Impressora 3D: a Nano Dimension, de algum modo, se tornou a empresa de tecnologia com as ações de melhor desempenho de Israel em 2015 (Tiskaj zeleno)
Da Redação
Publicado em 11 de janeiro de 2016 às 20h30.
Em um pequeno espaço no segundo andar do mesmo complexo de escritórios da Stratasys, o colosso da impressão 3D, uma pequena recém-chegada israelense está tentando vender aos investidores um futuro onde os objetos físicos se materializam apertando um botão.
A Nano Dimension não está nem perto de alcançar essa meta, mas de algum modo se tornou a empresa de tecnologia com as ações de melhor desempenho de Israel em 2015.
A Stratasys perdeu quase três quartos de seu valor no ano passado, ao passo que a Nano Dimension, que é muito menor, teve um rali de 261 por cento.
Nada mal para uma empresa sem clientes nem receita.
Essa pequena loja de impressão 3D, com 44 funcionários e um valor de mercado de 193 milhões de shekels (US$ 49 milhões), se transformou em uma fonte de esperança para os empreendedores israelenses que lutam para conseguir capital de risco.
A Nano Dimension pegou um caminho heterodoxo para arrecadar cerca de US$ 18 milhões e se tornar uma empresa de capital aberto, mas conseguiu evitar o longo e caro processo de uma abertura.
A Nano Dimension conseguiu entrar na Bolsa de Tel Aviv utilizando o que se conhece como fusão reversa. Nesta, uma empresa privada adquire uma de capital aberto e assim evita as formalidades de uma abertura.
“Vendemos ações como qualquer outra empresa de capital aberto”, disse Amit Dror, o CEO da Nano Dimension. “Só que acontece que somos uma empresa de capital aberto pré-receita”.
Raridade
As fusões reversas são raras. Houve apenas onze em Israel desde o começo de 2014, segundo a Bolsa de Tel Aviv. Mas as aberturas de capital de empresas de tecnologia também se tornaram bastante raras.
Só 26 companhias de tecnologia israelenses passaram por esse processo no mesmo período, segundo um relatório da PricewaterhouseCoopers.
O capital de risco é mais abundante. Desde 2014, mais de 1.100 empresas de tecnologia israelenses reuniram pelo menos US$ 6,6 bilhões, segundo o IVC Research Center em Tel Aviv. Contudo, quem não tem dinheiro reclama que não há suficiente para todos.
Dror disse que passou dois meses fazendo vinte reuniões promocionais com investidores privados na tentativa de conseguir fundos para a Nano Dimension. Sem ofertas atraentes, ele acudiu a Itschak Shrem, 68, um prodígio das finanças conhecido por muitos israelenses porque seus fundos de pensões levam o nome dele.
Shrem assumiu o cargo de presidente da Nano Dimension e conduziu a startup por uma fusão reversa durante os seis meses seguintes.
A empresa completou o processo em agosto de 2014, reunindo US$ 1,5 milhão. Foi suficiente para financiar o desenvolvimento do primeiro protótipo de impressora 3D da Nano Dimension.
A Nano Dimension deu um toque sedutor à impressão 3D para alguns investidores quando outros começavam a perder a esperança. As ações da Stratasys caíram porque muitos investidores acreditam que as impressoras 3D não estarão em todas as casas nem revolucionarão a produção fabril da noite para o dia, disse Brian Drab, analista da William Blair Co.
“Se fosse possível pintar um quadro em que houvesse uma tecnologia de impressão 3D realmente revolucionária em um pequeno nicho de algum mercado exclusivo, seria um cenário muito melhor”.
Dror disse que a Nano Dimension está fazendo exatamente isso. Os clientes que a empresa procura —ainda não tem nenhum— são companhias de produtos eletrônicos e de defesa.
Os circuitos impressos que fabrica são gravados em prata de alta condução feita de nano partículas. Dror disse que a impressora pode reduzir o tempo de processamento das empresas para certos protótipos de semanas para horas.
Se tudo correr bem em uma revisão da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, o próximo passo para a Nano Dimension é entrar no Mercado de Capitais do Nasdaq, que tem os requerimentos de preços mais baixos oferecidos pela bolsa.
Isso e encontrar alguém que compre uma de suas impressoras 3D.