Deloitte: empresa é acusada de tentar encobrir os problemas com testemunho falso e arquivos adulterados (Foto/Wikimedia Commons)
Reuters
Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 14h15.
Última atualização em 5 de dezembro de 2016 às 16h13.
Washington - A afiliada brasileira da auditoria Deloitte Touche Tohmatsu concordou nesta segunda-feira em pagar US$ 8 milhões para resolver alegações do regulador dos Estados Unidos de que a companhia emitiu relatórios falsos de auditoria e tentou acobertar o problema.
A multa para a Deloitte Touche Tohmatsu Auditores Independentes é a maior já imposta pelo Public Company Accounting Oversight Board, regulador do setor de auditorias nos EUA.
Doze ex-parceiros da Deloitte Brasil e outras pessoas também sofreram sanções no caso, anunciou nesta segunda-feira o órgão norte-americano, conhecido pela sigla em inglês PCAOB.
Em uma ocasião, um dos auditores da Deloitte disse para outro que "tudo que discutimos nunca aconteceu", segundo o PCAOB. No acordo, a Deloitte Brasil admitiu que violou os padrões de controle de qualidade e que falhou em cooperar com a inspeção e a investigação do PCAOB.
O órgão insistiu nas admissões porque "isso demonstra a seriedade" do ocorrido, disse Claudius Modesti, diretor de investigações do órgão. Os 12 funcionários chegaram a um acordo sem admitir ou negar qualquer irregularidade.
Segundo o PCAOB, a auditoria realizada em 2010 pela Deloitte Brasil na companhia aérea Gol Linhas Aéreas Inteligentes foi deficiente de várias maneiras.
O auditor não conseguiu obter evidência suficiente de que a companhia aérea estava registrando de maneira precisa seus depósitos de manutenção, por exemplo. A Deloitte Brasil, porém, deu mesmo assim um atestado de saúde financeira à empresa.
Posteriormente, a auditoria adulterou dezenas de documentos para acobertar deficiências na auditoria, quando a PCAOB investigou a auditoria da Gol Linhas Aéreas como parte de uma inspeção regular da auditoria no Brasil.
Pessoal da Deloitte Brasil também mentiu para o órgão regulador, disse ele.
Os 12 ex-funcionários da Deloitte Brasil alvos de sanções do PCAOB incluem o ex-líder de práticas de auditoria da companhia e o ex-diretor nacional de práticas profissionais.
A maioria dos funcionários foi suspensa ou impedida de trabalhar para companhias que auditem companhias dos EUA.
A Deloitte Brasil também concordou com outras sanções, entre elas a nomeação de um monitor independente e a proibição de aceitar certos trabalhos de auditoria até que o monitor confirme que a companhia adotou medidas para remediar os problemas.
A Gol Linhas Aéreas não é acusada de qualquer irregularidade no caso.
Separadamente, a afiliada da Deloitte no México pagará US$ 750 mil para resolver alegações do PCAOB de que não adotou as medidas apropriadas para documentar suas auditorias. As duas afiliadas são legalmente separadas da Deloitte nos EUA.
Fonte: Dow Jones Newswires.