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Equador investigará Odebrecht e não permitirá denúncias seletivas

O governo equatoriano classificou como "infeliz" o exemplo de subornos citado pelo Departamento de Justiça dos EUA praticado pela Odebrecht no Equador

Odebrecht: "no caso Odebrecht, também não permitiremos que ocorra o que ocorreu com os chamados 'Panamá Papers'", disse o governo do Equador (REUTERS/Rodrigo Paiva/Reuters)

Odebrecht: "no caso Odebrecht, também não permitiremos que ocorra o que ocorreu com os chamados 'Panamá Papers'", disse o governo do Equador (REUTERS/Rodrigo Paiva/Reuters)

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EFE

Publicado em 26 de dezembro de 2016 às 18h52.

Quito - O governo do Equador afirmou nesta segunda-feira que quer identificar os envolvidos no esquema de subornos pagos pela construtora Odebrecht, mas ressaltou que não permitirá denúncias seletivas no país.

Em comunicado divulgado hoje pela Secretaria de Comunicação, o governo equatoriano classificou como "infeliz" o exemplo de subornos citado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos praticado pela Odebrecht no Equador porque coincide com o período no qual a empreiteira foi expulsa do país.

O Departamento de Justiça dos EUA, em documentos divulgados na última semana, afirmou que a Odebrecht pagou US$ 788 milhões em subornos em 12 países da América Latina e da África.

O relatório indica que a Odebrecht pagou, entre 2007 e 2016, US$ 35,5 milhões em subornos para funcionários do governo.

"Somos os primeiros a querer identificar os responsáveis, já que o suborno é a forma de corrupção mais difícil de detectar. A conduta do governo sempre foi transparente e decidida em função dos interesses da pátria. Podemos afirmar com firmeza que jamais permitiremos nenhum prejuízo ao país", diz a nota.

No entanto, o governo do Equador lembrou que no escândalo dos Panamá Papers, a imprensa divulgou denúncias não comprovadas e com supostas motivações políticas que envolveram o vice-presidente do país, Jorge Glas.

"No caso Odebrecht, também não permitiremos que ocorra o que ocorreu com os chamados 'Panamá Papers'. As denúncias foram seletivas, tentando envolver por motivações políticas até o próprio vice-presidente", indicou a nota do governo.

"Infelizmente, há claras semelhanças. Apesar de a Odebrecht trabalhar no país desde os anos 1980 e de nos demais casos o período analisado é de 2001 a 2016, para o caso do Equador só se analisou o período de 2007-2016, que coincide com o nosso governo", completou o comunicado da Secretaria de Comunicação.

"Além disso, o exemplo citado pelo Departamento de Justiça dos EUA como caso de corrupção é inutilmente infeliz, já que alega que funcionários públicos receberam propinas em 2007 e 2008, exatamente quando a Odebrecht foi expulsa do país", afirma a nota.

Após detectar erros estruturais na usina hidrelétrica de San Francisco, o presidente do Equador, Rafael Correa, rescindiu todos os contratos da Odebrecht e determinou a expulsão da empresa no país, causando uma grande tensão diplomática com o Brasil.

A Odebrecht voltou ao Equador em junho de 2010, depois de aceitar arrumar os problemas na usina e pagar um valor combinado pela falta de funcionamento da hidrelétrica.

O governo do Equador não descarta que algumas pessoas do Executivo possam estar envolvidas no escândalo, mas destacou que sua atuação se orientou a defender os interesses do país.

"Também não aceitaremos, sem provas, as versões dos diretores da empresa que se declararam culpados de atos de corrupção e que, para atenuá-los, negociam sua responsabilidade na Justiça americana com milionárias multas envolvidas", diz a Secretaria de Comunicação.

"Esperemos que esse não seja o caso, mas não ficaríamos surpresos que o Departamento de Justiça subordine sua administração, mais uma vez, aos interesses da política externa de Washington" , completou.

Por outro lado, a nota reitera o pedido do Equador para que a Justiça e o governo dos EUA "cooperem de maneira ativa e efetiva para a extradição de vários cidadãos equatorianos que, há anos, estão foragidos da Justiça por graves atos de corrupção em nosso país e que vivem plenamente identificados e de maneira confortável nos EUA", concluiu a nota.

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