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Os desafios logísticos que podem atrasar a chegada da vacina da covid-19

Estudo da DHL mostra que distribuição da vacina pode exigir 15.000 voos e 15 milhões de entregas em caixas de refrigeração para manter temperatura adequada

Cientistas questionam vacina da Rússia contra covid-19: "dados estranhos" (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Cientistas questionam vacina da Rússia contra covid-19: "dados estranhos" (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 17 de novembro de 2020 às 06h00.

Última atualização em 17 de novembro de 2020 às 12h58.

Com o avanço do desenvolvimento de vacinas contra a covid-19, a população mundial começa a querer respirar aliviada e a vislumbrar o fim da pandemia. Na segunda-feira (16), o laboratório Moderna divulgou que sua vacina se mostrou 94,5% eficaz contra a covid-19. Na semana passada a Pfizer divulgou que sua vacina é mais que 90% eficaz. No entanto, uma questão complexa tem potencial para dificultar a chegada da vacina a toda a população do planeta: a logística.

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A DHL, uma das maiores transportadoras do mundo, elaborou junto com a McKinsey um estudo sobre os principais gargalos que podem dificultar a chegada da vacina da covid-19. “As vacinas estão em desenvolvimento, mas sua habilidade em encerrar essa pandemia depende de uma cadeia de suprimentos efetiva que consiga conectar diversos locais de produção ao público”, diz o CEO da DHL, Frank Appel, no documento.

O estudo explica que as vacinas em estágios mais avançados de desenvolvimento envolvem novas plataformas tecnológicas, o que gera impactos significativos na cadeia logística. Tanto a vacina da Moderna quando a da Pfizer são desenvolvidas com base em uma tecnologia inovadora usando o RNA.

“Diferentes plataformas devem vir com diferentes requisitos de temperatura para transporte e armazenamento. Como resultado, as capacidades de distribuição regional, assim como de empacotamento e sustentabilidade no transporte, estão todos em função dos requisitos de temperatura para a segurança e eficácia das vacinas”, afirma o estudo.

Essas temperaturas podem ficar entre 2ºC e -8ºC, o intervalo padrão para transporte de vacinas. Mas podem chegar a até -80ºC, o que tornará o transporte das vacinas muito mais complexo. Isso porque, em situações normais, os pesquisadores gastam um tempo considerável estudando a estabilidade das vacinas, ponto-chave para determinar as condições nas quais elas podem ser transportadas e armazenadas.

No entanto, com a pressa devido à pandemia, alguns produtores podem aderir a requisitos de temperatura extremos, a fim de garantir a manutenção da eficácia da vacina durante o transporte. Isso é mais provável para as vacinas desenvolvidas via RNA, como é o caso das vacinas da Moderna e da Pfizer, para as quais existem menos dados de estabilidade.

Caso alguma delas seja a primeira aprovada, pode ser necessário garantir o transporte a -80 ºC, o que gera enormes desafios. Nos cálculos da DHL, fornecer a vacina para o mundo todo deve exigir até 200.000 embarques de palets, 15.000 voos e 15 milhões de entregas em caixas de refrigeração.

Com isso, a disponibilidade de embalagens apropriadas e a quantidade máxima de gelo seco permitida no transporte aéreo têm potencial para limitar o embarque da vacina, caso não haja um preparo adequado, diz a companhia.

Também haverá desafios para garantir a distribuição em grande parte da África, América do Sul e Ásia devido à falta de capacidade da cadeia logística local para fazer o transporte em temperaturas tão baixas.

O estudo sugere que governos e organizações não-governamentais estabeleçam planos especiais parta garantir esse abastecimento. Traz ainda sugestões para lidar com desafios logísticos extremos no futuro. Dentre elas estão ter um plano de ação claro pré-determinado e criar uma rede de parcerias entre poder público e o setor privado.

 

 

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