Ghosn é pressionado a assinar documentos em japonês sem a presença de advogados, diz esposa (Regis Duvignau/Reuters)
AFP
Publicado em 14 de janeiro de 2019 às 08h48.
Última atualização em 14 de janeiro de 2019 às 11h10.
A esposa de Carlos Ghosn escreveu uma carta à Human Rights Watch, organização de defesa dos direitos humanos, em que critica as "duras condições" da detenção do presidente da Renault.
Em um e-mail de nove páginas que ao qual o AFP teve acesso, Carole Ghosn lamenta que seu marido tenha sido detido, desde sua prisão em 19 de novembro, em uma cela iluminada dia e noite e que ele não tenha acesso a seu tratamento médico diário.
"Todos os dias, durante horas, os inspetores o interrogam, o intimidam, dão aele sermões e o aconselham com o objetivo de extrair uma confissão", escreveu Carole Ghosn.
O empresário de 64 anos é acusado no Japão de quebra de confiança e reduções em suas declarações de renda para as autoridades financeiras por oito anos. Ele alega inocência.
Na carta, sua esposa afirma que os investigadores o pressionaram a assinar documentos em japonês, uma língua que ele não domina, e que ele só recebeu uma tradução oral, sem a presença de seu advogado.
"Peço à Human Rights Watch a se concentrar em seu caso e pressione o governo a reformar seu draconiano sistema de detenção e interrogatório", afirma a esposa do ex-presidente da Nissan e da Mitsubishi Motors.
As condições de detenção de Carlos Ghosn geraram críticas em nível internacional sobre o sistema judicial japonês.
Um tribunal decidiu na semana passada que o CEO poderá começar a receber visitas familiares.
O advogado de Ghosn, Motonari Otsuru, negou que seu cliente tenha sido forçado a assinar documentos escritos em japonês.
"Ghosn não nos disse que nenhuma vez que ele teve que assinar qualquer coisa em uma língua que ele não entende", declarou, indicando ainda que seu cliente foi transferido para uma cela mais espaçosa, com uma cama em estilo ocidental.