Samsung nega qualquer irregularidade e se apresentou como vítima do escândalo (Andrew Kelly/Reuters)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2017 às 14h38.
A Samsung está sendo arrastada cada vez mais profundamente para o escândalo que envolve a presidente da Coreia do Sul. Os promotores querem determinar se um cavalo de US$ 830.000 e milhões em outros pagamentos foram feitos para facilitar a sucessão no topo da maior empresa do país.
Promotores especiais convocaram dois altos executivos da Samsung a responder a perguntas na segunda-feira sobre o papel da empresa em um suposto esquema de tráfico de influências que já provocou o impeachment da presidente Park Geun-hye.
O vice-presidente do conselho e o presidente do escritório de estratégia corporativa da Samsung não foram acusados de crimes, mas esse status poderia mudar, segundo um porta-voz do promotor.
Investigadores tentam descobrir se a Samsung fez doações para beneficiar Choi Soon-sil, amiga da presidente, em troca de favores políticos.
Em particular, os promotores querem saber se a presidente pressionou o serviço nacional de pensões da Coreia, um fundo de US$ 452 bilhões com dinheiro de 22 milhões de cidadãos, para que apoiasse a fusão de duas empresas da Samsung Group.
A polêmica transação, que contou com a oposição de alguns investidores, foi aprovada em 2015 e facilitará que o herdeiro natural, Jay Y. Lee, assuma o controle do enorme conglomerado fundado por seu avô.
“A convocação de duas figuras importantes da Samsung Group poderia significar que os promotores estão realizando as últimas verificações antes de convocar Jay Y. Lee”, disse Kim Sang-Jo, professor da Hansung University. “A Samsung está no centro do Choi-gate”.
A Samsung nega qualquer irregularidade e se apresentou como vítima do escândalo. A empresa não quis fazer mais comentários para esta matéria. Choi negou ter conspirado com Park para tirar dinheiro de empresas.
O escândalo político sacudiu a Coreia do Sul e suas maiores empresas. Promotores investigam a relação entre Choi e Park e se Choi exigiu pagamentos a corporações para facilitar seus negócios com o governo. No mês passado, legisladores convocaram nove líderes empresariais para depor em uma audiência pública sem precedentes, que incluiu os chefes dos grupos Hyundai e Lotte.
No entanto, foi Lee, da Samsung, que enfrentou a grande maioria das perguntas. Durante dez horas, os legisladores interrogaram o homem de 48 anos sobre os presentes da Samsung às fundações de Choi.
Lee confirmou que o maior conglomerado da Coreia contribuiu com um cavalo de 1 bilhão de wons usado nas aulas de equitação da filha de Choi.
Ele também admitiu ter se reunido com a presidente duas vezes, mas negou qualquer irregularidade e disse que nunca se sentiu pressionado por Park para financiar as fundações de Choi.
Agora, os promotores estão intensificando esforços para esclarecer como o fundo de pensões da Coreia acabou apoiando a fusão polêmica entre a Cheil Industries e a Samsung C&T em 2015.
Depois que o acordo foi proposto, vários acionistas, entre eles o ativista Paul Elliott Singer, lutaram contra ele, dizendo que o preço de aquisição oferecido pela Cheil era baixo demais e consolidaria o controle da família fundadora às custas dos acionistas minoritários.
Os promotores especiais já prenderam Moon Hyung-pyo, ex-presidente do serviço de pensões. Moon é suspeito de ter pressionado o fundo a apoiar a fusão.