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Executiva demitida por carta sobre Dilma ganha indenização

Depois da carta vir a público e gerar comoção e pressões por parte do PT, o presidente do Santander, Emilio Botín, chegou a anunciar a demissão da analista


	Sinara Polycarpo Figueiredo: na época, o presidente dissera que “a opinião foi de um analista, não é a opinião do Banco Santander"
 (Ana Paula Paiva/Valor/Folhapress)

Sinara Polycarpo Figueiredo: na época, o presidente dissera que “a opinião foi de um analista, não é a opinião do Banco Santander" (Ana Paula Paiva/Valor/Folhapress)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2015 às 20h24.

São Paulo - A ex-superintendente do Santander, Sinara Polycarpo, ficou conhecida no ano passado pelo episódio da "polêmica" carta enviada aos clientes do banco Santander, que alertava sobre os riscos da possível reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Depois da carta vir a público e gerar muita comoção e pressões por parte do PT, o presidente do Santander, Emilio Botín, chegou a anunciar a demissão da analista, que trabalhava há cerca de oito anos no banco.

Na época, o presidente dissera que “a opinião foi de um analista, não é a opinião do Banco Santander".

Sinara entrou com processo contra o banco no TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 2ª Região de São Paulo, que deu ganho de causa para a reclamante por danos morais. O banco foi condenado a pagar R$ 450 mil de indenização em agosto deste ano.

No processo (que pode ser conferido clicando aqui), Sinara alega que sua dispensa sem justa causa decorreu de "odioso ato de perseguição política” e que foi demitida por "nítido ato de discriminação política", causando grandes "tormentas", pois o banco, ao pedir desculpas publicamente pela carta, "fomentou o clamor público sobre o caso, expôs seu nome de forma indevida e, com isso, deteriorou sua imagem pessoal e profissional, taxando-a de 'agitadora política'".

No julgamento, a Juíza do Trabalho, Lúcia Toledo Silva Pinto Rodrigues, diz que o Santander não teve "boa-fé" ao expor a funcionária de alto escalão e que o banco deveria ter "agido com lealdade, ética e respeito perante a funcionária, eximindo-se de expor o caso de forma enfática na mídia e de escusar-se por um ato que apenas relatou a realidade."

A Juíza acrescenta ainda que se o banco quisesse demitir Sinara, ele deveria ter "agido com discrição e guardado para si os motivos de tal escolha" e não anunciar publicamente que ela fora demitida por ter descumprido alguma norma de conduta do Santander, "cuja veracidade da justificativa é controvertida e incoerente."

"Tais circunstâncias fáticas levam à conclusão de que a dispensa da reclamante e as atitudes tomadas pelo reclamado antes e após dispensá-la não foram pautados pelo princípio da boa-fé objetiva, que deve prevalecer em todos os tipos de relação jurídica e, especialmente, nas relações de trabalho."

O processo foi ganho em primeira instância e o Santander ainda recorrerá da decisão. Procurado pelo Brasil Post, o banco afirmou que o caso está sub judice e que "já apresentou o recurso cabível."

Entenda mais sobre o caso

O caso tomou proporções nacionais quando o blog de Fernando Rodrigues, colunista da Folha de S. Paulo, publicou a íntegra do comunicado do banco enviada aos clientes da categoria Select, com renda mensal acima de R$ 10 mil.

Na carta, o banco alertava sobre os riscos da reeleição da presidente, que implicaria na "deterioração" da economia do País:

"Se a presidente se estabilizar ou voltar a subir nas pesquisas, um cenário de reversão pode surgir. O câmbio voltaria a se desvalorizar, juros longos retomariam alta e o índice da Ibovespa cairia, revertendo parte das altas recentes.

Diante desse cenário, converse com seu Gerente de Relacionamento Select para alocar seus investimentos da maneira mais adequada ao seu perfil de investimento."

A mensagem irritou muitos correntistas e membros do PT, que exigiram a demissão dos funcionários envolvidos. Com a pressão, o presidente do Santander, Emilio Botín, veio a público para informar que a analista responsável pela carta havia sido demitida e negou que as opiniões contidas na carta eram as mesmas do banco.

“Quero dizer-lhe (à presidente), isso acontece muitas vezes. Temos 180 mil funcionários em dez países importantes. Isso acontece muitas vezes em muitos bancos”, afirmou Botín, na época.

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