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Espionagem na Renault era 'grave' e ameaçava 'ativos estratégicos'

Christian Husson, diretor jurídico da multinacional francesa, comentou sobre o caso de espionagem que afetou a montadora francesa Renault

Logo da Renault: espionagem ameaçava "ativos estratégicos" da empresa (Lionel Bonaventur/AFP)

Logo da Renault: espionagem ameaçava "ativos estratégicos" da empresa (Lionel Bonaventur/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 14h41.

Paris - A fabricante francesa de automóveis Renault admitiu nesta quinta-feira que seus "ativos estratégicos" estão ameaçados por um caso de espionagem industrial, que o próprio governo não hesitou em comparar a uma "guerra econômica".

"Para a Renault, tratam-se de fatos muito graves que envolvem pessoas em posição particularmente estratégica na empresa", informou Christian Husson, diretor jurídico e de ética da multinacional, em declaração por escrito à AFP.

Ele justificou a demissão, na segunda-feira, de três altos diretores suspeitos de terem divulgado no exterior informações consideradas sensíveis devido à necessidade de "proteger sem demora os ativos estratégicos, intelectuais e tecnológicas da nossa empresa".,

"A expressão 'guerra econômica', às vezes excessiva, neste caso é apropriada", afirmou por sua vez o ministro da Indústria francês, Eric Besson, que confirmou esta quinta-feira a gravidade dos fatos, em declarações a uma rádio.

"Sim, infelizmente, o caso parece sério", declarou Besson à emissora privada RTL, destacando que havia discutido o tema com a direção-geral do gigante automotor francês.

"Parece que (o caso) tem relações com o automóvel elétrico, mas não quero falar mais", afirmou.

A Renault, da qual o Estado francês possui 15%, e sua sócia japonesa Nissan já investiram 4 bilhões de euros no desenvolvimento do carro elétrico.

Após a revelação do caso, Besson informou que havia reivindicado o reforço das obrigações em matéria de sigilo industrial para as empresas que se beneficiam de fundos públicos.

Segundo a Renault, a investigação interna lançada em agosto de 2010 "permitiu identificar um conjunto de elementos convergentes que atestavam que as ações" dos diretores suspensos de suas funções "eram contrárias à ética (...) e colocavam em risco consciente e deliberadamente os ativos da empresa".

A construtora decidiu pela demissão após a investigação lançada pelo comitê de ética do grupo, presidido por Husson.

"O processo segue seu curso, mas no momento atual a Renault não deseja fazer mais comentários", disse Husson, acrescentando que a Renault prefere "respeitar e preservar a identidade dos três diretores envolvidos".

A Renault prevê comercializar, em meados deste ano, dois modelos elétricos: o veículo tipo familiar Fluence e o utilitário Kangoo Express.

O segmento elétrico é a vedete da companhia e contará com outros dois modelos: o pequeno Twizy e o Zoe, que devem ser comercializados no segundo semestre deste ano e em meados de 2012.

Segundo fontes do setor, os três diretores dirigiam programas relativos a veículos elétricos da Renault.

Um deles integra o comitê dirigente do grupo, que tem 30 diretores e é chefiado pelo presidente da Renault, o brasileiro Carlos Ghosn, informaram estas fontes à AFP.

As demissões são revogáveis e os diretores foram instados a deixar imediatamente seus escritórios. Este tipo de medida é adotada antes de uma eventual sanção disciplinar.

No direito francês, este tipo de medida provisória e de duração indeterminada permite excluir o funcionário da empresa à espera de uma eventual sanção. O contrato de trabalho fica suspenso e o funcionário não recebe salário.

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