Daniele Amaro, fundadora e presidente do conselho, Pedro Góes, CEO, e Edson Gonçalves, Cofundador e VP de Produto da Paytrack: aporte de R$ 240 milhões é o maior já feito no setor de tecnologia para viagens corporativas no Brasil (Paytrack/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de janeiro de 2025 às 12h00.
Última atualização em 22 de janeiro de 2025 às 12h55.
A rotina de quem precisa viajar a trabalho costuma ser um caos. Notas fiscais espalhadas pela carteira, pedidos de reembolso que nunca são processados sem estresse e orçamentos que não batem. Para as empresas, a gestão desses processos é um quebra-cabeça, cheio de aprovações complicadas e falhas de controle.
É aí que entra a Paytrack, uma empresa de Blumenau, cidade catarinense a 150 quilômetros de Florianópolis. Ela quer acabar com essa dor de cabeça. Fundada há oito anos, a companhia desenvolve uma plataforma "tudo em um" para gerenciar viagens corporativas. Hoje, atende 7.000 empresas, incluindo gigantes como JBS, Weg e Sicredi. Em 2024, movimentou cerca de 3 bilhões de reais em despesas de seus clientes.
Agora, a empresa está recebendo uma aposta e tanto para crescer. Ela acaba de captar 240 milhões de reais numa rodada série B liderada pelo fundo de investimento Riverwood Capital. O valor é o maior aporte já feito no setor de tecnologia para viagens corporativas no Brasil.
O dinheiro será usado para ampliar a operação comercial, melhorar o atendimento ao cliente e lançar novos produtos.
A Paytrack também quer aumentar sua presença em capitais e investir em tecnologia para deixar a experiência de uso ainda mais simples.
“Nosso objetivo é seguir inovando para ajudar empresas a economizar custos e melhorar a gestão de suas viagens e despesas", diz Pedro Góes, CEO da Paytrack. "Esse investimento vai acelerar o desenvolvimento de novas soluções e nossa expansão".
Trata-se de uma aposta apoiada num crescimento do setor, principalmente com o retorno da normalidade após os períodos de restrição da pandemia. Até 2028, espera-se que esses gastos alcancem 2 trilhões de dólares. Hoje, estão na casa de 1,5 trilhão de dólares, de acordo com a associação de viagens a trabalho, a Global Business Travel Association (GBTA).
A Paytrack nasceu em 2017. A ideia era simplificar a gestão de viagens corporativas, depois que os fundadores perceberam que grandes empresas enfrentavam dificuldades em monitorar pedidos de viagens, adiantamentos e prestações de contas.
“Tudo era fragmentado. As empresas não tinham visibilidade ou controle", diz Góes, no negócio há seis anos. "Criamos uma solução integrada para resolver isso”.
A plataforma automatiza desde o pedido de viagens até o reembolso.
Funciona assim: o funcionário solicita a viagem pelo aplicativo, que já processa a aprovação e até carrega os valores no cartão corporativo. Ali, ele pode escolher o voo, hotel, tudo como uma agência de turismo normal. Durante a viagem, ele usa o app para lançar as despesas e tirar fotos dos comprovantes. O sistema valida as informações usando inteligência artificial e envia os dados automaticamente para o financeiro da empresa, já garantindo o reembolso, por exemplo.
“Com o aplicativo, você bate uma foto da nota e joga fora", diz Góes. "A prestação de contas já vai para o financeiro no formato correto”.
Com sede em Blumenau e um escritório em São Paulo, a Paytrack atende 7.000 empresas, principalmente médias e grandes, no Brasil e em países como Argentina, Chile e Estados Unidos. Empresas como JBS e Sicredi utilizam a plataforma para centralizar a gestão de suas despesas.
O modelo de negócios é baseado em software como serviço (SaaS), com cobrança proporcional ao número de usuários ativos. “Nosso foco está em clientes enterprise", diz. "Eles pagam pelo que usam, com flexibilidade para escalar conforme necessário”.
Em 2024, a Paytrack atingiu mais de 1 milhão de usuários ativos e cresceu, em média, 80% ao ano nos últimos três anos. Esse crescimento chamou a atenção do mercado. “Sempre equilibramos crescimento e eficiência. Nunca fomos uma empresa que queima caixa”, afirma Góes.
A expansão comercial é a principal prioridade. O plano é reforçar a equipe própria de vendas, contratando mais executivos em São Paulo e outras capitais estratégicas. Além disso, a empresa quer aumentar sua presença em eventos corporativos e realizar encontros próprios para gerar networking.
Outro foco é aprimorar a experiência do usuário. “A viagem corporativa exige mais do que tecnologia. Precisamos garantir um apoio humanizado ao viajante, algo que nossos clientes valorizam muito”, afirma Góes.
A evolução da tecnologia também está no radar. A plataforma, que já é considerada a mais completa do setor, vai receber investimentos para ampliar integrações com ERPs e sistemas de pagamento. “Queremos continuar na vanguarda, entregando o que as empresas precisam para simplificar suas operações”, diz o CEO.
Francisco Alvarez-Demalde, cofundador da Riverwood Capital, acredita no potencial da empresa para transformar o mercado.
“A Paytrack criou uma plataforma transformadora, fácil de usar e que combina gestão de despesas, viagens corporativas e soluções fintech", diz. "Estamos empolgados em fazer parte dessa jornada”.
Embora o foco de 2025 esteja no mercado brasileiro, a internacionalização está no horizonte. A Paytrack já atende empresas com operações fora do Brasil e vê potencial em consolidar sua presença na América Latina nos próximos anos.
Para sustentar esse crescimento, a empresa planeja contratar 130 pessoas ainda em 2025. “Crescemos rápido e precisamos manter nossa qualidade. Contratar pessoas alinhadas com a cultura da empresa é um desafio, mas é essencial para nosso sucesso”, diz Góes.
Outro desafio é acompanhar a digitalização das empresas clientes.
“O mercado já entende a importância de integrar processos, mas implementar essas mudanças ainda exige tempo e ajustes. Estamos aqui para ajudar nessa transição”, diz o CEO.