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Enrolada venda da Cesp é alerta aos candidatos: privatizar é difícil

Incerteza em relação aos rumos do país após a eleição influenciou investidores que haviam demonstrado interesse pela companhia

A maioria dos presidenciáveis quer desestatizar empresas para reduzir o déficit fiscal e melhorar a gestão das companhias (Adriano Machado/Reuters)

A maioria dos presidenciáveis quer desestatizar empresas para reduzir o déficit fiscal e melhorar a gestão das companhias (Adriano Machado/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 05h42.

Última atualização em 2 de outubro de 2018 às 07h12.

Após idas e vindas, o leilão da elétrica paulista Cesp, previsto para esta terça-feira (2), foi cancelado pelo governo. Nesta segunda-feira, o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região cassou uma liminar, expedida na última sexta-feira pelo mesmo tribunal, que suspendia a realização do certame por 60 dias. A liminar atendeu a pedidos de sindicatos de trabalhadores da empresa, que alegavam falta de informações sobre a desestatização e seus impactos trabalhistas e ambientais.

Mesmo assim, o governo decidiu adiar o certame para o dia 19 de outubro. Havia possibilidade de que não houvesse interessados pela compra. Segundo reportagem do Valor Econômico, um a um os investidores que haviam demonstrado interesse pela Cesp, propriedade do governo paulista, vem desistindo de fazer ofertas por causa da incerteza em relação ao rumos do país após a eleição.

A quinta tentativa de privatização da Cesp ilustra as dificuldades dos processos de privatização de empresas públicas no país — e como as propostas de privatizações mais radicais podem se mostrar inviáveis. Segundo um levantamento do Observatório das Estatais, da FGV, o Brasil tem 426 empresas controladas pelas três esferas de governo, ficando atrás apenas da China, conforme informou a última edição de EXAME. Somente a União comanda 146 estatais.

A maioria dos presidenciáveis quer desestatizar empresas para reduzir o déficit fiscal e melhorar a gestão das companhias, mas seus planos de governo tratam do tema de maneira vaga. O plano de Marina Silva (Rede) fala em analisar as privatizações possíveis, poupando Caixa Econômica, Banco do Brasil e Petrobras, que devem permanecer públicas. Já o plano de Geraldo Alckmin (PSDB) também propõe privatizar estatais, para liberar recursos e aumentar a eficiência, mas não dá detalhes de quais seriam vendidas ou não. Apesar de não haver menção a desestatizações no programa pedetista, o assessor econômico de Ciro Gomes, Mauro Benevides, falou em privatizar 77 empresas, durante o Exame Fórum, realizado no início do mês. “Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil estão fora de cogitação”, afirmou.

A proposta mais radical é a de Jair Bolsonaro (PSL). Seu coordenador econômico, o economista Paulo Guedes afirma que venderá todas as estatais para obter 1 trilhão de reais e zerar o déficit público em um ano. A proposta é considerada impraticável por analistas e economistas, considerando todos os embates legais (como ilustram os casos da Cesp e das distribuidoras da Eletrobras) e a necessidade de aprovações por parte do Congresso.

A cifra almejada por Guedes também é tida como impossível. O valor de mercado das principais estatais listadas em bolsa gira em torno de 430 bilhões de reais, sendo a participação da União em torno de 140 bilhões.

Já o candidato petista Fernando Haddad diz que manterá as estatais, mas tentará melhorar sua gestão —tarefa tão ou mais difícil que vendê-las.

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