. Pensando nisso, EXAME.com consultou alguns especialistas e elaborou uma lista de 8 livros lançados este ano que vão ajudar os executivos começar 2015 com os horizontes ampliados.
São títulos com conhecimentos práticos para absorver, histórias para se inspirar e outras para aprender a não repetir.
"É importante que o gestor busque publicações que não estão na estante da administração, para oxigenar. É necessário estar atento a temas que não dizem respeito à formação técnica, mas que estão em curso dentro das organizações", diz o professor Anderson Sant'anna, da Fundação Dom Cabral.
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2. Tudo ou nada
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2/10 (Reprodução)
"Tudo ou nada" é uma grande reportagem. Nela, a jornalista Malu Gaspar apresenta ao leitor uma pesquisa profunda sobre o empresário Eike Batista e dá voz a pessoas ligadas a ele que nunca antes haviam se pronunciado sobre sua ascensão e decorrada.
Para a professora Liliam Carrete, da FIA e FEA-USP, a leitura desta obra é indispensável aos executivos para que eles aprendam a não cometer os mesmos erros de Eike. "Ele traz uma linguagem investigativa e explica muito bem o que houve", diz.
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3. Ascensão e queda do império X
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3/10 (Reprodução)
Já "Ascensão e queda do império X", adota outro tom. A obra conta com bom humor as histórias de quem perdeu junto com a queda Eike e também narra como o empresário ergueu seu império a partir do impulso dado pelo pai, Eliezer Batista. "Este livro é muito interessante para os gestores porque não é só uma biografia, ele também explica o mercado de capitais a partir de referências internacionais", diz Liliam Carrete, da USP.
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4. Um país chamado favela
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4/10 (Reprodução)
Fruto de uma intensa pesquisa feita em conglomerados brasileiros, "Um país chamado favela", de Renato Meyrelles e Celso Athayde, traça um perfil sem estigmas desses locais e revela por que eles concentram oportunidades para o país. "O livro mostra como as pessoas da classe emergente se comportam, que valores elas têm. É interessante para os gestores porque grande parte dos consumidores e trabalhadores das empresas faz parte desse público", diz o professor Anderson Sant'anna, do Núcleo de Desenvolvimento de Liderança e Pessoas da Fundação Dom Cabral.
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5. Walking the talk - A cultura através do exemplo
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Na obra lançada em português neste ano, a consultora Carolyn Taylor usa sua experiência prática para definir o que é a cultura organizacional e discorrer sobre a sua importância na condução da estratégia de uma empresa. "O grande desafio dos gestores é a questão da cultura e a Carolyn a coloca de uma maneira muito simples, indicando três principais vetores e como destrinchar cada um deles. Ele ajuda os executivos a entender que a mensagem precisa ser passada em todos os sistemas da empresa, da marca ao modelo orçamentário", diz a professora Leni Hidalgo, do Insper.
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6. Geração de valor
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Neste livro, o autor Flávio Augusto da Silva, nascido em uma família simples da periferia do Rio de Janeiro, conta como se tornou um dos mais jovens bilionários do país ao criar a rede de escolas de inglês Wise Up. "Precisamos estudar a trajetória de empresários brasileiros e não só de nomes como Bill Gates e Steve Jobs. O Flávio não tinha nada, enfrentou muita dificuldade para chegar aonde chegou. É uma história para ser aproveitada tanto na vida profissional quando na pessoal", diz Liliam Carrete, da USP.
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7. O acaso favorece quem se prepara
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7/10 (Reprodução)
Este livro faz parte da coleção "O que a vida me ensinou", da Editora Saraiva. Nele, o economista Maílson da Nóbrega conta como, vindo de uma família pobre do interior da Paraíba, teve de superar medos e obstáculos para chegar ao cargo de ministro da Fazenda. "Além de compartilhar a experiência de Maílson, a obra mostra que é preciso estar sempre preparado para quando a oportunidade pular no seu colo. Se você não estiver pronto, ela vai passar", diz Liliam Carrete, da USP.
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8. A Igreja da misericórdia
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8/10 (Reprodução)
Em seu primeiro livro escrito na posição de Papa, Jorge Mario Bergoglio, o Francisco, escreve sobre o papel de sua figura no mundo moderno e ressalta a importância de servir e acolher os necessitados.
"O Papa Francisco está conseguindo provocar uma revolução em uma instituição milenar e multinacional, que é a Igreja Católica. E ele faz isso com gestos de simplicidade e com coerência entre discurso e atitude. É um exemplo de liderança a ser analisado", considera o professor Anderson Sant'anna, da Dom Cabral.
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9. A loja de tudo: Jeff Bezos e a era da Amazon
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9/10 (Reprodução)
Lançado em português neste ano, "A loja de tudo" conta como a Amazon foi de startup à maior loja online do mundo e transformou a maneira de ler e comprar globalmente. Para a professora Liliam Carrete, da USP, o livro é uma excelente fonte de aprendizado para quem comanda um negócio. "A Amazon representa uma ruptura de paradigma que pode ser comparada à provocada pela Ford com o surgimento do automóvel", diz.
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10. Agora, confira os 5 melhores (e piores) CEOs do ano
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10/10 (Daniel J. Groshong/Bloomberg)