Domingos Adriano, da Exxer: “Foi um período de altíssima demanda, fusão em andamento e ainda um grande projeto para entregar" (Exxer/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 18 de março de 2025 às 16h24.
Existem indústrias que todo mundo conhece—automobilística, farmacêutica, alimentícia. Mas há também as menos óbvias. Que tal uma que fabrica mini-fábricas para escolas técnicas? Esse é o negócio da Exxer, empresa com operação em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul que produz equipamentos para ensino profissionalizante e que, silenciosamente, se tornou a maior do setor na América Latina.
E em um ano, a empresa mais que dobrou de tamanho.
O faturamento saltou de 37,5 milhões de reais em 2022 para 91,7 milhões de reais no ano seguinte — um avanço de 144,37%. O salto colocou a Exxer no 11º lugar na categoria de empresas com receita entre 30 e 150 milhões de reais, segundo o Exame Negócios em Expansão, o maior anuário de empreendedorismo do país.
O que explica esse crescimento? Um contrato milionário com o Senai, conquistado após a fusão entre Exsto e Labtronix, duas empresas tradicionais do setor. A junção, concluída em 2021, formou a Exxer e permitiu à nova empresa ampliar sua presença no mercado. “Sozinhas, as duas empresas teriam brigado até a morte nesse edital. Juntas, conseguimos vencer e crescer mais do que imaginávamos”, afirma Domingos Adriano, diretor da Exxer.
O contrato impulsionou as receitas de 2022 e 2023, mas também trouxe desafios. “Foi um período de altíssima demanda, fusão em andamento e ainda um grande projeto para entregar. Tínhamos que dar conta de tudo ao mesmo tempo”, diz Adriano.
Agora, o cenário é de ajustes. Sem um novo grande edital à vista, a receita de 2024 tende a se estabilizar em patamares mais próximos aos de 2022.
A história da Exxer começa na fusão entre a Exsto e a Labtronix, duas empresas que já atuavam há mais de 20 anos no mercado de equipamentos didáticos. O movimento aconteceu em 2021 e foi motivado tanto por questões estratégicas quanto pelo edital do Senai.
No Brasil, fusões e aquisições costumam ser processos turbulentos, especialmente quando envolvem culturas empresariais diferentes. Mas, no caso da Exxer, o modelo adotado ajudou na transição.
“O que deu certo foi a simetria”, afirma Adriano. “Eram duas empresas de porte parecido, com faturamentos próximos e número similar de funcionários. Não houve um lado muito maior engolindo o outro, o que costuma ser um problema.”
Além disso, os sócios das duas empresas entraram na fusão com participações equivalentes. “Se um lado ficasse dominante, poderia gerar conflitos. Mas fizemos uma fusão bem equilibrada”, diz Adriano.
Mesmo assim, houve desafios. Algumas pessoas não se adaptaram e deixaram a empresa. Cargos foram reorganizados para evitar sobreposição de funções. Mas, no fim, a fusão fortaleceu a companhia. Hoje, a Exxer é a maior fornecedora de equipamentos para ensino técnico da América Latina.
Explicar o que a Exxer vende para quem não é do setor pode ser complicado. Mas Adriano faz uma analogia simples.
“Pensa num curso de medicina. O aluno primeiro treina em um modelo de anatomia antes de operar um corpo humano de verdade. No ensino técnico, é parecido. Um estudante de automação industrial, por exemplo, precisa aprender a programar máquinas antes de mexer numa linha de produção real. É isso que a gente entrega: laboratórios completos, com equipamentos industriais em escala reduzida, para os alunos praticarem com segurança”, afirma.
O portfólio da empresa atende desde cursos de mecânica e eletrônica até áreas mais avançadas como Indústria 4.0 e automação inteligente.
Com o grande contrato do Senai finalizado, a Exxer agora aposta na diversificação para manter o crescimento.
“O mercado de ensino técnico flutua muito, depende de investimentos do governo. Já passamos por crises antes e aprendemos que é preciso se preparar para os ciclos”, afirma Adriano.
Uma das estratégias é ampliar a presença em instituições privadas e internacionais. Hoje, a maior parte dos clientes está em escolas públicas e institutos federais, mas há espaço para crescer fora desse nicho.
A empresa também avalia novas tecnologias e parcerias para continuar expandindo o portfólio. O objetivo? Consolidar-se como referência global em soluções para ensino técnico.
“Nosso crescimento nos últimos anos provou que temos capacidade de entrega. Agora, queremos dar o próximo passo e levar a Exxer para um novo patamar”, afirma Adriano.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.
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