Ryan Black, fundador da Sambazon: ""Eu sabia que o açaí poderia ser algo grande, o mercado americano não conhecia o produto" (Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 30 de março de 2025 às 09h09.
Última atualização em 1 de abril de 2025 às 05h39.
Las Vegas, Estados Unidos — O açaí caiu na graça do americano. Ou pelo menos esse é o esforço diário do americano Ryan Black com a marca Sambazon. O ex-jogador de futebol americano (que entrou em campo pela Universidade do Colorado) conheceu a iguaria brasileira há mais de 20 anos quando estava em Porto de Galinhas, em Pernambuco, surfando com amigos. Depois de pesquisar sobre as propriedades do açaí, considerado um superfood, decidiu empreender no setor e disseminar o produto pelos Estados Unidos.
O que começou com a importação de contêineres no início dos anos 2000 se tornou um negócio milionário com duas fábricas no Brasil, exportação para 50 países e produção de quase 20.000 toneladas por ano.
"Eu sabia que o açaí poderia ser algo grande, o mercado americano não conhecia o produto. Com o tempo percebi que poderia fazer algo realmente importante, não só como um negócio, mas para promover a sustentabilidade e a preservação da Amazônia", diz.
A entrevista foi concedida à EXAME durante a feira de expositores do Multi-Unit Franchising Conference 2025, em Las Vegas, um dos maiores eventos globais voltados para franqueados. Uma delegação com mais de 50 brasileiros participou do evento a convite da CommUnit.
Na feira, a Sambazon apresentou seu modelo de licenciamento de loja, a nova aposta para crescer no país. Presente em mais de 50.000 pontos de vendas, incluindo grandes redes de supermercado, casas de suco e lojas de produtos naturais, a marca inaugurou há depois anos sua primeira loja e já conta com unidades em universidades e aeroportos.
As fábricas no Pará e Amapá são abastecidas com a colheita de 20 comunidades ribeirinhas certificadas pela companhia. “Queremos produzir açaí com respeito ao meio ambiente e aos produtores locais, por isso trabalhamos sem intermediários”, explica.
A empresa já deu seus primeiros passos no mercado brasileiro. A Sambazon já vende seus produtos em algumas redes supermercados e pretende abrir lojas no país até o final do ano.
Porém, a disputada está cada vez mais acirrada. O mercado global de açaí deve ultrapassar os US$ 1,96 bilhão até 2028. No Brasil, novas redes de açaí surgem e ganham mercado, como é o caso da The Best Açaí, que já soma mais de 500 unidades em cinco anos. Sem falar das pequenas lojas autônomas que tomam conta do Brasil.
No varejo, a Frooty está presente em e no abastecimento de restaurantes e lojas especializadas. Em 2023, a companhia anunciou a aquisição da americana Makai numa tentativa de dominar o foodservice por lá também.
A paranaense Polpanorte, que disputa espaço nas gôndolas dos supermercados, anunciou a abertura de quiosques no ano passado. Enquanto a Sambazon produz cerca de 20 toneladas de açaí por ano, a Polpanorte tem capacidade de processar 160 toneladas de açaí por dia e atende majoritariamente o mercado interno brasileiro.
No exterior, a briga por participação de mercado inclui outra gigante: Oakberry. Presente em 40 países e com 400 lojas em operação só no Brasil, a marca é em muitas localidades sinônimo da categoria.
Mesmo com a expansão da concorrência, a Sambazon cresceu 25% em 2024. “Não crescemos isso todo ano, mas estamos satisfeitos com os resultados, especialmente com as novas lojas e o aumento da aceitação do produto”, diz Ryan.
O empreendedor vê a concorrência de maneira positiva. “Eu torço para todas essas empresas porque acho que o aumento da concorrência só beneficia o mercado como um todo. Quanto mais empresas vendendo açaí, mais as pessoas conhecem o produto”, afirma.
"Nosso trabalho não é só expandir a marca, mas também educar os consumidores sobre os benefícios do açaí e mostrar que, ao comprar o produto, eles estão ajudando a preservar a Amazônia e apoiar as comunidades locais", completa.
(A repórter viajou a convite da CommUnit)