Raphael Guaraná Menezes e Silvana Dorta, da Jardins&Co: 20% das vendas em 2023 serão para imóveis no exterior (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 22 de setembro de 2023 às 08h33.
O vaivém da política e da economia na América Latina costuma, de tempos em tempos, provocar bolhas no mercado imobiliário em cidades dos Estados Unidos e da Europa com grandes comunidades de latino-americanos.
Vide o exemplo de Miami, na Flórida, cuja região metropolitana praticamente dobrou de tamanho desde 1980 (hoje são 6,2 milhões de habitantes) muito em função da chegada maciça de latino-americanos, sobretudo cubanos e venezuelanos.
Mais recentemente, argentinos e até mesmo colombianos e chilenos engrossaram a fila, receosos com o rumo da economia em seus países.
Na Europa, o metro quadrado dos imóveis na capital espanhola Madri vem batendo recordes ano a ano na esteira da aquisição de imóveis de alto padrão por um público muito semelhante ao responsável por turbinar o mercado imobiliário de Madri.
Os destinos estão na mira dos empreendedores Raphael Guaraná Menezes e Silvana Dorta.
Eles são sócios da Jardins&Co, uma imobiliária de alto padrão aberta para atender clientes interessados em comprar residências nos arredores dos Jardins, região nobre de São Paulo.
Aberta há sete anos, a Jardins&Co deve fechar o ano com 500 milhões de reais em vendas. É uma alta de 25% sobre o ano passado.
"Perto de 20% do resultado deste ano deve vir da aquisição de imóveis de luxo no exterior", diz Menezes. "Esse número tem tudo para aumentar daqui para frente."
Formado em administração de empresas, ele abriu o negócio após alguns anos assessorando amigos na prospecção de residências de alto padrão ao redor dos Jardins, bairro por trás do nome e do DNA do negócio.
Como parte da estratégia conectada à região, boa parte dos corretores ligados à empresa acabam morando ou exercendo outras atividades profissionais por ali mesmo.
"É uma forma da gente conseguir atender de um modo mais especial, no sentido de não só mostrar apartamentos, casas e coberturas, mas entender realmente como funciona a dinâmica dos bairros", diz ele.
Por trás do foco na operação fora do Brasil está a vontade de vender outros produtos a uma base de clientes fiéis da Jardins&Co. "Há uma demanda desse público por algum investimento em moeda forte para contornar a volatilidade do câmbio", diz Menezes.
O movimento está em linha com o de concorrentes. Empresas especializadas em imóveis de alto padrão, como Coelho da Fonseca e Bossa Nova Sotheby’s também possuem estruturas para atender clientes brasileiros com olho no exterior.
A diferença, na visão dos sócios, está no fato de a Jardins&Co trabalhar com corretores que vivem próximos dos imóveis à venda. Por isso, a ideia agora é contratar os serviços de parceiros locais em cada um dos quatro mercados prioritários para a Jardins&Co nos próximos meses:
Para além de olhar lá fora, a Jardins&Co chamou a atenção por inovações na forma de vender aos clientes de sempre e em São Paulo.
Em setembro, a Jardins&Co foi uma das imobiliárias escolhidas pela incorporadora Idea!Zarvos para formar um pool com outras três imobiliárias do tipo boutique e focadas no público de alta renda.
Por trás do pool está a ideia de formar um banco de informações único de imóveis da Zarvos à disposição do mercado e também dos clientes em busca desses produtos.
Assim, o objetivo é minimizar o risco de um mesmo imóvel ser oferecido para o mesmo cliente via mais de um corretor, uma situação com potencial de gerar desgastes na relação de todas as partes envolvidas numa relação comercial desse tipo.