Celso Vieira Júnior e Wladimir Nascimento, da Projinste: modelo de negócio quer acelerar os prazos na construção civil (Divulgação/Divulgação)
Editor de Negócios e Carreira
Publicado em 14 de outubro de 2024 às 10h07.
Última atualização em 14 de outubro de 2024 às 17h33.
O mercado de construções modulares está crescendo em todo o mundo. Daqui cinco anos, as empresas deste setor deverão movimentar 97 bilhões de dólares. Será uma alta de 52%, de acordo com estimativa da consultoria indiana Mordor Intelligence.
Em uma explicação simples, trata-se de um sistema de construção com peças fabricadas longe do canteiro. As peças podem ser apenas paredes ou, então, a construção inteira.
Depois de prontas, elas são transportadas para a obra, feito peças do brinquedo Lego. Ali, há apenas toques finais — encaixe nas fundações, instalações hidráulicas e elétricas, entre outras.
O método modular tem algumas vantagens sobre o convencional. A começar pela limpeza do canteiro. A mistura de cimento com água feito pelas betoneiras é bem menos usada do que numa obra com tijolos comuns, por exemplo. Além disso, a montagem das placas costuma demandar menos operários do que numa obra usual.
O engenheiro Celso Vieira Júnior é um dos maiores entusiastas da tecnologia no Brasil. Ele é uma das lideranças da Projinste, empresa de Bragança Paulista, no interior paulista, dedicada a construções metálicas e modulares.
A Projinste é uma das empresas que mais cresce no país. Em 2023, a receita operacional líquida da empresa, de 7 milhões de reais, foi 243% acima do resultado obtido no ano anterior.
O resultado colocou a Projinste no ranking EXAME Negócios em Expansão, o maior anuário do empreendedorismo do Brasil. Na edição de 2024, a empresa ficou na posição 17 entre 142 negócios selecionados na categoria entre 5 a 30 milhões de reais de faturamento.
A história da Projinste começou três décadas atrás. Na ocasião, Vieira Júnior e os sócios montaram a empresa para instalar infra estruturas como redes e antenas para a Telesp, estatal de telefonia no estado de São Paulo privatizada em 1998. (Atualmente é a operadora Vivo.)
Com a telefonia fixa e celular chegando a quase 100% dos domicílios, a Projinste procurou novos mercados. Um deles foi a construção de hospitais e postos de saúde públicos.
Na guinada para a construção civil, os sócios perceberam a montanha de desafios de quem opera neste setor. A começar pela falta de mão de obra qualificada.
"Além disso, as construtoras estavam quase sempre à mercê do vaivém dos preços de materiais convencionais de obra, como tijolos e concreto", diz Wladimir Nascimento, sócio da Projinste ao lado de Celso Vieira Júnior.
Foi no espírito de superar problemas comuns aos concorrentes que a Projinste focou tempo e energia em métodos inovadores de construção. Por causa disso, os sócios da Projinste rodaram o mundo em busca de referências.
Uma das viagens mais importantes foi à Califórnia, considerada o berço da construção modular. O estado americano tem algumas das legislações ambientais mais duras do mundo.
Em paralelo, os trabalhadores dali ganham um dos salários mínimos mais altos dos Estados Unidos: 16 dólares por hora. Uma obra em Los Angeles ou São Francisco precisa ser erguida rápido — e fazer pouca bagunça.
De lá, voltaram com a certeza sobre a validade do modelo de negócio da Projinste.
"Hoje, o carro-chefe da empresa é a construção de grandes projetos, como galpões logísticos e indústrias", diz Vieira Júnior.
"Ao mesmo tempo, temos uma mescla grande de clientes, pois também erguemos imóveis residenciais, como estúdios para aluguel via Airbnb."
Na raiz da expansão acelerada da empresa nos últimos anos está, sobretudo, a maior disposição dos clientes em apostar em novas tecnologias para suas construções.
A demanda em alta tem permitido à Projinste vender mais produtos aos mesmos clientes. Recentemente, a empresa participou de obras num shopping center no interior paulista.
Em função do bom trabalho, a empresa também foi chamada para construir um estande de vendas instalado dentro do shopping.
A meta para 2024 é dobrar o faturamento e fechar o ano com vendas entre 16 a 20 milhões de reais.
O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).
O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.
Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023.
A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais. Após uma análise detalhada das demonstrações contábeis das empresas inscritas, a edição de 2024 do ranking foi lançada no dia 24 de julho.
São 371 empresas de 23 estados brasileiros que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros.