Joyce Duarte Caseiro e Pedro Moraes, da Terça da Serra: “A ideia é que seja um lugar tão ou mais bonito que a casa em que ele morava" (Terça da Serra/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 5 de setembro de 2024 às 16h05.
Última atualização em 5 de setembro de 2024 às 16h15.
Já se foi o tempo em que pessoas idosas eram vistas como um público alheio e pouco consumidor. Hoje, a chamada economia prateada — nome dado aos negócios destinados a pessoas com mais de 60 anos — está em plena ascensão, impulsionada por uma geração de idosos mais ativos, conectados e com poder de compra.
Esse público, que já representa 15% da população brasileira, busca não só saúde e bem-estar, mas também tecnologia, entretenimento e experiências de consumo que promovam sua autonomia e qualidade de vida.
No mundo, a economia prateada já movimenta cerca de 7,1 trilhões de dólares. Para os negócios, então, é uma oportunidade de ganhar novos mercados e vias de faturamento. Até porque, com o aumento na expectativa de vida dos brasileiros, trata-se de um público cada vez maior. Até 2030, os idosos representarão 24% da população do país.
Um casal do interior de São Paulo está de olho nesse movimento.
A médica Joyce Duarte Caseiro e seu marido, o economista Pedro Moraes, são donos do Terça da Serra, uma franquia de residenciais para idosos criada em 2014 e que hoje já fatura 115 milhões de reais, com vistas de chegar em 150 milhões de reais neste ano.
A empresa, com 160 unidades espalhadas pelo país e 2.500 leitos, tem uma abordagem diferente de casa para idosos. Por ali, tem piscina, cinema e sala de jogos, e os hóspedes podem receber visita a hora que quiserem. O objetivo é fazer o espaço ser, realmente, uma casa.
“Não é um lugar que cheira xixi e é escuro e onde o idoso vai para ficar abandonado”, diz Moraes. “A ideia é que seja um lugar tão ou mais bonito que a casa em que ele morava. E que ele vai estar mais acompanhado do que em casa. Esse é nosso foco”.
Quando a médica Joyce Duarte Caseiro criou a Terça da Serra, a ideia era ocupar uma lacuna no mercado de residências senior. Ela buscava uma instituição de longa permanência com cuidado mais humanizado para seu avô diagnosticado com Alzheimer.
"Eu queria que ele tivesse qualidade de vida, assistência de qualidade e se sentisse em casa. Queria muito mais do que um lugar onde o idosos dorme, come e toma banho", diz.
Como não achou nada, decidiu, ela mesma, criar uma casa de repouso. Encontrou-a em Jaguariúna, num espaço com 12 quartos.
“Era quase uma república de idosos, para poder cuidar bem do avô dela”, diz Pedro. “A história começou com um caso familiar. E deu muito certo”.
Aos poucos, Joyce foi fazendo parcerias com outros médicos conhecidos, que abriram também suas unidades de Terça da Serra. Em 2017, depois de uma consultoria, resolveram estabelecer um modelo de expansão por franquia. Em dezembro de 2020, o Grupo SMZTO, referência no investimento em franquias, tornou-se sócio da rede, fazendo parte do conselho da marca e com a missão de impulsionar ainda mais o crescimento da franquia.
“Pensávamos que iríamos ter umas 20 casas, mas demos um salto gigante e hoje estamos com 160 unidades”, diz.
As unidades oferecem serviços como:
O foco da empresa não é fazer mega investimentos, conseguindo manter um preço para classe média e alta.
“São casas de 20 a 30 leitos. Não fizemos mega prédios, não fomos atrás desses super investimentos imobiliários”, diz. “Vamos fazendo casas com cara de casa, com poucos leitos, porque isso permite que um franqueado invista e que não precise cobrar uma mensalidade de luxo”.
A perspectiva é que, em quatro anos, a rede dobre de tamanho e chegue a 300 unidades. Mercado tem, segundo Pedro.
“Hoje o mercado tem por volta de 8.000 casas de repouso no Brasil, sendo metade filantrópica, metade privada, e pelos números de pessoas que precisam desse serviço, o mercado deveria ser pelo menos 10 vezes maior”, diz Pedro. “A demanda está grande, e estamos aqui para atendê-la”.
Há, claro, um desafio de quebrar preconceitos culturais. A infraestrutura robusta é uma das estratégias para driblar esse pensamento. “Não queremos ser a casa da vovó feliz, queremos ser um residencial senior sério, em que as pessoas vivam numa comunidade”.