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Empresa dos EUA enfrenta incerteza após apostar na Petrobras

Dresser-Rand teme não receber novas encomendas da estatal para sustentar sua situação no país


	Tripulação trabalha em uma plataforma de petróleo da Petrobras na Baía da Guanabara, em Niterói
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Tripulação trabalha em uma plataforma de petróleo da Petrobras na Baía da Guanabara, em Niterói (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2014 às 16h58.

Rio de Janeiro - A Dresser-Rand, fornecedora norte-americana de equipamentos para o setor de petróleo, que construiu fábrica no Brasil de olho em contratos da Petrobras, teme não receber novas encomendas para sustentar sua situação no país e até o fechamento da unidade após cumprir contratos já firmados de 700 milhões de dólares, disse uma fonte da empresa à Reuters.

O cenário tornou-se duvidoso para a companhia, segundo a fonte, porque a Petrobras tem optado por contratar o afretamento de novas plataformas, no lugar de construí-las no país, sem a exigência de conteúdo local para os chamados turbomáquinas, importante componente produzido no Brasil pela Dresser-Rand.

Assim como a Dresser-Rand, a GE e a Rolls-Royce abriram recentemente fábricas de turbomáquinas no país para atender a Petrobras e com perspectivas de novas encomendas.

A queixa contra os afretamentos, que na avaliação da fonte têm sido mais frequentes, acontece num momento em que a estatal corre contra atrasos na entrega de unidades produtoras de petróleo por estaleiros brasileiros para atingir suas metas de extração.

"Se a Petrobras não exigir conteúdo local nas turbomáquinas dos afretados, as fábricas vão fechar", disse a fonte da Dresser-Rand, pedindo para não ser identificada.

As turbomáquinas --equipamentos como geradores de turbinas a gás, compressores de turbinas a gás e moto compressores-- ainda não têm exigências legais de conteúdo local no país, embora a Petrobras tenha exigido nos contratos com as três empresas.

As três fabricantes têm encomendas firmes com a estatal, para o fornecimento de turbomáquinas, que juntas somam quase 2 bilhões de dólares. As máquinas serão integradas a plataformas que entrarão em operação até 2018.

Mas a fonte da Dresser-Rand acredita que a falta de visibilidade para o futuro deixa o setor desanimado.

"Quando as fábricas foram instaladas, havia perspectiva de crescimento da demanda com a Petrobras, e agora estão afretando", lamentou a fonte, observando que, dessa forma, o setor tem menos garantias de novas encomendas.

Prioridade é Produção

Executivos da Petrobras têm afirmado repetidamente que vão cumprir exigências de conteúdo local previstas em contrato.

Mas, ao cobrar resultados da indústria naval brasileira, que tem atrasado projetos, eles têm sido incisivos ao dizer que a prioridade é cumprir metas de produção.

O temor da Dresser-Rand - num contexto em que a Petrobras pode cumprir exigências legais de conteúdo local dos projetos com outros tipos de máquinas - é de que os turbomáquinas produzidos no país não sejam competitivos quando comparados com os fabricados no exterior.

Ao falar em evento de óleo e gás na semana passada, o gerente de desenvolvimento de negócios da Halliburton no Brasil, Daniel Torres, destacou o problema recorrente.

Ele disse que o custo para a fabricação de equipamentos de petróleo no país é sempre mais alto.

"Só vale a pena se houver uma demanda interna para absorver a produção toda de uma determinada planta", afirmou, durante a participação de um debate. "A operadora tem a opção de não comprar o meu conteúdo local e compensar com outras coisas."

Segundo Torres, empresas fornecedoras que não atuam em toda a cadeia de petróleo e gás --como é o caso da Dresser-Rand, no país-- ficam mais expostas às movimentações das operadoras.

Procurada, a Petrobras afirmou, em nota, que tanto a estatal quanto afretadores priorizam a contratação de bens e serviços no Brasil.

"O principal fator que impacta a cadeia de suprimento da indústria de petróleo e gás não é a exigência de conteúdo local, mas a própria competitividade dos fornecedores", disse na nota.

A fábrica da Dresser-Rand foi inaugurada em São Paulo, no ano passado. Seu contrato com a Petrobras, de mais de 700 milhões de dólares, prevê o fornecimento de compressores de gás para oito plataformas que irão para os campos de Lula e Sapinhoá, no pré-sal da Bacia de Santos.

Já a GE está menos exposta às movimentações da Petrobras, uma vez que tem diversas atividades fabris no Brasil.

A norte-americana ergueu fábrica em Recife para atender contrato de 500 milhões de dólares com a Petrobras, que prevê a entrega de tubormáquinas para quatro plataformas da Cessão Onerosa, na Bacia de Santos.

Procurada, a GE disse que a unidade foi projetada "inicialmente" para atender esse contrato com a Petrobras e que está "bem posicionada para atender projetos futuros na unidade".

Já a britânica Rolls-Royce, que vendeu recentemente seu negócio mundial de turbinas de energia a gás e compressores para a Siemens, disse que a unidade foi construída, no Rio de Janeiro, pensando no longo prazo. Apesar da venda da divisão, a comunicação sobre o projeto ainda está a cargo da britânica.

O contrato da Rolls-Royce com a Petrobras é de 650 milhões de dólares, para o fornecimento de turbomáquinas para as mesmas oito plataformas do contrato da Dresser-Rand.

"Se cai a demanda da Petrobras, é possível remanejar a unidade para outras máquinas", afirmou a assessoria de imprensa por telefone.

A preocupação desse setor de equipamentos ocorre em um momento em que os afretamentos pela Petrobras estão frequentes.

No ano passado, a Petrobras afretou três plataformas, com início da operação prevista para 2016, no pré-sal de Santos.

Já neste ano foram iniciados processos competitivos para o afretamento de mais duas plataformas. Para entrega em 2018, o atual plano de negócios da empresa ainda prevê a contratação de mais seis unidades e a empresa disse ainda não ter definido se serão afretadas.

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