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Após escândalo, L'Oréal pode ser comprada por Nestlé

Empresa suíça estaria interessada em obter controle da marca francesa, da qual já é acionista

A herdeira da L'Oréal, Liliane Bettencourt (Patrick Kovarik/AFP)

A herdeira da L'Oréal, Liliane Bettencourt (Patrick Kovarik/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

Paris - A polêmica em torno da herdeira da L'Oréal, Liliane Bettencourt, trouxe à tona o temor de que a referência da indústria francesa fique sob o controle da gigante suíça Nestlé.

Fundada em 1909 pelo pai de Liliane, a mulher mais rica da França, a L'Oréal é controlada pela família por meio de holding que detém 31% das ações, mas a Nestlé, aliada ao clã Bettencourt desde 1974, possui 29,8% do capital.

Liliane está no centro de uma polêmica de várias facetas, que chega até o governo francês e ao presidente Nicolas Sarkozy, mas que não deixa de ser causada, antes de tudo, por uma briga familiar, entre mãe e filha.

Françoise Bettencourt-Meyers, a filha de Liliane, acusa o fotógrafo François-Marie Banier de ter se aproveitado da velhice da mãe para conseguir dela cerca de 1 bilhão de euros.

Bettencourt-Meyers chegou a pedir à Justiça, sem sucesso, que a mãe fosse declarada incapaz.

Liliane Bettencourt e seus advogados contribuíram para reavivar as especulações sobre o interesse da Nestlé pela gigante da indústria francesa, que emprega 65 mil pessoas e tem um valor de mercado 47 bilhões de euros.

Os advogados da mãe dizem que a filha pretende garantir o controle do grupo para, em seguida, vendê-lo à Nestlé, o que Françoise Meyers-Bettencourt nega veementemente.

Mas essa hipótese pode explicar o interesse do poder político pelo caso e as gravações das conversas telefônicas da multimilionária com o administrador da fortuna dela, Patrice de Maistre.

"Este caso pode, de fato, pôr em risco o futuro de uma das maiores empresas francesas", admitiu a ministra da Justiça, Michèle Alliot-Marie, apesar da tomada de controle pela Nestlé a partir de disputas judiciais entre a família parecer pouco provável.

Liliane Bettencourt cedeu em 2004 suas ações a filha e netos na forma de transmissão de bens com reserva de usufruto, de modo que ela ainda controla os direitos de voto e ainda recebe os dividendos das ações, que os herdeiros não podem passar adiante, apesar de tê-las legalmente nas mãos.

Além disso, a Nestlé e a família Bettencourt, fizeram um pacto proibindo que ambas as partes aumentem seu percentual acionário até seis meses depois da morte de Liliane Bettencourt.

Mas, segundo analistas, a Nestlé deve ter todo o interesse em tomar o controle da L'Oréal e suas marcas (Lancôme, Biotherm, Armani, Cacharel etc.) por seus 1 bilhão de consumidores estimados, principalmente em países emergentes, como afirmou Pierre Tegner, da Oddo Securities.

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