Para Jean-Charles Naouri, a tentativa de fusão com o Carrefour é um "dead deal", o que gerou bate-boca com Abilio Diniz (Cleber Bonato/EXAME)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2013 às 14h41.
São Paulo - Três encontros nas manhãs de quarta, quinta e sexta-feira da semana passada geraram tensões entre os executivos Abilio Diniz, do Pão de Açúcar, e Jean-Charles Naouri, do sócio francês Casino, diz reportagem do jornal Valor Econômico nesta segunda-feira. Os encontros faziam parte da agenda do GPA (Grupo Pão de Açúcar) e ocorrem depois da tentativa fracassada de fusão com a rede varejista Carrefour.
Diniz aproveitou as reuniões para expor um estudo sobre as possibilidades de ganhos com a fusão. Segundo o estudo, feito pelo próprio GPA, se o Pão de Açúcar perder uma chance de fusão com o Carrefour e este for comprado pelo Walmart, seria necessário ao Pão de Açúcar comprar outras 10 das maiores redes de varejo no Brasil para recuperar competitividade. A análise também cogitou a possibilidade da chilena Cencosud tentar adquirir o Carrefour.
Segundo o jornal, ao ouvir isso, o executivo Jean-Charles Naouri reagiu, tirando os fones de ouvido e saindo da sala. Depois, o empresário voltou à reunião, dizendo que Abilio Diniz estava "instrumentalizando a empresa" e que um dos conselheiros do grupo nada entendia de varejo. Essa tensão foi registrada logo na primeira reunião, na quarta-feira. No final da sexta-feira, Naouri, Diniz e sua filha Ana Maria tiveram uma conversa particular, no hotel Pestana, segundo o Valor. Nessa reunião, o executivo do Casino voltou a se opor à análise de Abilio Diniz.
Para Naouri, a tentativa de fusão é um "dead deal", um acordo morto. Segundo o Valor, Diniz pode convocar a holding Wilkes, para cobrar explicações mais detalhadas do empresário do Casino. Advogados do executivo avaliam a melhor saída, para evitar um confronto direto entre os sócios.