O executivo Sigurjon Arnason, do banco Landsbanki, foi sentenciado a 12 meses por manipulação de mercado que levou a crise financeira de 2008 (Getty Images)
Karin Salomão
Publicado em 21 de novembro de 2014 às 08h12.
São Paulo - O ex-executivo Sigurjon Arnason, do banco Landsbanki, foi considerado culpado pela corte islandesa por manipulação de mercado, que acabou levando o banco à crise financeira de 2008.
“Essa sentença é uma grande surpresa para mim, já que não fiz nada de errado”, disse Arnason à Reuters. A sentença pode ser diminuída em nove meses.
Outros executivos do banco Landsbanki, Ivar Gudjonsson, ex-diretor de negociação de propriedades, e Julius Heidarsson, banqueiro, também foram sentenciados a nove meses.
Segundo o Financial Times, os indícios contra o Landsbanki têm duas linhas principais. Em primeiro lugar, a própria mesa de negociações do banco se colocava como compradora de suas ações.
Em segundo lugar, à medida que vendia mais e mais ações, o banco se aproximava do limite de possuir apenas 10% de sua participação. Para recomprar as ações, pegou dinheiro emprestado de diversas empresas. Além de não ser o suficiente, essa ação colocou o banco em risco.
Segundo o procurador da Islândia, Olafur Hauksson, a mesa de negociações do banco era responsável por 79% de todas as vendas de ações.
Outros bancos
Executivos dos bancos Glitnir e Kaupthing já haviam recebido sentenças de prisão no início desse ano. Larus Welding, antigo diretor executivo do banco Glitnir, foi sentenciado por fraude no ano passado, entre outras acusações.
Os três bancos faliram em 2008, depois de adquirir ativos por um valor aproximadamente 10 vezes maior que toda a economia da Islândia. Ao lado de Landsbanki, Kaupthing e Glitnir eramk responsáveis por 90% de todo o sistema financeiro do país.
Hreidar Mar Sigurdsson, antigo chefe executivo do banco Kaupthing, que já foi o maior do país, recebeu uma sentença de prisão de cinco anos e meio. Essa foi a sentença mais pesada aplicada a fraude financeira na história da Islândia.
“Descobrir se criminalidade estava envolvida é uma parte importante das consequências da crise. E, caso positivo, é tratada da mesma forma que outros crimes. O que é novo nesse caso [de manipulação de mercado] é que foi uma atividade que afetou o processo de decisões do banco”, disse o procurador Olafur Hauksson ao Financial Times.
A Islândia foi um dos países que mais severamente puniu executivos e outros envolvidos na crise se 2008. O antigo primeiro ministro, Geir Haarde, também foi culpado de negligência na crise, mas não foi sentenciado.