Odebrecht: "Com as informações que o Brasil tem e a enviada ao Departamento de Justiça dos EUA, teremos uma base suficiente para trabalhar" (foto/Bloomberg)
EFE
Publicado em 23 de dezembro de 2016 às 15h50.
Quito - O Ministério Público do Equador realizou nesta sexta-feira uma operação de busca e apreensão nos escritórios da Odebrecht em Guayaquil, onde apreendeu documentos que podem estar relacionados com informações sobre propinas de mais de US$ 35,5 milhões a funcionários do governo.
Na operação, realizada durante a madrugada, foram apreendidas 23 pastas com papéis, três livros e 23 cadernos, além de dois CDs e quatro computadores portáteis, informou o Ministério Público.
Os agentes confiscaram, além disso, uma CPU (unidade central de processamento) e dois HDs externos, ainda segundo a Procuradoria, que solicitou assistência penal sobre este caso a Estados Unidos, Brasil e Suécia.
A operação aconteceu em dois escritórios que ficam em um centro comercial da cidade portuária e, de acordo com o Ministério Público em sua conta no Twitter, buscava "evidências documentais, materiais e digitais que poderiam ser relacionados" com o caso.
O Procurador-geral, Galo Chiriboga, considerou nesta quinta-feira que os relatórios solicitados aos EUA e ao Brasil sobre as possíveis ramificações do assunto no Equador darão a "base suficiente" para investigar os supostos subornos a funcionários do governo equatoriano.
"Com as informações que o Brasil tem e a enviada ao Departamento de Justiça dos EUA, teremos uma base suficiente para trabalhar", disse Chiriboga.
O Departamento de Justiça dos EUA, segundo documentos publicados nesta semana, afirmou que a Odebrecht pagou aproximadamente US$ 788 milhões em propinas em 12 países de América Latina e África, incluindo o Brasil.
O relatório do Departamento de Justiça indica que no Equador, entre 2007 e 2016, a construtora fez pagamentos de mais de US$ 35,5 milhões a "funcionários do governo", o que gerou lucros de mais de US$ 116 milhões.
O governo equatoriano, por sua vez, disse nesta quinta-feira que não descarta que tenha havido "pagamentos ou atos de corrupção" da empresa brasileira que envolvam funcionários, mas afirmou que sua atuação em relação com essa companhia foi correta e lembrou que foi expulsa do país em 2008, embora depois voltou a prestar serviços terceirizados para o Estado.
Além disso, o governo exigiu que sejam revelados os nomes das pessoas envolvidas em supostos atos corruptos.
O secretário jurídico da presidência, Alexis Mera, disse que quando o presidente Rafael Correa chegou ao poder, encontrou "sérias irregularidades" em relação ao projeto da central hidrelétrica de San Francisco, mas não há provas de "depósitos e nem cheques".
Após a retirada da Odebrecht, em 2008, a companhia voltou a prestar serviços terceirizados ao Estado equatoriano em julho de 2010 e participou de cinco obras que foram "auditadas pela Controladoria Geral do Estado", segundo a Secretaria Nacional de Comunicação (Secom).