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Essa startup usa IA para saber se o cliente dentro da loja está feliz — e disposto a comprar mais

O objetivo é usar a inteligência artificial para oferecer uma ferramenta que promete “ler” sentimentos a partir das expressões faciais de clientes e funcionários

Victor Dantas, diretor de tecnologia e inovação da Moldsoft: "A tecnologia consegue identificar rostos humanos e sugerir o atendimento mais apropriado" (Daniel Giussani/Exame)

Victor Dantas, diretor de tecnologia e inovação da Moldsoft: "A tecnologia consegue identificar rostos humanos e sugerir o atendimento mais apropriado" (Daniel Giussani/Exame)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 11h50.

FORTALEZA, CE* — Você já entrou numa loja e ficou com aquela impressão de que o atendente leu sua mente? E se, ao invés disso, ele estivesse apenas seguindo uma sugestão de uma inteligência artificial avançada, analisando sua expressão facial e tentando adivinhar se você está em um bom dia - e propenso a comprar?

É isso que a startup cearense Moldsoft quer oferecer com o Mold IA X, um novo produto lançado neste mês. 

Fundada em 2007, a Moldsoft já está bem consolidada, com cerca de 300 funcionários e uma carteira de 100 clientes, entre eles gigantes como Hapvida, Arco e Unimed. Tradicionalmente, a empresa se destacou no setor de consultoria para projetos de CRM (Customer Relationship Management), atuando com o Salesforce, que ajuda empresas a organizar o contato com seus clientes e otimizar as interações. Já é um mercado de 58 bilhões de dólares mundialmente, mas, agora, quer dar um passo além na experiência do consumidor.

O objetivo é usar a inteligência artificial para oferecer uma ferramenta que promete “ler” sentimentos a partir das expressões faciais de clientes e funcionários. E com isso, desenvolver qualquer tipo de estratégia.

Do sorriso ao clique de compra

A proposta é ambiciosa: com algoritmos de machine learning, o Mold IA X lê, em tempo real, imagens de câmeras espalhadas pelas lojas e analisa feições faciais para categorizar sentimentos, como alegria, surpresa, preocupação e até impaciência.

 O sistema gera insights em tempo real, mostrando a reação de quem está na loja. 

“A tecnologia consegue identificar rostos humanos e sugerir o atendimento mais apropriado, cruzando dados do cliente com as reações que ele apresenta,” diz Victor Dantas, diretor de tecnologia e inovação da Moldsoft.

Depois, com o consentimento do cliente, o rosto pode ser cadastrado num banco de dados. Aí, toda vez que o cliente voltar à loja, ele será identificado. Para o atendente, além de saber o nome, saberá também em que seção da loja a pessoa ficou mais tempo e por que tipo de produto se interessou. 

Nós conseguimos identificar o rosto de um cliente específico e alertar o CRM sobre a última compra dele, produtos de preferência e até o atendente com melhor perfil para recebê-lo,” afirma Dantas. “Quando o cliente é recebido com essa precisão, ele se sente mais valorizado.”

Além do setor de vendas, o Mold IA X pode ser adaptado para diversos usos. 

No ambiente de trabalho, por exemplo, o sistema promete ajudar na análise de clima organizacional, monitorando como os funcionários reagem ao longo do dia. Já no setor de saúde, ele pode identificar sinais de desconforto em pacientes na sala de espera, alertando a equipe para agir rapidamente.

Como funciona o Mold IA X

O funcionamento dessa IA é baseado na combinação de câmeras e algoritmos avançados, que reconhecem expressões faciais e relacionam com o banco de dados do cliente. O produto é personalizável e conta com diversas aplicações, como:

  • Reconhecimento facial para identificação de clientes e personalização de atendimento.
  • Análise de sentimento para compreender o estado emocional do cliente em tempo real.
  • Provador virtual com Realidade Aumentada (RA), permitindo que o consumidor visualize produtos, como óculos ou acessórios, em seu rosto, sem precisar vestir fisicamente.
  • Detecção de EPI (Equipamentos de Proteção Individual), útil para monitorar a adesão ao uso de segurança em ambientes de trabalho.

Além de varejo e saúde, a empresa trabalha para levar a solução a setores como educação e entretenimento. 

“No ambiente escolar, conseguimos analisar, por exemplo, o impacto de cada professor no humor e desempenho dos alunos,” afirma Dantas. 

Já em eventos culturais, como shows e palestras, a IA pode verificar quais momentos de uma música ou fala mais impactam a plateia, medindo a empolgação e resposta emocional do público em tempo real.

Para a Moldsoft, a aposta é alta. “A área de inovação foi criada recentemente, mas com essa tecnologia pretendemos atingir uma fatia considerável do faturamento da empresa nos próximos anos,” diz Dantas. A empresa cearense, que começou com consultorias em CRM e outsourcing, agora aposta na IA para trazer o próximo passo da personalização no varejo e além.

Discussão sobre inteligência artificial

O lançamento do produto aconteceu no Siará Tech Summit, evento de inovação organizado pelo Sebrae do Ceará. Por lá, houve muita discussão sobre inteligência artificial. Um dos plaestrantes, Diogo Cortiz. Professor, escritor e palestrante especializado em tecnologia, ciência cognitiva e inovação, ele é reconhecido como um dos principais pensadores sobre as transformações sociais, culturais, cognitivas e afetivas das tecnologias emergentes, é palestrante em eventos da ONU, UNESCO e as maiores empresas do mundo.

*A reportagem viajou a convite do Sebrae Nacional

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