São Paulo – Nesta noite, as melhores práticas empresariais de 18 setores da economia foram premiadas pelo Melhores e Maiores 2015 da Revista EXAME, em cerimônia que aconteceu no Clube Atlético Monte Líbano, em São Paulo.
O evento contou com a presença de Alexandre Tombini, presidente do Banco Central.
Além dos destaques, dois grandes prêmios foram entregues: o de Empresa do Ano e de Melhor companhia de Agronegócio.
Em um ano difícil, como foi o de 2014, a pesquisa analisou minuciosamente tanto os dados dos balanços das companhias, como a maneira como elas atuaram e inovaram frente aos desafios.
O presidente da Editora Abril, Alexandre Caldini, abriu o evento com uma pertinente lembrança a todos. “Já passamos por isso (anos de crise) várias vezes”, disse ele.
“As empresas premiadas hoje são exemplo de sustentabilidade empresarial, de intolerância a práticas ilegais e de princípios éticos”, disse Caldini.
“Que neste momento de crise, pensemos em como ajudar a construir um país mais justo, mais favorável, onde a prática seja a honestidade e onde apenas as empresas realmente mais capazes ganhem”, finalizou ele.
Grandes exemplos
A catarinense WEG foi escolhida a Empresa do Ano do Melhores e Maiores de 2015. O prêmio foi recebido pelo presidente do conselho, Décio da Silva, e pelo presidente da empresa, Harry Schmelzer Junior.
“Atribuímos o prêmio a nossa capacidade de inovar, desenvolver produtos globais e de diversificar para transpor cenários mais desafiadores, como o de 2014”, disse Schmelzer.
A trajetória guiada pela eficiência florestal e rentabilidade contribuiu para que a centenária Klabin fosse escolhida como o destaque do segmento de Agronegócio.
“Os investimentos que fizemos no ano passado nos darão a oportunidade de exportar celulose de fibra curta e vender celulose fluff, usada para produção de fraldas no mercado interno”, afirmou Fábio Schvartsman, presidente da Klabin.
Mais um ano difícil
Para este ano, a estimativa de algumas das companhias premiadas é de seguir com planos de cortes de custos e foco em manter margem de vendas. A Natura é uma delas.
A companhia irá manter seu ritmo de lançamentos de produtos, ação importante no mercado competitivo em que atua.
“Seremos cautelosos a curto prazo, mas sem deixar de investir”, disse Roberto Lima, presidente da companhia.
Apesar dos desafios, a Roche pretende crescer 10% em 2015. Nenhum dos investimentos já programados será cancelado por conta do momento mais difícil.
"Os nossos projetos já vêm de muito tempo, não acontecem de um ano para outro”, afirmou Rolf Hoenger, presidente da farmacêutica.
A experiência em crises anteriores e o fato de contar com profissionais muito bem treinados fará com que Randon, Comerc e Cielo passem ilesas pelos obstáculos, acreditam as empresas.
"Já estamos calejados de várias outras crises. E vamos tentar transformar esta em oportunidades", afirmou Erino Tonon, vice-presidente de estratégia da Randon.
“Teremos sim uma queda na economia, mas precisamos torcer para que isso ocorra o quanto antes, para podermos nos focar em voltar a crescer”, disse, mais otimista, Fernando Simões, diretor presidente da JSL.
A JSL, assim como a Totvs, acredita que a crise também trará belas oportunidades para empresas que fornecem soluções de transporte a tecnologia.
“Temos três áreas que vão sempre crescer muito, educação, infraestrutura e tecnologia, e a gente está numa dessas vertentes”, afirmou Marília Rocca, vice-presidente da Totvs.
Investimento garantido
Não é a crise que fará com que algumas grandes empresas coloquem de lado investimentos de planos desenhados há tempos.
A Lojas Americanas segue esta linha e é uma das que têm planos ambiciosos para o ano.
“Alcançamos nossa meta de abrir 400 lojas em quatro anos e, agora, queremos abrir mais 800 até 2019, chegando a 1,7 mil unidades”, afirmou Murilo Corrêa, diretor financeiro e de RI da empresa, durante o evento.
A meta da Ipiranga é transformar cada vez mais seus postos de combustíveis em centros de conveniência. A estratégia já está sendo adotada há alguns anos.
Hoje, dos 7.000 postos que a empresa tem no país, 1.700 contam com lojas.
No ano passado, a inclusão das "beer caves", câmaras nas quais a empresa vende cervejas artesanais, ajudou a alavancar os resultados. De todas as lojas, 104 já têm esses serviços.
"Isso teve um impacto muito positivo no ticket médio, porque o cliente que vai comprar a cerveja acaba levando outros produtos", diz Leocádio Antunes Filho, presidente da companhia.
Da mesma maneira, a Votorantim Cimentos seguirá com o desenvolvimento de novos produtos, como o concreto permeável criado recentemente.
"Queremos ajudar a inovar dentro da cadeia de valor em geral", afirmou Walter Dissinger, diretor presidente da empresa.
Novos rumos
Ter passado a ser controlada pela Videolar e não mais pela Petrobras faz com que a Innova tenha planos de diversificar seus produtos, antes focados mais no fornecimento para a estatal.
“Desta forma, importar matéria-prima, como ABS, por exemplo, poderia ser uma opção”, disse Flávio Barbosa, diretor presidente da companhia.
Ao contrário, a Telefônica terá de se adaptar a um grande negócio fechado: a compra da GVT.
“Este ano estamos muito focados em criar sinergia entre essas duas empresas”, afirma Amos Genish, presidente da companhia.
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1. As premiadas
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1/19 (Joe Raedle/Getty Images)
São Paulo - Em tempos difíceis, a busca por eficiência e competitividade acaba por ser crucial para empresas que querem preservar sua história, seu negócio.
A 42ª edição do Melhores e Maiores de EXAME premia as companhias que foram destaque nesse sentido em 18 setores da economia. Para chegar ao resultado, balanços de 3.000 empresas e 80.000 indicadores financeiros foram minunciosamente checados e analisados. O estudo foi feito em parceria com a FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Veja, a seguir, quais empresas foram destaque.
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2. Samarco - Mineração
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2/19 (Divulgação/Samarco)
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Samarco conseguiu crescer mesmo em meio à desaceleração econômica e queda no preço do minério de ferro. Ela obteve a melhor rentabilidade do setor e é destaque pela terceira vez, com um faturamento de 2,6 bilhões de dólares e lucro de 1 bilhão de dólares. O segredo, segundo a empresa, é planejamento, controle de custos e fidelização de clientes. Ela inaugurou sua quarta unidade de produção, que já estava nos planos desde 2008.
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3. Klabin – Papel e Celulose
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3/19 (Marcelo Min)
A retração da economia e, consequentemente, do setor de embalagens, além da desvalorização do real, não assustaram a
Klabin, maior produtora brasileira de papéis para embalagens. Com o cenário nacional fraco, ela decidiu focar no mercado externo. As vendas ao exterior devem atingir de 35% a 40% do faturamento até o fim deste ano e 50% até 2016. Para atender essa demanda, a empresa realizou o maior investimento de sua história: 6,8 bilhões de reais em uma nova fábrica, que começará a operar ano que vem.
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4. Innova – Química e Petroquímica
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4/19 (Divulgação/Innova)
A transferência de controle acionário da Innova, que passou da Petrobras para a Videolar, deu um fôlego novo para a empresa investir. Apesar de um ano “perdido” com os entraves da venda, a Innova manteve sua margem de vendas em 11%. Em 2015, ela irá investir mais de 30 milhões de reais, o triplo do valor de 2014, e pretende recuperar o mercado que perdeu para concorrentes estrangeiras.
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5. Cielo - Serviços
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5/19 (Paulo Fridman/Bloomberg)
É a décima vez que a
Cielo ocupa a posição de melhor empresa de serviços no ranking Melhores e Maiores, da EXAME. Em 2014, 518 bilhões de reais passaram pelas suas máquinas, presentes em 1,6 milhão de estabelecimentos. Junto com o Banco do Brasil, firmou sua mais importante parceria, criando a companhia Cateno para realizar as transações dos cartões Ourocard. Ela também abriu sua primeira loja física em São Paulo, pensando em atrair novos clientes.
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6. CBMM – Siderurgia e Metalurgia
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6/19 (Arquivo)
A procura por carros mais eficientes é uma enorme oportunidade para a Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia. Ela é a maior produtora de nióbio do mundo, com 80% do mercado. A adição desse mineral no aço torna o carro mais leve e, portanto, exige menos combustível. O minério ainda é desconhecido na indústria e a empresa quer aumentar sua utilização também em outras áreas, como componentes eletrônicos.
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7. Telefônica – Telecomunicações
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7/19 (Susana Vera/Reuters)
Maior empresa do setor no país, a Telefônica viveu grandes transformações em 2014. Com a compra da operadora GVT, antes controlada pela Vivendi, ela obteve acesso a uma rede de fibra óptica em 156 cidades. Depois da aquisição e com uma nova diretoria, a dona da Vivo no Brasil quer melhorar a imagem da empresa no ranking de reclamações do Procon em São Paulo. Além disso, almeja se tornar mais digital, vendendo mais aplicativos para smartphones.
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8. Hering – Têxtil
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8/19 (Divulgação/Hering)
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Hering está na liderança no setor têxtil por conta de sua geração de riqueza, de 33.500 dólares por funcionário, e sua rentabilidade, de quase 24% de retorno sobre investimento. No entanto, o desânimo no consumo, o encalhe de peças nas lojas e a desvalorização do real, que encarece peças importadas, são alguns dos desafios que a centenária precisará enfrentar. Para combater esses desafios, a varejista quer aumentar as vendas sem precisar abrir novas lojas.
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9. Lojas Americanas – Varejo
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9/19 (Lia Lubambo/EXAME/Exame)
Em um ano que o varejo teve o pior desempenho dos últimos 11 anos em vendas, a
Lojas Americanas cresceu 7% e faturou 3 bilhões de dólares. A varejista anunciou seu plano mais ambicioso para o futuro, com uma meta de abrir 800 lojas e dois centros de distribuição nos próximos cinco anos. Para isso, ela irá investir 4 bilhões de reais. Para oferecer os produtos mais adequados, a companhia quer conhecer melhor os hábitos dos seus consumidores. O BradesCard, um cartão de crédito criado em parceria com o Bradesco, pode ajudar nisso.
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10. Ipiranga – Atacado
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10/19 (GERMANO LUDERS)
Pelo quinto ano consecutivo, a Ipiranga foi eleita a melhor empresa do setor de atacado. A rede de postos de combustíveis continua investindo para se transformar em uma companhia de serviços. Ela detém hoje 43% do mercado de conveniência no país e oferece aos clientes caixas eletrônicos, padaria e wi-fi grátis. Suas vendas totais alcançaram 20,2 bilhões de dólares no ano passado.
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11. Randon – Autoindústria
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11/19 (.)
A Randon Implementos, principal empresa do grupo Randon, foi o destaque do setor de autoindústria em 2014. Ela lucrou 59 milhões de dólares no período, um retorno de quase 12% sobre seu patrimônio líquido. Parte dos ganhos está relacionado à incorporação de uma fornecedora, que gerou uma economia de 1,5 milhão de reais por ano. O conglomerado, no geral, teve queda nas receitas.
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12. WEG – Bens de capital
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12/19 (Germano Lüders/EXAME)
Em 2014, a receita líquida da WEG chegou a 8,2 bilhões de reais, (4,8 bilhões só com o braço de equipamentos elétricos). Seu sucesso pode ser creditado, em partes, à mira no exterior. Hoje, mais da metade do faturamento vem de produtos que ela fabrica fora do país e de exportações. No ano passado, ela comprou uma fabricante de motores para eletrodomésticos na China e também está construindo uma planta própria no país.
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13. Natura – Bens de consumo
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13/19 (Divulgação / Natura)
A rentabilidade da Natura em 2014, de 37,6%, foi a segunda maior de todo o setor de bens de consumo, atrás apenas da Souza Cruz. Apesar disso, a companhia ainda tenta retomar a liderança na venda de perfumes, perdida para O Boticário há dois anos. Com esse objetivo, ela tem investido em produtos para adolescentes e para a classe C e em vendas pela internet e no exterior. Sua receita líquida foi de 2,1 bilhões de dólares no ano passado.
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14. Whirlpool – Eletroeletrônico
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14/19 (Daniel Acker/Bloomberg)
Mesmo com o bem-sucedido lançamento da cervejeira Consul durante a Copa, a Whirlpool teve queda nas receitas em 2014. O lucro de 215 milhões de dólares e o retorno líquido de 20,4% sobre o patrimônio no ano, porém, fizeram com que ela fosse eleita pela terceira vez seguida a melhor do setor. Nos últimos 12 meses, a empresa cortou 15% dos funcionários no país. Para reverter o quadro, continua apostando em novos produtos, como a máquina que transforma cápsulas em refrigerante e cerveja.
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15. Comerc – Energia
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15/19 (Divulgação/Comerc)
A Comerc atua no comércio livre (não regulado) de energia e gere 15% desse mercado no país. Por conta do lucro líquido de quase 30 milhões de dólares no ano passado, que gerou um retorno de 66% sobre o patrimônio, ela aparece pela primeira vez no Melhores e Maiores. Focada em energia renovável, a empresa criou uma certificação que mede a quantidade de gás carbônico que outras companhias deixam de lançar no ar. Mais de 1.200 selos já foram emitidos.
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16. Roche – Farmacêutico
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16/19 (Sebastien Bozon/AFP)
A estratégia da Roche para crescer é priorizar a venda de medicamentos de alto custo a hospitais do SUS. Cerca de 35% das vendas da empresa no Brasil já vêm desse nicho. Ela também aposta em drogas para o tratamento de câncer e nas áreas de imunologia e neurologia. Nos últimos três anos, a companhia investiu 370 milhões de reais em pesquisa e desenvolvimento no país.
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17. Votorantim – Indústria da Construção
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17/19 (Marcos Rosa/VEJA)
Apesar do baque sofrido com a economia fraca, a Votorantim Cimentos não tirou o pé do acelerador. Em 2014 ela ampliou uma fábrica e deu andamento à construção de outras duas. Neste ano, mais quatro plantas devem começar a ser levantadas. Para o curto prazo, a empresa cortou gastos com telefonia, viagens e consultoria e desenvolveu novos concretos. Sua receita em 2014 foi de 2,3 bilhões de dólares, uma queda de 1% ante o ano anterior, e o lucro chegou a 370 milhões de dólares.
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18. Totvs – Indústria Digital
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18/19 (Germano Lüders/EXAME.com)
Com a economia firme ou em crise, 14% da receita líquida anual da Totvs sempre é investido em inovação. No ano passado, a empresa mudou seu modelo de negócios. Os clientes agora pagam uma mensalidade para acessar os softwares da companhia pela internet, sem necessidade de instalá-los em seus próprios computadores, o que deve aumentar o faturamento no médio prazo. A Totvs detém metade do mercado de softwares de gestão no país e faturou 530 milhões de dólares em 2014.
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19. JSL - Transportes
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19/19 (Divulgação)
A
JSL é a maior operadora logística rodoviária do país, com 6.500 caminhões, 1.300 ônibus e 50.000 carros rodando pelo Brasil. Apesar disso, a retração econômica deve obrigar a empresa a operar com margens reduzidas. Mas a crise pode ser uma boa oportunidade. Ela quer atrair novos clientes que queiram reduzir custos com a terceirização do serviço de transportes.