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Essa empresa nos EUA é especializada na clonagem de cachorros — e gera polêmica

Em 1996, a ovelha Dolly tornou-se o primeiro clone de mamífero. Hoje em dia, a prática tem se tornado mais comum, e Javier Milei é adepto dela

Site da ViaGen diz que um cão clonado “é simplesmente um gêmeo genético do seu cão, nascido posteriormente” (iStock/Thinkstock)

Site da ViaGen diz que um cão clonado “é simplesmente um gêmeo genético do seu cão, nascido posteriormente” (iStock/Thinkstock)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 27 de junho de 2024 às 07h10.

Última atualização em 27 de junho de 2024 às 08h44.

John Mendola é um policial aposentado que mora em Long Island, em Nova York. Ele tem duas cachorras: Ariel e Jasmine. Elas ganharam esses nomes em homenagem a uma cadela falecida chamada Princesa - parte Shih Tzu, parte Lhasa Apso - com quem elas se parecem muito. Na verdade, isso não é por acaso: Ariel e Jasmine são clones da Princesa.

Já se passaram quase trinta anos desde que a clonagem de mamíferos tornou-se possível. A tecnologia tem sido usada principalmente para produzir bovinos, ovinos e suínos. 

Segundo a revista New Yorker, desde 2005, mais de dois mil cães foram clonados com sucesso. Biologicamente, sua genética não é tão diferente de vacas ou ovelhas, mas em aspectos a clonagem de animais de estimação é muito mais simbólica. Afinal, o cão doméstico é visto pela maioria dos donos quase como um indivíduo, com personalidade e peculiaridades.
No início da domesticação da espécie, os cães eram mantidos para funções de guarda, caçador e pastor, por exemplo. Porém, na sociedade contemporânea, são companheiros. Como resultado, projetamos neles nossas ideias de individualidade, preferências, medos e estados de espírito.
Nos EUA, a empresa que tem essa tecnologia patenteada é a ViaGen. O site da empresa informa que um cão clonado “é simplesmente um gêmeo genético do seu cão, nascido posteriormente”.
A afirmação desperta debates. Muitos enxergam isso como um discurso de vendas que explora donos de cães em luto que não querem ficar sem seu melhor companheiro. Temos um caso famoso disso, inclusive: do presidente da Argentina, Javier Milei.
Segundo "Loco", a biografia não autorizada de Milei (2023), do jornalista Juan Luis González, o presidente não aceita a morte de seu mastim inglês Conan e se refere a ele como um de seus "cinco" cachorros, que costuma chamar de filhos. Seus outros quatro cães são clones de Conan que Milei mandou fazer nos Estados Unidos, na ViaGen.
Em outra linha da discussão, argumenta-se que já que existem muitos cães nascidos naturalmente, em abrigos, esperando uma adoção.
Em 1996, a famosa ovelha Dolly tornou-se o primeiro clone de mamífero. Ela foi foi sacrificada em 2003, aos seis anos de idade, depois que veterinários encontraram tumores em seus pulmões, mas ela foi preservada em forma taxidermizada no Museu Nacional da Escócia e também teve seus próprios filhos, gerados à moda antiga, por um carneiro chamado David.
Em 2005, pesquisadores da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, coletaram uma amostra da pele da orelha de um galgo afegão chamado Tai e criaram dois cães: Snuppy e outro gêmeo sem nome, que morreu após vinte e dois dias. Snuppy viveu dez anos, todos em laboratório. Aos cinco anos, ele próprio foi clonado: nasceram quatro "cópias", das quais três sobreviveram. Desde o nascimento de Snuppy, a clonagem de cães juntou-se à clonagem de gado como um negócio que pode movimentar muito dinheiro.
Ao todo, mais de uma dúzia de espécies de mamíferos já foram clonadas, incluindo macacos, veados, gatos e búfalos.
Atualmente, os Estados Unidos abrigam cerca de oitenta milhões de cães, e o tipo mais popular é o chamado de raça pura. Ao contrário de um vira-lata, a ascendência do puro-sangue é garantida, registrada por organizações caninas nacionais como o American Kennel Club.
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