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Endofinance: o que é e por que a Celcoin, que transacionou R$ 156 bilhões em 2023, aposta na ideia

Fundada em 2016, a empresa foi pioneira ao fornecer tecnologias para qualquer empresa virar uma instituição financeira. Agora, após resultados invejáveis nos últimos dois anos, investirá R$ 50 milhões para eliminar fricções neste processo

Marcelo França, CEO da Celcoin: Próxima onda do banking as a service tudo estar dentro do ambiente do cliente e não mais ser oferecido por meio de plataformas conectadas aos sistemas das empresas (Divulgação/Divulgação)

Marcelo França, CEO da Celcoin: Próxima onda do banking as a service tudo estar dentro do ambiente do cliente e não mais ser oferecido por meio de plataformas conectadas aos sistemas das empresas (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 15 de abril de 2024 às 10h13.

Última atualização em 15 de abril de 2024 às 16h05.

O Brasil tinha 190 milhões de cartões de crédito ativos em junho de 2022, de acordo com dados do Banco Central. Dá quase duas unidades para cada brasileiro em idade economicamente ativa. (São 107 milhões, segundo o IBGE.)

Num sistema financeiro virado de ponta cabeça pelo Pix e pelo open finance, a popularidade dos cartões físicos é vista como uma oportunidade para Marcelo França, um dos empreendedores que mais aproveitaram por essas inovações.

França e Adriano Meirinho são fundadores da Celcoin, uma fintech sediada em Barueri, na Grande São Paulo, dedicada a transformar empresas de qualquer setor num banco.

A Celcoin opera no chamado 'banking as a service', ou seja, no setor de provedores de tecnologia para negócios dispostos a, entre outras coisas, financiar ou simplesmente prestar serviços financeiros a parceiros e clientes por vias próprias — e não através dos bancos convencionais.

Fundada em 2016, a Celcoin exibe números de provocar inveja. No ano passado, o consolidado das transações financeiras realizadas por meio de sua infraestrutura chegaram a 156 bilhões de reais, uma alta de 225% na comparação com o ano anterior.

A lista engloba serviços como Pix feitos, contas pagas ou crédito concedido na infraestrutura bancária dos mais de 5 mil clientes da Celcoin, uma quantia considerável deles de pequeno e médio porte.

Tudo isso levou o negócio fundado por França a ter receita anualizada de 256 milhões de reais em 2023, uma alta de 106% na comparação com o ano anterior. Além disso, a Celcoin opera no azul. No quarto trimestre de 2023, o Ebitda da companhia marcou 8 milhões de reais.

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A aposta no 'endofinance'

A expansão acelerada motivou o plano de investir 50 milhões de reais em 2024. Boa parte da quantia irá para o lançamento do cel_card, um programa de treinamento a empresas dispostas a oferecer cartões personalizados aos seus clientes.

Em paralelo, a empresa terá sua própria Conta Escrow, um tipo de ferramenta comum em grandes bancos para recursos depositados como garantia em operações comerciais que podem envolver grandes quantias, como antecipação de recebíveis, renegociação de dívidas, disputas judiciais, transações imobiliárias e contratos de serviços e fusões e aquisições.

Para França, as novidades estão inseridas num contexto de 'banking as a service' cada vez mais abrangente e integrado ao negócio de quem aposta na ideia. Ele inclusive vem falando o termo ‘endofinance’ para descrever o que acredita ser o futuro da presença financeira dentro das empresas.

"A próxima onda do banking as a service é tudo estar dentro do ambiente do cliente e não mais ser oferecido por meio de plataformas conectadas aos sistemas das empresas", diz França.

Na prática, isso quer dizer que uma empresa do varejo, por exemplo, dependerá cada vez menos de APIs com provedores de serviços financeiros para ela própria virar um banco.

Em vez disso, será o caso do provedor de infraestrutura financeira, como a Celcoin, criar plugins para permitir ao varejista ter um módulo de serviços financeiros dentro dos sistemas que ele já utiliza.

O cliente, portanto, não terá a trabalheira de ficar ligando os pontos entre os softwares dele e o de dezenas (ou, às vezes, centenas) de outros provedores de tecnologia para serviços financeiros.

"Diferente do embedded finance, que foca na integração de serviços financeiros em produtos e plataformas, o endofinance concentra-se em trazer soluções financeiras e bancárias diretamente para dentro da empresa", diz Meirinho.

No Websummit Rio, evento de inovação realizado no Rio de Janeiro entre os dias 15 e 18 de abril, a Celcoin quer apresentar seu primeiro produto decorrente da aposta no endofinance.

Trata-se do MyBenk, uma ferramenta para a oferta de produtos personalizados para clientes, fornecedores, parceiros, franqueados e colaboradores sob sua própria gestão e marca.

"Com recursos de white label e casos de uso específicos para cada grupo de stakeholders, a nova oferta proporciona integração, controle, eficiência e uma nova fonte de receita para negócios de todos os tamanhos", diz Meirinho.

A Celcoin é um Negócio em Expansão

Em 2022, a Celcoin foi uma das empresas selecionadas para a primeira edição do EXAME Negócios em Expansão, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.

A empresa ficou na 19ª colocação na categoria de 30 milhões a 150 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 78% ao longo de 2021. Naquele ano, a empresa teve receita operacional líquida de 60,9 milhões de reais.

No ano passado, os resultados da segunda edição do ranking vieram a público num evento para mais de 400 convidados em São Paulo, em julho do ano passado.

As inscrições para a edição 2024, a terceira do anuário organizado pela EXAME, estão abertas. O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país.

Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.

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