Eletricidade: no entanto, o otimismo está acompanhado de uma preocupação relacionada ao possível desabastecimento de água e luz devido ao clima seco do país (REUTERS/Paulo Santos)
Da Redação
Publicado em 14 de março de 2014 às 09h41.
São Paulo - Os empresários estão dispostos a investir mais no Brasil em 2014. É o que indica uma pesquisa da Câmara Americana de Comércio (Amcham-Brasil).
Esse aparente otimismo está acompanhado, porém, de uma preocupação relacionada às condições climáticas e aos efeitos que possíveis desabastecimentos de água e luz podem causar à economia nacional.
O levantamento, conhecido como Expectômetro, ouviu mais de 170 empresários e apontou que 41,6% dos pesquisados pretendem investir mais em 2014.
O número, contudo, poderia ser maior não fossem os problemas estruturais e pontuais da economia brasileira em pleno ano eleitoral. É o caso dos gargalos de infraestrutura e do risco de um novo desabastecimento energético, por exemplo.
Os presidentes da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, e da General Motors na América do Sul, Jaime Ardila, estão preocupados com a condição climática no Brasil neste início de ano.
"Dependemos da chuva", diz Johannpeter. Embora possua contratos de longo prazo, a Gerdau seria afetada, assim como outras indústrias, caso um desabastecimento energético venha a ocorrer.
A General Motors, por sua vez, demonstra maior preocupação com a situação da falta de chuva em São Paulo. "Não temos evidência de que vá acontecer (desabastecimento), mas vemos o nível das represas e ficamos preocupados. Não temos um plano B neste momento. Se não tivermos água, a produção será afetada", disse Ardila. A montadora utiliza água principalmente nas linhas de pintura de veículos.
Dilema
Para esses empresários, os problemas estruturais, como o gargalo em infraestrutura, permanecem sendo um desafio. "Nosso dilema continua o mesmo. É a infraestrutura. Acredito que as eleições irão postergar as decisões importantes (para 2015). O Brasil deve crescer entre 2% e 2,2% em 2014 e menos em 2015", previu o presidente da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) Brasil, Fernando Alves.
Apesar dos problemas esperados para este ano, a pesquisa da Amcham mostra que os empresários mantêm uma visão otimista em relação a este ano. Para 43,8% dos entrevistados, o negócio da própria empresa crescerá "acima" da média da economia. Outros 21,6% traçam um cenário ainda mais favorável, ao projetarem expansão "muito acima" da média da economia.
O presidente da Cargill no Brasil, Luiz Pretti, prevê que o agronegócio será um dos setores que devem manter ritmo mais forte em 2014. "Os preços das commodities estão subindo em função dessa questão climática e continuamos confiantes no agronegócio do Brasil", disse o executivo.
Outro agravante para 2014 é a previsão de menor número de dias úteis em função da realização da Copa do Mundo. "A Copa resultará em uma diminuição de dias úteis. Por outro lado, trará turistas que provocarão algum aquecimento na economia", disse Johannpeter.
Mesmo diante de tantas preocupações, a maioria dos empresários (61,8%) acredita que a economia brasileira crescerá entre 2% e 3,5% em 2014.
"Quando existe sinalização de investimento, é porque há oportunidades no Brasil. Você pode ver oportunidades em outros países da América Latina, mas nenhum tem o tamanho do Brasil", disse o presidente do Citibank no País, Hélio Magalhães. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.