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Essa startup usa IA para ajudar os professores a darem aula. Agora, capta R$ 4 milhões para crescer

Empresa criada na pandemia quer auxiliar na eloboração de tarefas e provas e ser um "auxiliar de sala de aula" para as escolas, inclusive públicas

 (Analytica / Johnathan Mello/Divulgação)

(Analytica / Johnathan Mello/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 07h55.

Última atualização em 29 de fevereiro de 2024 às 10h36.

Já é consenso que a pandemia acelerou muito a transformação digital na área de ensino. Escolas, cursos e universidades precisaram, de uma semana para outra, carregar suas “salas de aula” para dentro do computador e do celular dos estudantes. 

Nessa época, dezenas de edtechs surgiram no mercado, muitas com um objetivo em comum: facilitar e acelerar essa transformação.

Findado o pico da pandemia, um novo desafio surgiu para essas mesmas edtechs: como manter (e crescer) a receita, mesmo com as aulas voltando para as salas de aula.

Foi um dos desafios que a startup Analytica, de São Paulo, por exemplo, precisou enfrentar. A plataforma foi criada durante a pandemia para ser um sistema de gestão de ensino (onde é possível cadastrar as lições de casa, aulas gravadas, podcasts e conteúdos para os alunos) cujo diferencial seria a análise de dados dos estudantes para ver em quais assuntos eles tinham maior dificuldade e, consequentemente, fazê-los estudar mais.

Quatro anos depois de sua fundação, a realidade já é outra. O braço que vende esse serviço para as escolas ainda é o mais forte do faturamento, mas a startup precisou lançar novos produtos para seguir atuante. Hoje, também comercializa a plataforma para empresas que querem fazer cursos internos para seus funcionários, e tem toda uma rede de ensino complementar que usa inteligência artificial para ajudar os estudantes a reforçarem os assuntos em que têm mais dificuldade.

Com esse aparato, a startup acaba de receber um aporte de 4 milhões de reais, numa captação liderada pela Iron Capital. O dinheiro será usado para:

  • Aperfeiçoar o sistema da Analytica
  • Gravar conteúdo para os reforços dos alunos

A meta é ter 300.000 alunos usando a plataforma até o final do ano, alcançando uma receita anual de 70 milhões de reais. 

Como a Analytica nasceu

O CEO da Analytica hoje, Marlon Ceni, na verdade é engenheiro civil. A chance de criar uma edtech surgiu quando ele trabalhava num fundo de investimento chamado Five Capital. 

À época, ele atendia dezenas de empreendedores em suas redes sociais, dando orientações sobre como começar e tocar um negócio. 

Dois deles foram Pedro Paranhos e Diego Gomes. Eles surgiram no Instagram de Ceni com a ideia de criar uma plataforma que analisasse as dificuldades dos alunos e os auxiliasse nos estudos. 

Ceni gostou da ideia e liderou a primeira captação de recursos, via amigos e família, para a criação da Analytica. Além disso, tornou-se parte integrante da fundação da startup, em que hoje é CEO. 

“Eles apresentaram o MVP, eu os trouxe para São Paulo e decidimos ir atrás de recursos para colocar essa startup em pé”, diz Ceni.

O que a Analytica faz

Hoje, a Analytica se enquadra numa categoria de edtech chamada de LMS, uma sigla em inglês que, em português significa Sistema de Gestão da Aprendizagem. Na prática, tratam-se de plataformas de aprendizado à distância e de gestão das aulas dadas pelos professores. 

“Queríamos fazer uma ferramenta que melhorasse a vida do aluno, que tivesse vídeo-aulas rápidas, curtas”, diz Ceni. “Na plataforma, há várias pílulas de aula, exercícios, podcasts. E cruza isso com dados, o que ajuda o aluno e o professor a ser mais assertivo”. 

Pela plataforma da Analytica, o aluno pode responder a questionários do professor, fazer provas, exercícios e tirar dúvidas. Quando ele faz isso, gera um banco de informações que podem ser enviados às escolas e aos pais, mostrando o desempenho do estudante. Além disso, também indica para a própria plataforma quais assuntos precisam ser reforçados. Com isso, o sistema enviará mais questões e aulas sobre aquele determinado assunto para o estudante aprender. Quase como um reforço digital. 

“O sistema pega peculiaridades de cada aluno, e vai criando métricas de estudos desse aluno, para ele sempre ir melhorando”. 

Para dar ainda mais gás para esses estudos, a startup produziu, com investimento de 800.000 reais, cerca de 6.500 vídeo aulas de assuntos das mais variadas disciplinas. Esses conteúdos também estão disponíveis no sistema para servirem como reforço para o estudante. 

“Também servimos como apoio para o professor”, diz Ceni. “Como nosso sistema tem inteligência artificial, o professor que quiser aplicar 20 provas diferentes para os seus 20 alunos pode pegar as questões desenvolvidas pelo nosso robô para cada estudante”. 

Hoje em dia, a Analytica oferece esse sistema não só para as escolas, mas também para empresas. É o caso da Ambev, cliente da startup com a marca Zé Delivery. A gigante de bebidas usa a plataforma para educar com Ensino de Jovens e Adultos (EJA) os motoristas que entregam os produtos pela marca de delivery. 

A receita entra para a Analytica por uma taxa de uso por aluno. Usuários como professores e gestores não pagam. Uma escola com 200 estudantes, por exemplo, pagará a tarifa mensal referente a esse número de acessos. 

Quais são os desafios da Analytica

A startup hoje está inserida num universo de 22 bilhões de dólares mundiais, com potencial a chegar a cerca de 52 bilhões de dólares em 2028, de acordo com a consultoria Markets and Markets. 

No mercado de LMS, esses sistemas de ensino, há muito player grande concorrendo e tentando pegar sua parte da fatia do mercado. Gigantes como o Google têm suas próprisa plataformas, como o Google Classroom. Além disso, durante a pandemia, se popularizaram outros serviços já usados, como Canvas e Moodle. 

Para conseguir despontar num setor assim, a aposta é na diferenciação. No caso da Analytica, a alta análise de dados e a inteligência artificial são as “cartas na manga”. 

“Estamos cruzando dados, estamos com inteligência artificial para as atividades, estamos olhando mais para frente”, diz Ceni. “Temos uma idea, por exemplo, de ter salas de aula no metaverso para ajudar estudantes que, por algum motivo, não consigam ir presencialmente à escola. Além disso, temos aulas gravadas, banco de dados com perguntas, base de 200 bancas de vestibular para o aluno treinar, é muita informação junta”. 

Com o aporte de 4 milhões de reais que recebem agora, a ideia é ter uma plataforma ainda mais completa.

Como o aporte será usado 

“Somos um auxiliar de sala de aula”, afirma o CEO. “Na pandemia, tínhamos aulas ao vivo com 300 alunos. Numa tarefa de casa, o professor conseguia enviar 300 perguntas diferentes, usando inteligência artificial e nosso sistema. Ele pode aplicar provas pelo computador, pode ter questões diferentes. Facilitamos a vida do professor”. 

A ideia, com o aporte, é facilitar ainda mais, colocando mais conteúdos, base de dados e informações na plataforma, para ficar à disposição do professor -- e, claro, do estudante. Também querem entrar, de vez, no B2Gov, vendendo a ferramenta para estados da união. 

“Nossa meta é ter 200.000 alunos ativos para reforço de Ensino Médio, e outros 100.000 alunos no EJA, que foi o que vendemos para a Ambev”, diz.

Se a meta for batida, a empresa passará a faturar cerca de 70 milhões de reais anuais, montante maior que seu valuation atual, de 40 milhões de reais. E o Brasil não é o limite. Há planos de expansão internacional, também, que devem ser concretizados com uma outra rodada a ser aberta este ano. 

"Eessa plataforma LMS vai dar essa possibilidade de criar e  educar melhor as crianças para nos termos de alguma forma, lá na frente, um país um pouco melhor, educação é o pilar da sociedade, por este motivo confiamos na Analytica e investimos nesta startup de educação”, diz o sócio diretor da Iron Capital, Bruno Guedes.

Acompanhe tudo sobre:StartupsVenture capital

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