BTG Pactual: a prisão do então presidente do BTG, André Esteves, no mês passado, provocou uma crise no banco (Nacho Doce/REUTERS)
Da Redação
Publicado em 11 de dezembro de 2015 às 20h32.
A tentativa do Grupo BTG Pactual de vender sua participação na maior operadora de estacionamentos do Brasil está atraindo o interesse de empresas de private equity como KKR e Gávea Investimentos, segundo fontes informadas sobre o assunto.
A participação acionária do banco de investimento na Allpark Empreendimentos Participações e Serviços, conhecida como Estapar, poderia chegar a R$ 1,5 bilhão, disseram duas fontes diferentes informadas sobre o assunto em 1º de dezembro.
A Gávea, o KKR e o BTG não quiseram comentar o assunto.
Os fundos estão sendo atraídos pelo modelo de negócio estável da Estapar diante da recessão do Brasil, disseram duas fontes, que pediram anonimato por discutirem informações privadas. A Estapar possuía 613 estacionamentos no fim de 2014, segundo seu balanço financeiro.
O BTG é o acionista controlador da Estapar, de acordo com o website da empresa. O banco comprou uma participação de 50 por cento na empresa em 2009.
Problemas do BTG
Embora ainda esteja em estágio inicial, o processo está avançando rapidamente por causa da situação do BTG, que tem sede em São Paulo, segundo uma das fontes.
A prisão do então presidente do BTG, André Esteves, no mês passado, provocou uma crise no banco, que está vendendo ativos para reforçar a liquidez. Esteves, que é acusado de tentar obstruir uma investigação de corrupção, negou irregularidades por meio de seu advogado.
Alguns dos outros investimentos do banco -- como a rede de academias de alto padrão Bodytech -- podem ser mais difíceis de vender porque estão diretamente ligados ao desempenho da economia, disse uma das fontes.
Após uma retração da economia este ano estima-se que a recessão do Brasil se estenderá até 2016 com aumento do desemprego e queda na renda. Além disso, o país enfrenta uma incerteza crescente, enquanto avança no Congresso o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Rede D’Or
O futuro do BTG depende, em parte, de sua capacidade de levantar recursos com a venda de ativos do seu portifólio de investimentos, que vai de energia a uma empresa de recuperação de dívidas em atraso.
Na semana passada, o banco vendeu o resto de sua participação na rede de hospitais Rede D’Or São Luiz ao fundo soberano de Cingapura, o GIC Pte, que já era acionista da empresa.
Outros fundos que poderiam ter interesse nos ativos do BTG podem ter dificuldade para concluir rapidamente os procedimentos para finalizar uma transação. Isso poderia ser problemático para o BTG conter uma crise de confiança, disse uma fonte a par do assunto.
As ações do BTG subiam 8,3 por cento às 11h25 desta sexta- feira, para R$ 13,10, em São Paulo.